Escrevi há poucos dias que o Flamengo deveria excluir uma letra “L” e trocar o medo da aLtitude por uma atitude vencedora. Infelizmente para seus torcedores, o time só seguiu o conselho nos últimos 15 minutos, quando poderia ter, no mínimo, empatado o jogo contra o Bolívar, em La Paz. O time, excetuando-se André Santos (que costuma ter problemas físicos no nível do mar, o que diremos a 3.800m de altura), não teve grandes ou visíveis problemas físicos. Pode até ser que tenha se segurado, e foi imprimir um ritmo melhor no fim, o que lhe deu as chances de gol. De todo modo, erro no timing, deveria ter buscado o empate mais cedo.
O Flamengo, historicamente, é um time que se dá melhor em jogos decisivos e/ou eliminatórios. Assim, na Libertadores, consegue surpreender nas fases eliminatórias e sofre muito na primeira etapa. Na edição de 2014… sabe aquela história do avião que cai por uma série de fatores? Pois é. Em León, Amaral é expulso com 12 minutos de jogo. Contra o Emelec, toma um gol no fim. Contra o Bolívar no Rio, vira para 2 a 1 e parte loucamente para fazer o terceiro. Em La Paz, Samir escorrega com três minutos de jogo, o Bolívar sai na frente e toda a estratégia de Jayme para a altitude vai montanha abaixo.
Além disso, Jayme de Almeida, cujo trabalho é bom e a quem respeito muito, entrou na casta de treinadores que têm manias: a de Jayme chama-se Muralha. Posso queimar a língua, tomara que o faça porque nada tenho contra esse menino. Mas é o tipo de jogador que, quando está em campo, o time joga, se não com 10, também não com 11. Fechemos em 10 e 1/2. Ele não comete erros grosseiros, que façam a torcida lembrar dele com raiva. Mas também não se destaca em nada. Marca muito menos do que Amaral e Cáceres, cria muito menos do que qualquer outro segundo volante do futebol brasileiro. É, portanto, um zero à esquerda, e na Libertadores, pra chegar com força, não há espaço para zeros à esquerda.
A única boa notícia é que o time ainda não depende dos outros. Se vencer os dois jogos que lhe restam, pega pelo menos o segundo lugar. Decisão, decisão mesmo é daqui a 15 dias, em Guayaquil, contra o Emelec. Uma vitória não é nada do outro mundo, o Emelec é fraco, mais fraco que o time de 2012. E já que entramos na trágico campo dos acidente aéreos, o Flamengo é aquele avião que perdeu uma turbina e o trem de pouso travou no meio do procedimento de pouso. Está quase sem combustível, para evitar explosões, a pista está liberada, é longa, e os bombeiros estão a postos. Mas está chovendo.
Ou seja: dá para pousar sem perdas. Mas é uma operação de alto risco. Se o Flamengo parar de cometer erros individuais grosseiros e patéticos, se o clube se livrar da opacidade de Muralha, e se o time encarar Emelec e León como decisões, vence os dois próximos jogos e avança. Aí, no mata-mata, sempre é uma outra história…
Fonte: Entre As Canetas