O Flamengo que jamais teve uma atuação convincente na Libertadores, que foi dominado em parte significativa dos seis jogos que disputou, termina a competição com apenas duas vitórias num grupo com um rival boliviano, um equatoriano e um mexicano. Como não poderia deixar de ser, termina eliminado.
O Maracanã assistiu a uma síntese da campanha rubro-negra. O time foi dominado pelo León, superado taticamente, como aconteceu em quase todas as suas partidas contra rivais qualificados em 2014. Não perdeu por 3 a 2 por acaso. O acaso, aliás, o fez não perder por mais gols. O predomínio mexicano foi amplo. Houve momentos em que a expressão nó tático esteve longe de ser exagero.
A rigor, a fase de grupos da Libertadores, não importa quantos brasileiros se classifiquem, escancara a dificuldade que os clubes nacionais, com elencos mais caros, orçamentos brutalmente maiores e estruturas bem melhores, tiveram no choque contra os rivais do continente. Taticamente, nossos times tomaram alguns bailes.
Não é simples explicar por que o Flamengo não foi para o intervalo perdendo o jogo. Pelo menos por 30 minutos, levou um constrangedor nó tático do time mexicano. Compactação, trocas de posições, triangulações e passes corretos que permitiam sair, com a bola no chão, de um extremo do campo a outro, eram executados pelo León. Nunca pelo Flamengo. O rubro-negro, ao contrário, vivia de esforços individuais, correria. E dos raros momentos em que acertou a marcação na saída de bola do León. Aliás, se tivesse usado mais vezes tal expediente, poderia até ter terminado o primeiro tempo ganhando. Porque o veterano Rafa Márquez e o inábil Ivan González formavam uma dupla de zaga fragílima. Por trás deles, o goleiro Yarbrough era sujeito a chuvas e trovoadas.
O que o Flamengo tinha a seu lado? Algumas individualidades e a impressionante força de sua gente. Uma torcida que, mesmo na dificuldade, apoiou. Eram mais de 60 mil. E o início de jogo até trouxe sinais positivos. Na primeira vez que pressionou os defensores do León, o Flamengo recuperou uma bola que terminou em chute perigoso de Alecsandro, aos cinco minutos.
A partir daí, surgiram várias questões. Por que Elano foi escalado? Após inatividade de razoável duração, entrou em campo e sentiu problema muscular aos 11 minutos. Tinha real condição de atuar? Aparentemente, não.
Em seguida, a torcida que lotava o Maracanã poderia se perguntar por que o Flamengo não era capaz de conter as envolventes tabelas do León. Ou, até, de fazer ele próprio jogadas deste tipo. Porque o time de Jayme de Almeida era muito menos organizado no campo. Como fora menos organizado na maioria dos jogos difíceis que teve neste ano até aqui.
Foi trocando passes que, aos 21, o León conseguiu uma falta ao lado da área. Após a cobrança, Arizala ganhou de André Santos e abriu o placar, de cabeça. Aos 24, após uma tabela, quase Elias Hernández finaliza de frente para Felipe. Aos 27, o goleiro salvou após chute de Boselli.
Atônito por alguns instantes, o Maracanã apoiou. E a sorte ajudou. Aos 29, Leonardo Moura bateu falta, o goleiro saiu mal e ofereceu o gol a André Santos. Mas logo viria outra ducha fria. Um cruzamento da esquerda encontrou Boselli que, entre Samir e André Santos, cabeceou e recolocou o León na frente. No momento mais crítico do jogo, o Flamengo achou outro gol. Paulinho fez boa jogada para Éverton cruzar, e Alecsandro finalizar mal, mas a bola desviou em Ivan Gonzalez e enganou o goleiro Yarbrough.
O Flamengo melhorou e voltou pressionando no segundo tempo. Em seis minutos, Gabriel de cabeça e Paulinho, em bom chute de curva, quase desempataram. No entanto, com o passar do tempo, a verdade do jogo foi restabelecida. Um León mais organizado, ficava mais com a bola e atacava mais. Como se ele precisasse vencer. Ao Flamengo, restavam contra-ataques. E, quem diria, o goleiro Felipe virou personagem chave. Aos 13, pegou um chute de Montes e, no rebote, a cabeçada de Boselli. Aos 23, ficou diante de Elias Hernández e defendeu.
Para piorar, o Flamengo era fisicamente um time irremediavelmente deficiente a esta altura. No desespero, Jayme, que jamais organizou o time melhor do que o rival, tirou o extenuado André Santos e colocou Negueba. Dez minutos depois, aos 36, trocou Paulinho por Nixon. O time nunca teve ordem. O León sim, sabia o que queria. Aos 38, repetiu algo que fizera por todo o jogo. Trocou passes até chegar à área rival. Elias Hernández dividiu com Éverton e a bola sobrou para Peña fazer o gol fatal: 3 a 2. Fim de Libertadores. Inapelável.
Fonte: Blog do Mansur