Foram 23 jogos, nove gols, nenhum título conquistado, o anúncio de ‘melhor ataque do mundo’ que nunca se sustentou e confusão de sobra. O projeto construído pelo Flamengo para tirar Edmundo do Palmeiras e colocá-lo ao lado de Romário e Sávio no ano de seu centenário naufragou em campo e cobrou a sua conta: em reunião de seu Conselho Deliberativo, nesta quinta-feira, foi aprovado o pagamento de R$ 61,5 milhões ao Grupo Multiplan, do Consórcio Plaza.
A empresa foi responsável por empréstimo de R$ 6 milhões ao clube, em 1996, durante a gestão Kleber Leite, que serviu para a contratação de Edmundo e acabou não sendo reconhecida posteriormente por outras diretorias.
Na Justiça, após derrotas sucessivas, o valor chegou a mais de R$ 90 milhões. Em perícia realizada pelo próprio rubro-negro carioca, concluiu-se que ele ficaria em torno de R$ 80 milhões.
Diante do custo-benefício do negócio, é feita a comparação a Alexandre Pato pelo prejuízo da transação envolvendo o atacante ao Corinthians.
“Do ponto de vista jurídico, não havia nada que impedisse o acordo. A mesma versão é compartilhada pelo departamento financeiro e de futebol. Diante do cenário que se apresentava ao clube, ele se mostrava vantajoso”, analisa o vice-presidente jurídico do Fla, Flávio Willeman, ao ESPN.com.br.
“Nos cálculos do consórcio, tinha como controvérsia o valor de R$ 95 milhões e aí forçou-se perícia no processo, mesmo depois do julgamento em 2ª instância. Então, se adotassem os padrões do contrato, chegaria a cerca de R$ 80 milhões”, prossegue.
O acordo com o Consórcio Plaza foi aprovado nesta quinta-feira com ressalva de não confissão de dívida.
Ao todo, o Flamengo desembosará R$ 10 milhões à vista, parcelará R$ 7,5 milhões e liberará mais R$ 44 milhões que se encontravam penhorados na Justiça, provenientes de cotas de TV e até mesmo patrocínios (BMG, Adidas e Peugeot, dentre outros).
“Vou te dizer: não vou fazer essa comparação (com o Pato). Não estava aqui na época que foi adquirido (o Edmundo). O fato é que R$ 95 milhões foi objeto de acordo por R$ 60 milhões em virtude de ações de gestões anteriores. O Flamengo é um só e temos que honrar esses compromissos. E é isso que estamos fazendo”, afirma Willeman.
Existe a chance de cobrança aos responsáveis pela dívida.
“Esse assunto é prematuro dizer se sim ou não. A orientação é de que deve ser estudado seriamente”, finaliza.
Em seu acordo inicial com o Consórcio Plaza, o Flamengo conseguiu empréstimo de R$ 6 milhões e arrendaria a Gávea por 25 anos para a construção de um shopping. O estabelecimento foi vetado pelo Governo após revelação de suborno na Câmara, o dinheiro foi usado na contratação de Edmundo e o caso passou a ser contestado na Justiça.
Fonte: ESPN