Em resposta ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), em 3 de novembro, a diretoria do Figueirense explicou que o novo contrato com o Grupo Globo pelos direitos de transmissão do clube na Série A, entre 2019 a 2024, prevê pagamento fixo, mas também premiação por performance e também exposição.
Só que, se esse acordo já estivesse valendo, o time perderia dinheiro porque foi rebaixado no Brasileiro-2016 e jogará a Série B em 2017.
O contrato que o Grupo Globo tem feito com os clubes prevê divisão de 30% do total que pagará somente para os 16 melhores da Série A, ou seja, aqueles que não forem rebaixados para a Segunda Divisão no ano vigente do contrato.
É diferente dos contratos atuais dos grandes clubes, que quando são rebaixados mantém, por ao menos uma temporada, a mesma cota de direito de transmissão que receberiam na Primeira Divisão.
Ainda usando o Figueirense como exemplo, se os novos acordos de televisionamento estivessem valendo, o time de Florianópolis receberia sua parte dos 40% fixos, dividido igualmente entre os 20 participantes da Série A (ou entre aqueles que tiverem contrato com a Globo), e a sua parte por exposição – valor dependendo de quantos jogos foram transmitidos em TV aberta e fechada, que equivale a uma bolada de 30% do total que será dividida dessa forma.
Mas ficaria sem um centavo dos 30% restantes, o de premiação, que será pago proporcionalmente do campeão ao 16º, primeiro time fora da zona do rebaixamento. Não há como prever o montante desse valor neste momento, já que não se sabe quantos times a Globo terá na Primeira Divisão a partir de 2019.
Em nota, o Grupo Globo informou que “o Figueirense apenas reportou no CADE o acordo que fechou conosco, no Novo Modelo 2019-24. A negociação com todos os clubes nos trouxe para uma proposta em que 40% dos valores envolvidos serão divididos igualmente entre os 20 times que participarem de cada temporada; 30% serão divididos entre os 16 primeiros colocados no ranking; e 30% serão divididos pelo percentual de exibição de cada time na TV aberta e na TV fechada”.
Ainda na nota, o grupo informou que “propomos um modelo baseado nesses três vetores não por conta de concorrência, mas porque acreditamos que reflete um desejo dos clubes e é positivo para o desenvolvimento do futebol”.
A Globo tem tido a concorrência do Esporte Interativo, canal de TV do Grupo Turner, para a transmissão dos jogos da Série A a partir de 2019. Até o momento, a Globo fechou com 17 clubes, enquanto o Esporte Interativo tem 15. Mas há, no entanto, dois clubes que os dois concorrentes dizem ter sob contrato: um deles é o Figueirense, o outro o Santa Cruz.
O Cade investiga possível monopólio na venda dos direitos de transmissão de campeonatos de futebol – e se a venda casada (TV aberta, TV fechada, pay-per-view e internet) é a única opção para os clubes na maioria dos casos.
O conselho enviou perguntas aos principais clubes do Brasil, às maiores federações estaduais e à CBF, questionando os critérios de negociação, quais empresas detêm hoje os direitos dos principais torneios e quais as tratativas em andamento.
Fonte: Marcel Rizzo | UOL