Quem é Rodrigo Dunshee?
Rodrigo Villaça Dunshee de Abranches, conhecido como Rodrigo Dunshee, é advogado, tem 59 anos, é casado e pai. É filho de Antonio Augusto Dunshee de Abranches, ex-presidente do Flamengo. Na presidência do Flamengo, seu pai foi conhecido pela conquista do Mundial de 1981, mas também pela polêmica venda de Zico. Ele também é irmão de Luciana Villaça Dunshee de Abranches, candidata derrotada a vice-geral do clube na mesma eleição que elegeu Márcio Braga para o seu último mandato em 2006.
Rodrigo Dunshee no Flamengo
Rodrigo Dunshee começou a se destacar como dirigente do Flamengo no final dos anos 1990, quando, em 7 de dezembro de 1998, foi eleito vice-presidente geral na gestão de Edmundo Santos Silva, recebendo 1.293 votos e superando Márcio Braga, que obteve 1.095.
Em abril de 1999, nos primeiros meses do mandato de Edmundo Santos Silva, Dunshee rompeu com o presidente devido às cláusulas do acordo entre o Flamengo e a ISL. Na época, declarou ao jornal O Globo: “Do jeito que está, só passa se for por cima do meu cadáver.”
Só voltou a ocupar cargos de relevância no clube em 2012, quando foi eleito vice-presidente do Conselho Deliberativo na gestão de Delair Dumbrosck. Com 287 votos, superaram Gilberto Cardoso Filho, que recebeu 238. Em março de 2015, após a renúncia de Delair ao cargo de presidente do Conselho Deliberativo, Dunshee assumiu a posição. Em seguida, foi reeleito em dezembro do mesmo ano, com 454 votos, contra 132 de Lysias Itapicurú.
Recebendo a negativa de que não seria o candidato da “Chapa Azul” de Bandeira de Mello, que optou por Ricardo Lomba, Dunshee aliou-se a Rodolfo Landim em 2018 e foi escolhido como vice-presidente geral da UniFla. Ele também foi nomeado vice-presidente jurídico. O acordo inicial previa que seria o candidato à presidência em 2021. Porém, isso não ocorreu, já que Landim decidiu concorrer à reeleição, mantendo Rodrigo como seu vice.
Principais feitos nos dois triênios de Rodolfo Landim (2019-2024)
Rodrigo Dunshee destacou-se principalmente em sua área de atuação profissional, o direito. Dessa forma, teve um papel crucial na obtenção das licenças e autorizações necessárias para a regularização do Centro de Treinamento George Helal, o Ninho do Urubu, após a tragédia de 8 de fevereiro de 2019, que vitimou 10 jovens atletas.
Além disso, também deu continuidade ao processo de reestruturação do Flamengo iniciado em 2013, durante a gestão de Eduardo Bandeira de Mello, mantendo o foco na quitação de acordos judiciais trabalhistas. De acordo com informações divulgadas em seu site de campanha, aproximadamente R$ 27 milhões foram pagos entre 2019 e maio de 2024.
Outra conquista significativa do jurídico liderado por Dunshee foi o acordo com o Banco Central (BACEN) relacionado a irregularidades em negociações de atletas ocorridas entre 1993 e 1998. A disputa, que já se arrastava por vários anos, poderia resultar em uma multa de R$ 135 milhões. No entanto, o Flamengo conseguiu negociar uma redução expressiva, fechando o valor em R$ 25 milhões.
Rodrigo Dunshee: perfil e personalidade
Com mais de 20 anos de atuação nos bastidores do Flamengo, Rodrigo Dunshee possui bom trânsito entre diversas figuras e correntes políticas do clube. Em 2018, desempenhou um papel fundamental na formação de alianças para a UniFla. Um dos apoios conquistados foi o da ex-presidente Patrícia Amorim. Após a vitória da Chapa Roxa, chegaram a cogitar Patrícia para assumir a vice-presidência de Esportes Olímpicos. Contudo, diante da repercussão negativa, Rodolfo Landim decidiu recuar da nomeação.
Rodrigo é conhecido por não reagir bem a contestações. Quando contrariado, costuma direcionar seus esforços contra quem o desafia, tratando a pessoa como inimiga. Essa postura ficou evidente em 1999, quando rompeu com Edmundo Santos Silva apenas três meses após vencerem a eleição juntos. Então Dunshee trabalhou incansavelmente até conseguir o impeachment de Edmundo em 2002, já no segundo mandato.
