Pela primeira vez na história, o estádio mais tradicional de São Paulo será o palco do clássico mais importante do Brasil. Flamengo e Fluminense vão jogar dia 20 de março no Pacaembu. E valendo pela Taça Guanabara.
Uma insanidade? Irresponsabilidade para um estado que tem o Maracanã e o Engenhão? Oportunismo barato das duas diretorias? Cada clube pensando apenas nos R$ 600 mil livres que terão direito? Enfraquecimento da Federação Carioca de Futebol? Desrespeito total ao torcedor carioca? Perda de importância dos Estaduais?
Uma mistura de cada elemento. Para o público paulista será sensacional. Ter um clássico dessa magnitude no seu quintal. Os flamenguistas e tricolores que moram na cidade terão oportunidade única, rara.
Para a Federação Paulista de Futebol, demonstração de força. O presidente Reinaldo Carneiro Bastos oferece o Pacaembu, estádio que comporta de maneira digna qualquer partida. E ainda abre mão das duas arenas das mais modernas do mundo. A do Palmeiras e do Corinthians. É um tapa de pelica em Rubens Lopes e em Izamilton Gois.
Mas para o Rio de Janeiro é algo que faz Nelson Rodrigues se virar no túmulo. Ele e seu irmão Mario Filho, jornalista esportivo importantíssimo, que ganhou o nome do Maracanã. E também batizou o jogo com as duas sílabas que explicam tudo: Fla-Flu.
Os cariocas já se privaram desse confronto. Viram ele indo de mala e cuia para Brasília. Levado pelo dinheiro. Pela enganação do Maracanã liberado, em fevereiro, para as Olimpíadas de agosto. Nem se o estádio fosse erguido novamente. E a desculpa dos Rolling Stones não convence nem a Velha de Taubaté. O governo carioca quer se livrar do consórcio que administra o estádio. E o consórcio quer ficar livre da arena mais tradicional do mundo.
Esta foi a primeira vez que o Fla-Flu pelo Carioca foi fora do Rio de Janeiro. As 16 vezes anteriores foram em torneios. No Pacaembu, por exemplo, o clássico esteve na sua primeira e, até então, única vez foi em 12 de março de 1942. Valia pelo Torneio Quinela de Ouro, disputado entre os dois cariocas, mais Corinthians, São Paulo e Palestra Itália, que viria a se tornar Palmeiras por causa da Segunda Guerra Mundial.
Tirando esses aspectos históricos, fica a constatação.
Como é leviana a organização do futebol brasileiro.
2016 começou com algo que seria motivo de piada em qualquer lugar do mundo. Grêmio e Internacional jogaram valendo pelo Campeonato Gaúcho e pela Primeira Liga. Uma mistura inconsequente. Uma competição não tem nada a ver com a outra. Mas o Grenal do domingo passado valeu seis pontos, na prática.
Na quarta-feira, o Bahia jogou duas vezes. Às 19h30, na Fonte Nova, em Salvador, goleou o Galícia por 4 a 0, pelo Campeonato Baiano. E às 21h45, estava em Petrolina, derrotando o Juazeirense, pela Copa do Nordeste. De virada, por 2 a 1.
Sim, para aceitar um amistoso nos Estados Unidos, contra o Orlando City, a direção do Bahia se sujeitou a esse absurdo. Colocar o time para atuar duas vezes no mesmo dia. O time foi goleado por 6 a 1 nos Estados Unidos. E perdeu para o bom senso na quarta-feira.
A CBF e as Federações têm uma primeira obrigação na sua existência. Organizar os campeonatos de futebol neste país. Mas já deixaram claro que nem isso conseguem. Por mais que se sujeitem à grade de programação da TV Globo, as entidades dão demonstração de incompetência revoltante.
Resta só os grandes clubes saírem de sua letargia.
E cuidarem da própria vida.
Do seu destino.
E fundarem uma Liga nacional.
Organizarem calendário que seja racional.
Onde disputem partidas lucrativas e que interessem.
Possam fazer pré-temporadas de verdade.
E disputar torneios significativos na Europa.
Tereza Herrera, Ramon de Carranza, Audi Cup…
Para isso será preciso coragem.
Colocar a CBF para cuidar da Seleção Brasileira e só.
As Federações organizando campeonatos para os times pequenos.
Reservar a Copa do Brasil para que os humildes enfrentem os gigantes.
Como acontece em todo mundo civilizado.
Os grandes com capacidade de conquistas importantes disputariam o Brasileiro.
Nada desses insignificantes e vulgarizados estaduais.
E a mudança mais do que obrigatória.
Adotar o calendário europeu.
Porque eles não vão adotar o Brasileiro.
Se os clubes daqui querem intercâmbio e mais dinheiro, a mudança é obrigatória.
Enquanto nada disso acontece, a mediocridade impera.
O improviso.
Por esmolas se compra a dignidade.
O futebol brasileiro se ridiculariza a cada ano.
Não se leva a sério.
E os executivos de tevê se perguntam sobre a queda da audiência.
Os dirigentes sobre o público ridículo dos Estaduais.
39% dos jogos do Campeonato Paulista de 2016 dão prejuízo.
Ou seja, os clubes pagam para jogar.
Em 2015, 70% dos jogos do Carioca foram deficitários.
Até quando?
O Pacaembu estará lotado dia 20 de março.
Mas enquanto os paulistas se deleitam…
Os cariocas assistem o clássico dos clássicos pela televisão.
Nem o anjo pornográfico Nelson Rodrigues imaginaria essa traição.
Flamengo e Fluminense, os Irmãos Karamázov cariocas no Pacaembu.
No mais paulista dos estádios.
Valendo pela Taça Guanabara.
Mas esta é vida como ela é…
Fonte: Cosme Rimoli
quando vc falou de uma liga apoio total, mas o jogo a ferj vai morder os 10% dela nunca vai deixar de receber.
Imprensa vadia, esculhambam o futebol do RJ por fazer clássicos fora do estado, mas não ressaltam o real motivo disto: RJ a primeira cidade sede de uma olimpíada na America do Sul, em q nem são Paulo a maior metrópole conseguiu. Fla-flu fora do Rio, orgulho da cidade maravilhosa, chupa paulistada recalcada.