“Não vou fazer como o Telê.
Ele trabalhou até perder a saúde.
A vida é muito mais que o futebol.”
Foi com essa convicção que Muricy Ramalho avisou à direção do Flamengo que não voltará para a Gávea. Exames mais apurados mostraram que a fibrilação auricular, forte arritmia cardíaca, poderia ter implicações. E que o treinador de 60 anos precisa descansar, se afastar da tensão, da pressão. Descansar.
Ou seja, os médicos o obrigaram, em nome de sua saúde, a desistir de seguir trabalhando no Flamengo. Como também queria a sua família.
O presidente Eduardo Bandeira de Mello fará o anúncio oficialmente nesta quinta-feira. E há a possibilidade de o clube já anunciar o novo treinador. Abel Braga é o grande favorito. Ele já manifestou interesse. Se for feito o convite, ele deverá aceitar. Teria até recusado convite do Atlético Mineiro tendo como alvo seu retorno à Gávea, onde trabalhou em 2004, ganhando o Carioca.
A notícia de que Muricy Ramalho não continuará vazou nesta madrugada. Foi importantíssima para desviar o foco do caos que aconteceu em Volta Redonda. Jogando muito mal, o time apenas empatou com a Chapecoense em 2 a 2. A torcida vaiou, xingou o time. O presidente Eduardo Bandeira de Mello discutiu com torcedores. O ônibus do time foi apedrejado por membros das principais organizadas.
A Polícia Militar teve de dar escolta ao time depois de mais um fracasso. O clima era de muito medo da revolta dos torcedores. Havia o boato de que as organizadas fariam tocaia, invadiriam a Gávea para cobrar os dirigentes e os jogadores. Por isso a PM seguiu escoltando a equipe.
O sonho de Muricy revolucionar o Flamengo não durou seis meses. Ele foi anunciado como treinador no dia 8 de dezembro. Tinha o sonho de modernizar o futebol do clube. Se preocupou com coisas demais. Quis ser manager, executivo de obras e técnico. O desgaste foi imenso para quem, aos 60 anos, acabava de ficar quase um ano afastado do futebol. Por problemas graves de saúde. Teve de se submeter a uma operação para a retirada da vesícula.
Seu desejo era fazer o Flamengo atuar como o Barcelona. Com posse de bola e toque de bola curto, efetivo. Time com intensidade. Uma revolução.
Para conseguir tudo isso, precisava de resultados, vitórias, conquistas. E elas não vieram. O time fracassou na Primeira Liga. Passou vexame no Campeonato Carioca, assumindo sua freguesia diante do Vasco. Não conseguiu sequer chegar à decisão do título.
Na Copa do Brasil já estava perto da eliminação. A derrota no Ceará para o Fortaleza, obrigava o Flamengo a uma vitória de qualquer maneira, no Rio. Ou então, o clube teria confirmada a sua pior campanha na história da competição. Foi trabalhando, nos treinamentos, que Muricy Ramalho começou a passar mal. Seu coração começou a sinalizar que não estava bem. Teve de ser internado às pressas.
Depois da situação estabilizada, os médicos recomendaram uma bateria de exames mais específicos. O medo é que seu organismo ainda estivesse debilitado pela retirada da vesícula no ano passado. Muricy é um treinador muito estressado. Se deixa consumir nos momentos de dificuldades, como este que vivia na Gávea. A família já estava muito preocupada pelo tensão que vivia na Gávea.
Eduardo Bandeira de Mello era muito cobrado pela falta de resultados de Muricy. Tudo ficou perto do insuportável com a eliminação em casa para o Fortaleza. O Flamengo confirmava sua pior campanha na Copa do Brasil. Terceiro fracasso no ano. A oposição e membros importantes da situação concordavam. Era hora de mudanças no futebol.
Bandeira de Mello desistiu até de chefiar a delegação da Seleção na Copa América dos Estados Unidos. Teria de mudar o rumo do futebol. E já havia confidenciado às pessoas mais próximas que não esperaria por Muricy. Se ele precisasse de um tempo para se recuperar, o Flamengo contrataria outro técnico.
Muricy soube dessa decisão de Bandeira de Mello.
E decidiu seguir os conselhos dos médicos e cedeu à pressão da família. Principalmente da esposa Roseli. Ao lado do marido, ela acompanhou a isquemia cerebral de Telê Santana, em janeiro de 1996. A doença, falta de irrigação no cérebro, é associada ao stress. Telê nunca mais voltou a trabalhar. E os efeitos da isquemia foram terríveis.
Muricy já tem sua vida financeira resolvida. São 23 anos como treinador. Foi campeão da Libertadores. Tetracampeão brasileiro. Ganhou três Paulistas, dois Gaúchos e dois Pernambucanos. Além de outros títulos. Já não precisa do futebol para viver. A aposentadoria pode ser o caminho.
Será muito difícil um clube bancar todo seu planejamento em Muricy, como o Flamengo acabou de fazer. Sua condição de saúde não recomenda essa aposta.
Quanto ao Flamengo, o sonho de se tornar um pedaço da Catalunha acabou. Bandeira de Mello quer um treinador tradicional. Que tenha como meta trabalhar o time. Fazer a equipe ganhar jogos, buscar vaga para a Libertadores é a prioridade. A infraestrutura do clube, a reforma do CT, do do Departamento Médico, da Fisiologia, da Fisioterapia, ficarão a cargo dos dirigentes.
Técnico cuidará de jogadores, de esquemas táticos, de bola.
E só.
Por isso, alguém como Abel Braga é o ideal.
O clube espera anunciar seu nome ainda hoje.
O fato novo tem potencial para estacar a crise.
Acalmar a ira dos torcedores.
A descrença da imprensa.
Muricy não é mais o técnico do Flamengo.
Sua saúde não permitiu.
O contrato até o final de 2017 não existe mais.
O projeto de modernização do futebol foi arquivado.
O que o clube precisa é de vitórias para seguir em paz…
Fonte: Cosme Rimoli
Blá blá blá….a manchete está errada.
Muricy não fez acontecer nada de bom e fica doente…(respeitando ele e sua doença), agora vir a culpar o Clube….