Outro exemplo ocorreu em 2018, quando rompeu com Eduardo Bandeira de Mello após não ser escolhido como candidato da “Chapa Azul”. Deixando de lado o discurso conciliador que defendia anteriormente, já como candidato em outubro daquele ano, utilizou sua posição na presidência do Conselho Deliberativo para abrir uma comissão de inquérito sobre a venda de Lucas Paquetá ao Milan.
— A transação do Paquetá tem características fora do padrão que chamam atenção. A janela só abre em janeiro, mas a venda está sendo feita no meio do campeonato. Do preço total, 30% vão para uma empresa. É grave o fato de a venda ser feita por valor muito abaixo da multa. Eu, como presidente do Conselho Deliberativo, não posso ter outra atitude que não seja apurar essa negociação. Será aberto um inquérito para estudar o que aconteceu. Acho muito estranho, acho que tem outros interesses —, disse em entrevista ao Globo Esporte.
É importante destacar que o dinheiro da venda de Lucas Paquetá se destinou à gestão de Rodolfo Landim, servindo para ajudar a montar a histórica equipe que conquistou o Campeonato Brasileiro e a Libertadores em 2019. Eduardo Bandeira de Mello, no entanto, enfrentou intensa perseguição nos anos seguintes, liderada pelo então vice-presidente geral, Rodrigo Dunshee.
Essa postura também se repetiu em relação a outros associados que ousaram questionar a forma como o clube lidou com a pandemia ou apontaram possíveis transgressões ao estatuto cometidas pela diretoria. Até mesmo sócios que manifestaram descontentamento contra Dunshee e Landim durante jogos do Flamengo foram alvo de perseguições em seguida.
Algumas polêmicas do Rodrigo Dunshee
Rodrigo Dunshee foi o responsável por conduzir as negociações com os familiares das vítimas da tragédia no Ninho do Urubu. Durante o processo, o departamento jurídico recuou em diversas ocasiões e tentou evitar o pagamento da pensão de R$ 10 mil às famílias. Acusado de falta de sensibilidade por parte dos familiares, Dunshee chegou a abandonar uma coletiva de imprensa sobre o caso na sede do Ministério Público do Rio de Janeiro. E chegou a pedir celeridade em uma reunião, justificando que tinha outro compromisso em 15 minutos.
Criação de empresa nos Estados Unidos
Em parceria com Rodrigo Tostes, então vice de finanças, criou uma empresa nos Estados Unidos, sem autorização do Conselho Deliberativo e de forma sigilosa, registrada em nome dos dois e do Flamengo. A justificativa na época foi que o clube planejava abrir um time em Las Vegas. No entanto, os motivos para a criação da empresa sem as autorizações necessárias nunca teve a devida explicação.
Implementação do código de ética e conduta
Em 2020, Rodrigo implementou um código de ética e conduta, além de um regimento interno para as embaixadas e consulados do Flamengo. O regimento proíbe qualquer crítica a jogadores, funcionários ou dirigentes nas redes sociais. No capítulo III do documento, consta: “É vedado participar de polêmica ou crítica envolvendo o nome do FLAMENGO, dos jogadores, patrocinadores e seus superiores hierárquicos ou funcionários do clube”.
Já no capítulo V, Art. 8º, do mesmo documento, diz: “Fica terminantemente proibido, para qualquer EMBAIXADA ou CONSULADO”: “Ter qualquer tipo de confronto ou publicação agressiva, desrespeitosa ou irônica em redes sociais que denigram a imagem do Clube de Regatas do Flamengo ou de membros da gestão”. E no código de conduta, nos princípios e diretrizes: “É vedado o constrangimento e atrito com os dirigentes do CRF e membros das embaixadas/consulados”.
Polêmica na eleição de 2021
Na eleição de 2021, durante a apelação contra o voto à distância, a liminar obtida por Walter Monteiro, então candidato à presidência, alegava que a vida social e política do Flamengo se “limita à capital fluminense”. A liminar também insinuava que a candidatura de Walter não era séria, pelo fato de ele não residir no Rio de Janeiro, o que foi amplamente considerado conservador e preconceituoso.
Caso Guilherme Kroll
Guilherme Kroll, ex-vice-presidente de Esportes Olímpicos, também acusou Dunshee de perseguição desde o primeiro dia de sua gestão no cargo. Kroll afirmou que Dunshee articulou sua exoneração da vice-presidência para atender aos interesses de Patrícia Amorim.
