Não se pode dizer que tenha acontecido algo surpreendente em La Paz. Porque se levarmos em conta que no Maracanã, ao nível do mar, com a torcida a favor, foram raros os momentos em que o Flamengo foi senhor do jogo, era previsível que fosse difícil ganhar a 3.600m de altura.
Deu a lógica.
Nós, brasileiros, adquirimos o costume de viajar à Bolívia preocupados apenas com a altitude. E era justo pensar assim. Afinal, sempre foi este o adversário a bater. Os times locais sempre foram tecnicamente primários. E, desta vez, o Flamengo teve pela frente um rival acima da média para os padrões bolivianos. No Rio, o Bolívar já fora mais envolvente e, taticamente, mais organizado e moderno do que o Flamengo.
Este blogueiro tem por norma não julgar e, principalmente, não condenar jogadores de futebol por atuações acima de 3.000m de altitude. E não o fará. Apenas se permitirá fazer algumas perguntas.
Não pareceu claro que o jogo na Bolívia pedia que a escolha recaísse sobre os jogadores fisicamente mais aptos? O jogo não mostrou que estavam certos os que não entendiam a preferência por Carlos Eduardo? A simples entrada de Paulinho e Mugni, jogadores mais próximos da plenitude física, não comprova tal tese? Por que Jayme guardou por tanto tempo as substituições num jogo decidido pelo fôlego?
Se fizesse diferente, Jayme teria levado o Flamengo à vitória? Não há qualquer garantia. Jogos na altitude têm a marca da imprevisibilidade.
A conclusão lógica é que o Flamengo chega à penúltima rodada de um grupo com um rival boliviano, um equatoriano e um mexicano em uma situação mais delicada do que se deveria esperar de um time brasileiro. E o drama não é resultado apenas da derrota em La Paz, na famigerada altitude. Mas do destempero no México, da terrível atuação no Maracanã contra o Bolívar, de estar disputando a Libertadores com um time que, até agora, não se mostrou à altura da ocasião.
Mas é um elenco que pode jogar mais do que tem exibido e que, a bem da verdade, não é tecnicamente inferior a León, Emelec ou Bolívar. Há chance de classificação.
O Flamengo é apenas uma das faces de uma decepção: o desempenho do futebol brasileiro nesta Libertadores até aqui. Que o diga o lamentável empate do Atlético-MG com o Nacional do Paraguai, o sofrimento alvinegro contra o Independiente del Valle. O Grêmio tem sido a louvável exceção.
Um após outro, times de menos técnica, muito menos estrutura e muitíssimo menos dinheiro têm envolvido nossas equipes. Em especial na parte tática. É alarmante. Até nas vitórias temos sofrido. É preocupante. Há tempo de ajustar a rota. É urgente.
Fonte: Blog do Mansur
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