Do Ninho ao Maracanã: qualidade do gramado gera discussão interna em cenário de poucas soluções

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FOTO: DIVULGAÇÃO / MARACANÃ

Por: Letícia Marques e Higor Neves 

Detentor da atual concessão do Maracanã, ao lado do Fluminense, o Flamengo tem vivido um verdadeiro contraste de realidade no estádio. Enquanto no CT Ninho do Urubu a equipe encontra as melhores condições para atividades, o cenário no palco dos jogos é diferente. Um fato curioso é que a GreenLeaf é a empresa responsável por cuidar do gramado em ambos.


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Alvo de constantes críticas, o gramado do Maracanã voltou a ficar em evidência por conta das más condições. A pauta foi retomada pelo técnico Renato Gaúcho, após o triunfo por 5 a 1 sobre o São Paulo. Apesar disso, o descontentamento não parte apenas do treinador. Internamente, também são reincidentes as reclamações dos jogadores do Flamengo. Por vezes, os atletas tornaram a crítica pública, como aconteceu inúmeras vezes na figura de Diego Ribas.

Pelo lado do Flamengo, um fato que gera estranheza é que, no Ninho do Urubu, onde há um maior volume de atividades, por conta dos treinos diários, a grama sempre apresenta melhores condições do que no Maracanã. Internamente, parte da diretoria do Rubro-Negro atribui as melhores condições devido à cobrança diária de quem está no dia-a-dia do CT, além da presença rotineira dos dirigentes. No Maracanã, por sua vez, a cobrança se torna mais difícil, afinal, a presença de pessoas ligadas ao Fla é menos constante, se restringindo aos dias dos jogos.

Gramado do Maracanã sendo tratado para a realização de partidas. (FOTO: DIVULGAÇÃO/MARACANÃ)

Vale destacar que, recentemente, o Maracanã foi tratado para a final da Copa América. Uma ‘força-tarefa’ foi montada para a realização da decisão, o que gerou 17 dias sem nenhum jogo no local. A Gestão Maracanã, por meio da Greenleaf, foi responsável pela troca do gramado antes de entregar o estádio para a Conmebol. Antes disso, em janeiro, na final da Libertadores 2020, houve um processo parecido. Nas duas ocasiões, o estado do gramado estava melhor e recebeu elogios.

RECLAMAÇÕES NÃO SÃO NOVIDADE

O gramado do Maracanã já sofria críticas antes mesmo de o Flamengo assumir a gestão. Puxando de 2019 para os dias atuais, a maior parte os treinadores que comandaram o Mais Querido reclamaram da situação em algum momento, a exceção foi Abel Braga.

  • Jorge Jesus, em 11 de março de 2020, após Flamengo 3 x 0 Barcelona de Guayaquil:

“Este gramado do Maracanã não propicia nada ao time que tem qualidade técnica de jogo. Não favorece em nada os jogadores do Flamengo. Por isso, não jogamos como queremos em termos de velocidade. O gramado não tem qualidade. Mas não podemos criticar muito quem cuida. Joga Flamengo, Fluminense, Vasco… Não há gramado que resista. Não podem jogar três equipes em um gramado, nem duas.”

Conhecido pelo perfeccionismo, Jorge Jesus tinha constante ‘dor de cabeça’ com o gramado do estádio. (FOTO: DIVULGAÇÃO / FLAMENGO)

  • Domènec Torrent, em 07 de outubro de 2020, após Flamengo 3 x 0 Sport:

“Eu não quero dar desculpas, mas nos primeiros jogos não podíamos jogar com a bola rápida, o gramado estava seco, estava ruim.”

  • Rogério Ceni, em 30 de maio de 2021, após Flamengo 1 x 0 Palmeiras:

“Deu uma piorada grande. A situação começa a ficar difícil, pois a bola quica demais. O gramado, além de cheio de buraco, não estava molhado. Não sei o motivo, mas ainda bem que choveu.”

  •  Renato Gaúcho, em 24 de julho de 2021, após Flamengo 5 x 1 São Paulo:

“É uma coisa chata de se falar. Os adversários também gostam de campo bom. E ai, você entra em campo que você precisa ter o gramado sem condições de praticar um bom futebol. As pessoas precisam tomar providências. Falar de gramado é chover no molhado. É difícil. Eu fico triste porque o Flamengo sai prejudicado.”

POSICIONAMENTO DOS RESPONSÁVEIS

A reportagem do Coluna do Fla contatou os responsáveis pela GreenLeaf. Segundo a empresa, as comparações entre o gramado do CT Ninho do Urubu e do Maracanã, de fato, já foi pauta por parte dos dirigentes do Flamengo. No entanto, ponderou que há vários pontos que impedem tal comparação. O processo construtivo, através da drenagem, irrigação, variedade de grama e tipo de solo e cobertura, são os principais influenciadores. Além da intensidade de uso e, principalmente, o tempo de repouso e recuperação.

Segundo a empresa, os treinos realizados no CT são mais leves e não possuem a mesma intensidade de uma partida de futebol realizada no Maracanã. Além de 90 minutos do tempo regulamentar, são cerca de 40 minutos de aquecimento forte. Sendo assim, o dano de um centro de treinamento será sempre menor do que o estádio.

Elogiado pela estrutura oferecida, os campos do Ninho do Urubu possuem grama a nível de estádios europeus. (FOTO: REPRODUÇÃO / FLA TV)

Ainda de acordo com a GreenLeaf, no Maracanã, o principal fator prejudicial ao gramado do Maracanã é em relação ao tempo de manutenção. A empresa fica a mercê do calendário do futebol brasileiro, juntamente com as datas da Conmebol. Em 2020, por exemplo, são partidas do Flamengo, do Fluminense, por três competições diferentes.

Com isso, devido ao apertado calendário do futebol brasileiro, não há o respaldo necessário para a recuperação do gramado. Por exemplo, no CT Ninho do Urubu, por ter três campos, há a possibilidade de revezamento, ou seja, a empresa consegue parar o campo pelo tempo necessário para as atividades de manutenção do gramado. No Maracanã, por sua vez, são, no máximo, 12 dias livres em uma temporada.

Por fim, a empresa destacou o trabalho em conjunto com a Gestão Maracanã e com o Flamengo para definir a melhor opções para o gramado. Segundo a Greenleaf, o estádio recebe mais que o dobro de partidas no ano do que qualquer estádio da Europa, por exemplo. Sendo assim, uma das principais opções é o gramado híbrido, previsto para o início de 2022.

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