A disputa jurídica entre Jhennifer Conceição e o Flamengo ganhou mais um capítulo na noite desta sexta-feira. Na véspera do dia em que a atleta vai entrar na água para nadar os 100m peito no Troféu Maria Lenk, o Pinheiros obteve uma liminar na 23ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para que a nadadora de 19 anos represente o clube na competição. A decisão emitida pela juíza Rita de Cassia Mello Reis suspende a liminar obtida pelo Flamengo junto ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) da natação, a qual restabelece o vínculo que ela tem com o Rubro-Negro até o fim de 2016.
– Essa liminar está oferecendo a ela a oportunidade de disputar a competição pelo Pinheiros. Se futuramente a Justiça entender que ela não deveria ter competido pelo Pinheiros, o Flamengo terá direito a ser ressarcido financeiramente. Diante dessa liminar, ela vai nadar com a touca do Pinheiros – comentou o advogado da atleta, Thiago Cardoso Domingues dos Santos.
Por causa do imbróglio, Jhennifer havia sido inscrita no Maria Lenk em caráter de observação, sem representar nenhum clube, para não atrapalhar a tentativa de se classificar para os Jogos Olímpicos do Rio 2016. A suspensão de liminar obtida nesta sexta aumenta as chances de a atleta ir às Olimpíadas. O Maria Lenk é a última oportunidade para os brasileiros alcançarem os índices olímpicos. Como avulsa, Jhennifer não poderia competir nas finais, sobrando apenas a eliminatória deste sábado para ela tentar o índice nos 100m peito. Podendo defender o Pinheiros, ela não tem mais essa restrição.
– Estou muito focada na classificação olímpica nos 100m peito. As questões fora da piscina deixo para os meus representantes. Vou dar o meu melhor neste sábado – afirmou a nadadora.
Após quatro anos competindo pelo Flamengo, Jhennifer decidiu trocar o clube carioca pela equipe do Pinheiros no início do ano. Porém, o clube carioca relutou em liberar a atleta, e a transferência foi parar no STJD da natação.
Após conseguir oficializar na Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) o vínculo com o Pinheiros em março, Jhennifer ficou impedida de disputar o Maria Lenk representando o clube paulista depois que o Flamengo conseguiu uma liminar restabelecendo o contrato que tem com a nadadora até o fim de 2016.
O Flamengo alega que houve falta de ética e transparência de Jhennifer no processo de transferência e exige uma multa para a saída da nadadora. Já a defesa da atleta afirma que havia irregularidades no contrato, que está sendo questionado na Justiça trabalhista.
O Flamengo reprovou a atitude do Pinheiros, requerente da suspensão de liminar obtida nesta sexta. O clube carioca também afirma que não foi autorizado a inscrever a atleta no Maria Lenk pelo prazo de inscrição já ter passado e agora questiona a possibilidade dela poder defender os rivais.
– Um clube não pode entrar na Justiça comum antes de recorrer em todas as instâncias desportivas. Se o STJD não permitiu que o Flamengo inscrevesse a atleta, ela também não pode competir pelo Pinheiros. A atleta está colocando em risco a vaga olímpica dela, mesmo que ela consiga na piscina. As punições que o Pinheiros pode sofrer são desde uma multa até a exclusão do campeonato. O Flamengo não vai se curvar para qualquer tipo de ilegalidade, de coisa antiética. O Flamengo tem obrigação de ser exemplo e vai brigar até o final. Agora virou um prato cheio para os outros clubes também. Hoje foi a gota d’água – declarou o vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo, Alexandre Póvoa.
Além da prova individual dos 100m peito, Jhennifer também é candidata a uma vaga no revezamento 4x100m medley do Brasil, prova em que foi medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015.
Fonte: GE