38ª rodada. Fim do Brasileirão. Fluminense, Vasco, Ponte Preta e Náutico rebaixados no campo. As gozações começam, os rivais não perdoam e os torcedores, principalmente os dos times cariocas, sofrem com os rivais. Porém, quando tudo levava a crer que teríamos um final de ano sem surpresas, eis que nos deparamos com uma 39ª rodada, a ser disputada nos Tribunais. E o pior: o nome do Mais Querido envolvido na bagunça que se tornou o Campeonato Brasileiro.
De acordo com os fatos amplamente divulgados pela imprensa esportiva, a Portuguesa, ao que tudo indica, escalou irregularmente o meia Héverton, na última rodada. Jogador este que estava sem condições de atuar, devido a uma punição de suspensão por 2 jogos, restando ainda 1 a ser cumprido. Pois bem, o atleta (reserva do time) entrou aos 31 minutos do segundo tempo e pouco acrescentou ao jogo. A Portuguesa empatou e “sacramentou” a sua permanência na Seria A para 2014.
Soa no mínimo estranho que um clube de Serie A, por menos tradicional que seja, tenha escalado um jogador sabidamente suspenso para um jogo que não valia mais nada. Algumas são as possibilidades: 1) a Portuguesa, de fato, deu muito mole e agiu de forma amadora, seja por ter ”esquecido” da suspensão, seja por “não ter sido avisada corretamente” pelo advogado, seja por ter havido falha na comunicação; 2) ela pode ter feito isso de propósito (vale lembrar que o jogador ficou em campo por apenas 15 min), tendo ganho algo em troca para tomar tal atitude. Por outro lado, há o fato de que o advogado que patrocinou os interesses da Portuguesa foi pago pela CBF, organizadora do campeonato, o que pode tornar o caso ainda mais embolado e suspeito. No entanto, são apenas suposições.
Quanto à escalação do André Santos pelo Flamengo, os argumentos são mais estranhos ainda. O jogador ser expulso na Copa do Brasil e cumprir suspensão no Brasileirão é, no mínimo, um contrassenso. “Ah, mas tá no Regulamento Geral de Competições da CBF”. E daí? O Sheik foi expulso nas quartas de final da Copa do Brasil, na partida Corinthians X Grêmio, e jogou todos os jogos pelo Brasileirão desde então (exceto a última partida). Do mesmo modo, o Dória, do Botafogo, foi expulso no baile dos 4×0, também pelas quartas de final, jogou a partida subsequente pelo Brasileirão e todos os jogos a partir dali. Por que com o André Santos seria diferente?
Há, ainda, a questão da suspensão automática. Como o André Santos foi expulso no jogo final da Copa do Brasil, ele não poderia cumprir suspensão automática no Brasileirão, tendo que esperar o julgamento para cumpri-la. Qual a necessidade disso? Já que pelo Regulamento Geral ele terá que cumprir suspensão, por que esta deverá ficar condicionada a julgamento posterior? Pra que complicar mais as coisas que deveriam ser simples? A diretoria do Flamengo deu mostras de sua competência durante o ano e tenho plena confiança de que eles estejam bem respaldados juridicamente. Mas, não custa frisar a bagunça que é o emaranhado de dispositivos legais e regulamentares. Não deveria ser assim.
Ao que tudo indica, tanto o Sheik quanto o Dória apenas receberam uma advertência do STJD pelas expulsões, o que se revela ainda mais contraditório, pois o zagueiro do Botafogo foi expulso por ter cometido um pênalti escandaloso, por trás, quando era o último homem, com o jogador do Flamengo na “cara do gol”. Além disso, ele saiu de campo fazendo gestos e xingando o juiz. Se isso merece só uma advertência, por que o André Santos teria de ser suspenso por 1 jogo que seja, sendo que não houve falta ou agressão na expulsão, tendo ocorrido uma mera troca de empurrões (normais em um jogo final).
Enfim, tem muito cacique pra pouco índio no futebol. O Procurador-Geral do STJD tanto tentou que conseguiu atrair os holofotes para si. Ele aparecerá em todos os jornais e demais veículos de comunicação e terá os seus 15 minutos de fama, como já ocorreu outras vezes.
Vejo muito torcedor, cujo time foi rebaixado no campo, bradar que o regulamento é para ser cumprido. Sim, concordo. Mas nem tudo o que é legal também é legítimo. E, tirar pontos conquistados dentro de campo, por situações que em nada alterariam a classificação final do campeonato, não parece nem um pouco razoável.
É uma pena que o último gol do campeonato seja feito à beira de uma Tribuna, por um sujeito que veste terno e calça sapato, ao invés de camiseta e chuteira. Viva o futebol brasileiro.
SRN
Gabriel Lima