A Inter de Milão foi vendida em 2013. Um grupo de empresários indonésios, liderado pelo magnata Erick Thohir, encheu com trezentos milhões de euros, mais de novecentos milhões de reais, os cofres do tradicional clube italiano.
Muito antes disso, há aproximadamente dez anos, investidores russos passaram a enxergar o futebol, negócio pouco regulamentado e com grande potencial de retorno, como o destino mais interessante para suas fortunas.
Pachuca e León, do México pertencem a Carlos Slim, um dos homens mais ricos do mundo. O Chelsea, uma das potências do futebol inglês, deve seu protagonismo atual ao bilionário do ramo do petróleo Roman Abramovich, também acionista principal do CSKA de Moscou. Nasser Al-Khelaifi, príncipe do Catar, é o responsável pelos investimentos recentes feitos no Paris Saint Germain que o transformaram em um dos times mais caros e repletos de craques do mundo.
Sem querer entrar no mérito da origem e das intenções dos verdadeiros mecenas do futebol moderno, o que se observa é uma tendência que não pode ser ignorada. De um modo geral, todos os clubes beneficiados pelas enxurradas de dólares e euros vindos de todas as partes do mundo tiveram condições de pagar suas dívidas e contratar os craques que os levaram ao topo das tabelas dos campeonatos disputados.
O excesso de dinheiro, somado à escassez de talentos, tem causado uma inflação sem precedentes no mercado da bola. Em transação recente, cem milhões de euros do Real Madrid tiraram Gareth Bale do Tottenham. Noutro dia, li uma notícia que dizia que o Barcelona se preparava para vender Lionel Messi pelo equivalente a oitocentos millhões de reais.
Será esta a saída para o Flamengo? Para ser um clube do mesmo nível de um Barcelona ou Manchester United; para disputar Messi ou Cristiano Ronaldo com os times mais ricos do mundo, precisamos ser escolhidos por um destes empresários aventureiros cheios da grana?
Nossa dívida, descoberta debaixo dos tapetes da incompetência de anos de péssima gestão, hoje beira os setecentos milhões de reais, quase o preço do baixinho argentino. A decisão responsável de pagá-la sufoca o clube financeiramente, dificultando qualquer investimento mais relevante em grandes craques que mereçam vestir o manto rubro-negro. Chegou a hora de vender o Flamengo?
Diferente de qualquer dos clubes citados que, para sair de suas crises precisaram abrir seus cofres para estrangeiros com intenções meramente financeiras, que cederam suas cadeiras e seus estatutos a sujeitos que nunca frequentaram sequer as arquibancadas dos estádios de futebol. Diferente de todos eles, o Flamengo tem um patrimônio de valor incalculável: quarenta milhões de torcedores apaixonados. A Nação é composta por aficionados de todas as classes sociais, detentores de um poder de consumo que é sonho de todo anunciante, parceiro ou patrocinador.
A torcida do Flamengo, através do programa Sócio Torcedor, pode fazer do clube a potência que queremos ser, sem que seja necessária sua venda. O melhor da história é que diferente destes investidores movidos por humores estritamente econômicos, nosso retorno vai estar sempre medido em vitórias, glórias e gritos de campeão. Os juros sobre o capital investido por nós, torcedores, serão capitalizados em forma de felicidade.
A meta da diretoria para o referido programa é de um milhão e seiscentos mil sócios, quatro por cento da nossa torcida. A uma média de quarenta reais por mês, estamos falando de uma renda anual de setecentos e sessenta e oito milhões de reais, apenas com o programa Nação Rubro Negra. Nossa dívida é paga em um ano. Ou compramos o Messi e pagamos a dívida no ano seguinte.
O Flamengo não precisa dos magnatas russos, árabes e mexicanos. Não queremos o dinheiro esquizofrênico que flutua com os ventos da economia. Nós, a torcida, a maior do planeta, somos os melhores investidores para o clube Mais Querido. Nossos reais têm lastro no prazer de ver brilhar, na terra e no mar o clube por cujas cores nossos corações baterão, como diz o hino, até morrer.
FLAVIEW