Na quinta-feira, a CBF passou um pacote de mudança de estatuto tirando peso do votos dos clubes na sua eleição e dando poder às federações. Na sexta-feira, o técnico do Atlético-PR, Paulo Autuori, um dos poucos a ter coragem de tratar do assunto, resumiu seu sentimento em relação à medida da CBF e seu discurso posterior: ”Eles pensam que nós somos otários.”
Foi uma análise precisa. A atitude da CBF é uma demonstração de que pouco se importa com o que pensam seus times filiados. Aprovou as medidas sem ouvi-los e fez um discurso de que era para democratizar a entidade. Tratou os clubes como bobos a ponto de os integrar a um comitê de reformas que não teve peso no novo estatuto da confederação.
A posição da confederação de ignorar as agremiações tem relação com seu fortalecimento recente. Com a investigação sobre ele travada, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, se sente cada vez menos ameaçado. Se afasta cada vez mais o momento em que havia um tormenta sobre seu cargo.
A nau da confederação passou a viver maus bocados em maio de 2015 com a prisão do então vice-presidente da CBF, José Maria Marin, por corrupção em contratos da entidade. Del Nero saiu correndo da Suíça e passou a ser suspeito no caso, o que o enfraquecia na entidade. Seis meses depois, ele ficaria ainda mais fragilizado ao ser exposto como um dos indiciados pela polícia norte-americana.
Os clubes formaram uma liga e ameaçavam tomar da CBF o Brasileiro. Na parede, Del Nero acenava com promessas de que a confederação pertencia às agremiações e que eles sempre seriam sempre ouvidos. Levou-se os todos para a sede da entidade para mostrar que tinha apoio nos setores do futebol brasileiro.
E os clubes brasileiros acreditaram. Compraram o discurso de que Del Nero era apenas um suspeito, compraram a ideia de que a CBF ia lhes dar espaços aos poucos, confiaram de que podiam fazer uma revolução aos poucos. Houve ainda clubes, como os paulistas, que não exigiam mudanças profundas na estrutura do futebol brasileiro.
A CBF ainda construiu um processo de pretensa mordenização que incluiria a reforma de estatuto, código de ética, licenciamento de clubes, tudo com a inclusão dos clubes nas dicussões de ideias. E, durante o ano de 2016, não foram poucos os dirigentes de clubes que me fizeram avaliações de que a confederação estava evoluindo, avançando.
Aos poucos, a liga montada pelos clubes foi se enfraquecendo pela sua própria desunião, e também por alterações em tabela da CBF. Sem avisar ninguém, a confederação se encarregou de dar a pá de cal no movimento de fortalecimento dos clubes com sua mudança de estatuto. Houve críticas pontuais de clubes, mas nenhum até agora ameaçou se insurgir contra a medida. Fica a posição de Autuori que aqui vai na íntegra reproduzida do site Globo.com:
‘‘Estou muito mais preocupado com o Del Nero (presidente da CBF) e a possibilidade de ficar até 2027. Certamente vocês sabiam que eu não ia perder a oportunidade de falar disso, né? É acintosa a maneira como a CBF faz as coisas. E, uma vez mais, vamos separar o brilhante trabalho que o Tite e sua equipe têm feito com o futebol brasileiro. Fez as coisas no dia do jogo. A vulgarização do futebol está nisso. No dia do jogo da Seleção brasileira, tivemos jogos do Campeonato Paulista, Fluminense e Botafogo, ou seja, com públicos pequenos. Não avisou a imprensa que teria a situação na CBF, deu mais poder às federações do que já tinham e vêm falar em democracia? Pô, eles pensam que nós somos otários”
Reprodução: Uol
É isso aí… a desunião dos clubes só faz refletir a cultura do brasileiro em geral. Cada um olhando pro seu umbigo e se achando mais esperto q o outro. Enquanto quem ta no poder se fortalece e enriquece cada dia mais e nos usam como marionetes. Sim, somos todos otários
Segundo o relator do Profut Deputado Federal Otávio Leite(PSDB-RJ) bem lembrou:
“…O Profut alterou a redação do artigo 22-A da Lei Pelé. Antes, a participação dos clubes era obrigatória apenas em assembleias eleitorais. Agora, os filiados passaram a ter direito a presença e voto em todas as convocações para deliberações…”
Uma andorinha só não faz verão e em se tratando de futebol brasileiro, ainda se queima no sol. Por tanto, é obrigação dos 20 clubes da série A unirem forças para resolver essa questão. Porém, o que esperar se os própios dirigentes desses 20 clubes da séria A, aprovam fórmulas de disputa de regionais absurdas, como exemplo a do campeonato carioca?
Somos otários até termos coragem de enfrentar essas situações juntos. Fora CBF! Fora Temer! Viva a primeira liga e eleições diretas já!