Caso Roberto Dodien
Em maio de 2023, um perfil fake no X (antigo Twitter), denominado Roberto Dodien – com as mesmas iniciais do candidato –, publicou um texto idêntico ao compartilhado no perfil de Dunshee. Uma análise da conta revelou uma série de ataques e acusações direcionados a Eduardo Bandeira de Mello, Walter Monteiro, Arthur Butter, membros do Supremo Tribunal Federal e até a Bap, então seu aliado na direção do Flamengo.
Em julho do mesmo ano, Eduardo Bandeira de Mello apresentou à Justiça a informação de que o IP utilizado para criar o perfil em 21 de julho de 2021 era de uma academia da Zona Sul do Rio de Janeiro. Coincidentemente, Rodrigo Dunshee é frequentador do local, que aliás esteve na academia na mesma data. Em sua defesa, Dunshee solicitou o encerramento da investigação, argumentando que seria impossível identificar o verdadeiro autor do perfil.
Em outra ação, de Walter Monteiro, o X recebeu uma intimação a fornecer os dados de e-mail e telefone vinculados à conta “Roberto Dodien”. O prazo para cumprimento é de dez dias úteis.
Candidato a vice-presidente e demais membros da chapa
Dunshee chegou a cogitar o nome de Gony Arruda, o atual vice-presidente de Relações Externas, como candidato a vice-presidente geral, mas a escolha foi por Marcos Bodin. Bodin, que foi diretor de Patrimônio e atualmente ocupa o cargo de vice-presidente da pasta, tem uma trajetória no mercado financeiro. Atuou como conselheiro da Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados (CETIP). Ele é proprietário da MB Corretoras de Futuros, fundador da corretora Arkhe CTVM, e atualmente trabalha no segmento através da QR Capital.
Bodin está diretamente envolvido no projeto de construção do estádio próprio do Flamengo no Gasômetro. E, além disso, é primo do atual presidente do clube, Rodolfo Landim.
Juliane Mussacchio e Rodrigo Gama, filho do Maestro Junior, são os candidatos à presidência e vice-presidência da Assembleia Geral, respectivamente.
Bandeiras da sua candidatura, principais propostas e apoios
A campanha de Rodrigo Dunshee prega essencialmente a continuidade da gestão de Rodolfo Landim. Tanto que escolheu o atual presidente para ser o CEO, com a missão de seguir à frente do clube. Os títulos conquistados no futebol e em outras modalidades também se destacam como pontos fortes da candidatura.
No futebol, a promessa é de poucas mudanças: a contratação de um diretor técnico com perfil boleiro para atuar como ponte entre atletas e comissão técnica. Além disso, haverá uma menor participação do vice-presidente no dia a dia do clube.
A construção de um estádio próprio também é um dos grandes pilares da campanha. Colocando-se como a única chapa a favor dessa iniciativa, Rodrigo Dunshee promete não utilizar a receita do clube para a obra. As receitas previstas para a construção virão de várias fontes: Naming Rights, o Potencial Construtivo da Gávea, venda de mil cadeiras perpétuas, venda de cinco mil cadeiras com prazo determinado e a comercialização de 28 camarotes por cinco anos. Além disso, a campanha contará com o apoio da torcida por meio do programa Sócio-Estádio e com outras ações digitais de colaboração. A previsão para o início das obras é maio de 2026, com inauguração marcada para 15 de novembro de 2029.
Rodrigo Dunshee conta com o apoio de nove grupos políticos: Fla+, Nosso Fla, Mais Rubro-Negro, Flamengo Raiz, Sinergia Rubro-Negra, União Rubro-Negra, Vanguarda Rubro-Negra, Fla Esportes e DNA Rubro-Negro. Também recebe o apoio de ex-presidentes como Delair Dumbrosck e Patrícia Amorim, do ex-candidato à presidência José Carlos Peruano, de Michel Levy, ex-vice-presidente de finanças, dos já anunciados futuros vice-presidentes em caso de vitória, como o presidente da OAB, Luciano Bandeira, e Adolpho Konder, além dos eternos ídolos Mozer, Nunes e Leandro.
Eleição do Flamengo
A eleição do Flamengo está marcada para o dia 9 de dezembro, com a votação sendo realizada por urna eletrônica, das 08h às 21h (horário de Brasília), na sede da Gávea. Aproximadamente seis mil sócios estão aptos a participar do pleito. Rodrigo Dunshee é um dos favoritos e concorre com Luiz Eduardo Baptista, o Bap, e Maurício Gomes de Mattos.
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