FOTO: DIVULGAÇÃO/CONMEBOL
“Grandes clubes há vários; diferenciado, há apenas um. O espírito em sincronia de uma multidão dá a estas cores a dimensão diferenciada que ela tem. O povo, rico ou pobre, preto ou branco, religioso ou ateu, carioca ou não, dá vida própria a estas cores. Dá-lhe alma. Dá-lhe espírito. Como afirmou Ruy Castro em sua obra O vermelho e o negro, “O Flamengo é o cimento que dá coesão nacional, do Oiapoque ao Chuí.” Suas cores materializam e encarnam a máxima de Nélson Rodrigues de que o futebol, e só ele, faz com que um sujeito perca qualquer sentimento de sua própria identidade e torne-se também multidão”, trecho do livro 1981 – o ano rubro-negro, de Eduardo Monsanto, na página 267.
Quando Victor Merello, meia do Cobreloa, ajeitou a bola e se preparou para bater aquela falta, olhei atento a TV, abracei meu tio Baiano (apelido de José Cláudio) e virei o rosto para não ver a cobrança.
Não adiantou muito, pois Leandro tentou desviar de cabeça o chute forte do camisa 8 e acabou enganando o velho Raul.
Gol aos 39 minutos do segundo tempo e o presságio vivo até hoje de Luciano do Valle narrando não sai da minha cabeça.
Era 20 de novembro de 1981, no Estádio Nacional de Santiago, no Chile.
Noite triste para mim, que garoto de 7 para 8 anos, vi alguns jogos daquela campanha do time de Zico & Cia em Nova Friburgo, onde nasci e costumava passar férias escolares.
Três dias depois, o Galinho de Quintino por duas vezes garantiu em Montevidéu, o título.
Todavia, Raul; Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico, formaram por 38 anos uma fábula tão bem contada para minha infância como foram os livros “O Meu Pé de Laranja Lima” (1968), de José Mauro de Vasconcelos, “Uma Ideia Toda Azul” (1979), de Marina Colasanti e “Bisa Bia, Bisa Bel” (1981), de Ana Maria Machado.
Já a natureza do termo “Flamengo de 81”, costumeiramente utilizado para se referir ao maior time da história do clube, tornou-se algo messiânico à medida que a torcida foi se multiplicando e gerações vindo e ouvindo de pais, tios e avós, os feitos desse Flamengo em 21 dias, que venceu a Libertadores, o Campeonato Carioca e o Mundial.
Mas os onze, juntos, só entraram em campo em quatro oportunidades: três vezes em 1981, nos 5 a 1 no Volta Redonda em novembro de 1981, na derrota por 2 a 0 para o Vasco de Roberto Dinamite, no mesmo mês, nos 3 a 0 no Liverpool em dezembro e nos 3 a 2 no São Paulo em fevereiro de 1982.
Hoje, 23 de novembro de 2019, 38 anos depois, aquele menino tem 45 anos, se transformou em um artista plástico, jornalista, marido de Raquel e pai de Gabrielle, enquanto o Baiano de 58, é pai de Maicon, avô de Manoela e mora em São Gonçalo com sua irmã Nelcina (minha mãe) e o Flamengo.
Ah, o Flamengo… a equipe carioca que vem de um ano ma-ra-vi-lho-so, com Diego Alves; Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís; Willian Arão, Gerson, Everton Ribeiro e Arrascaeta; Bruno Henrique e Gabriel Barbosa, por mais que esteja na memória do torcedor, ela irá a campo junta pela sexta vez e já ultrapassou o esquedrão de Zico & Cia.
Vejamos: Flamengo 3 a 0 sobre o Palmeiras pelo Campeonato Brasileiro), 1 a 0 no Santos, o 3 a 1 contra o Internacional, os dois enfrentamentos contra o Grêmio na Libertadores no empate em 1 a 1 e a goleada de 5 a 0 e mais um recorde quebrado.
Outro feito que poderá ser realizado pelo Flamengo e está perto de acontecer é igualar o Santos de Pelé, que foi o único clube que levou no mesmo ano, o Campeonato Brasileiro (naquela época, o torneio nacional era chamado de Taça Brasil), Libertadores e Mundial.
Caso leve para casa a Taça da Libertadores e do Campeonato Brasileiro, o Rubro-Negro será apenas o segundo time a alcançar esses dois canecos num mesmo ano.
Passados 38 anos, muitas coisas mudaram e o Mais Querido foi rejunevecido e apesar de ter passado 38 anos, o tempo foi um santo remédio para todo torcedor que esperar mais tarde gritar: “éééééééé campeeeãããããoooo!!!
Assim, a Nação aguarda ansiosamente.
Por: Marcos Vinicius
Twitter: @ViniciusCharges
Aqui, expresso minha opinião, e você leitor, tem todo o direito de discordar. Comente, critique sem ofender ou elogie se merecer, mas não deixe de participar.