Não, esta matéria não será pautada na frieza dos números. Estes atestam que o Flamengo foi melhor sem Diego do que com seu principal jogador em 2017: o aproveitamento com ele em campo é de 69,2% – 27 pontos em 39 possíveis -, sutilmente inferior ao quando não atuou (72,2% – 13 pontos de 18 disputados). E obviamente o camisa 35 faz muita falta. Mas no período de ausência, que completa um mês nesta sexta, Zé Ricardo e seus comandados provaram: é possível ter sucesso sem o meia. Guerrero assumiu a bronca, e o técnico mostrou versatilidade.
Flamengo sem Diego
Jogos: 6 (5 decisivos e 1 com o time reserva)
Vitórias: 4
Empates: 1
Derrotas: 1
Aproveitamento: 72,2%
Saldo de gols: 4 (9 a 5)
Diego, que torceu o joelho direito na vitória por 2 a 1 sobre o Atlético-PR, ainda não está próximo do retorno. São mínimas as chances de enfrentar o San Lorenzo, na próxima quarta-feira, em Buenos Aires. A partida encerra a participação rubro-negra no Grupo 4 da Libertadores e definirá se o time avança ou não às oitavas de final. Do duelo deste sábado, contra o Atlético-MG, ele está fora.
Guerrero: armador e artilheiro
Nos seis jogos posteriores à lesão de Diego, Guerrero, que já fazia um grande início de temporada, cresceu ainda mais e assumiu, sem sustos, a responsabilidade de comandar o time em campo. Com um poder de concentração e força impressionantes para segurar a bola, fez afunção de meia por diversas vezes e se garantiu no que lhe cobram: marcou quatro gols em cinco partidas- não enfrentou o Atlético-GO -, todos decisivos.
Contra o Botafogo, fez os dois gols (2×1). Diante do Fluminense, na primeira partida da final (1×0), mesmo muito cansado no segundo tempo, teve grande atuação. Irritou muito a zaga adversária, tamanha a facilidade que tinha para ganhar disputas aéreas com os tricolores. Novamente em alto nível e também desgastado, decidiu contra a Universidad Católica com o segundo gol da vitória por 3 a 1. Na finalíssima diante do Flu, o gol do título seria seu caso Rodinei não decretasse a virada aos 50 minutos da etapa final.
Não bastasse o bom momento em campo, Guerrero deu declarações que o deixaram ainda mais em lua de mel com a torcida rubro-negra, principalmente após a conquista do título. Provocou o ex-vascaíno Rodrigo, dizendo que ele “assistiria televisão” e o mandou um irônico beijo. Na festa do Carioca, disse que é preciso “ter colhão” para jogar no Flamengo.
Zé Ricardo mostra poder de improviso
No primeiro jogo sem Diego, na vitória por 2 a 1 sobre o Botafogo, Zé Ricardo levou três volantes a campo: Márcio Araújo, Willian Arão e Rômulo. Parecia uma retranca para garantir o empate – que servia ao Flamengo -, mas não foi. O Rubro-Negro foi melhor, marcou a saída de bola rival, e os volantes, sobretudo Arão, encostavam no ataque para não deixar Guerrero isolado. Na última segunda-feira, o camisa 5 contou que esta foi uma das orientações de Zé.
– O professor Zé Ricardo conversou comigo e com o Rômulo, com o Mancuello, para que aproximássemos do Guerrero, para ele não ficar sozinho. Sem o Diego, a tendência é que ele ficasse sozinho no ataque. Acho que conseguimos dar o suporte necessário. Não sei se apareci mais no ataque ou não, mas foi um pedido para que não deixássemos ele sozinho – disse Arão.
Na primeira partida da decisão estadual, mostrou que aprendeu com a surpresa imposta por Abel na final da Taça Guanabara, quando a velocidade foi o ponto forte do Fluminense no empate por 3 a 3. Colocou Everton, outro jogador fundamental no período sem Diego, e Berrío para segurarem os avanços de Richarlison e Wellington Silva. Deu certo, e o placar de 1 a 0 ficou barato para o Tricolor.
Contra a Universidad Católica, o grande coelho foi tirado da cartola de Zé. Já havia se dado bem quando usou Trauco avançado no 2 a 1 sobre o Atlético-PR. Na ocasião, sem o então lesionado Everton, o peruano virou meia-atacante e se entendeu muito bem com Guerrero.
Diante dos chilenos, fez algo parecido, mas pelo outro lado. Tirou Mancuello, que realizara um primeiro tempo muito ruim, e colocou Rodinei na ponta direita. O Flamengo avançou com tudo, conseguiu o primeiro gol com o lateral improvisado, venceu e assumiu a ponta. Terminou o jogo com quatro laterais em campo – Renê substituiu Gabriel, e Trauco avançou outra vez.
Viu Rodinei como o ideal para fazer o que Berrío faz, por conta da velocidade e bom poder de finalização. Apostou e deu-se bem. Renê foi intransponível na marcação e impediu subidas perigosas dos chilenos, que haviam empatado o jogo justamente pelo lado esquerdo.
Na finalíssima, voltou a usar Renê como marcador, liberando Trauco. O primeiro jogou muito bem, o outro não. Com Berrío mal, apostou em Gabriel pelo meio e Rodinei novamente como ponta. Triunfou de novo e tornou-se campeão.
Everton e Márcio Araújo muito bem
Se a zaga foi bem com Réver e Rafael Vaz, Everton, no sacrifício, e Márcio Araújo, combativo ao extremo, mereceram destaque especial. Everton é imprescindível a esse time, e a ausência dele sempre é sentida. Não foi brilhante na finalíssima e contra a Católica, partidas nas quais mostrou sua eficiência tática. Teve papel decisivo na semifinal e no primeiro jogo da decisão estadual.
Márcio Araújo teve seu nome cantado a plenos pulmões nos jogos com Fluminense e Universidad Católica. Merecido. Marcou muito e mostrou poder de concentração para evitar os frequentes erros de passe que fizeram a torcida o perseguir em outros momentos. Tem vida tranquila agora com a arquibancada.
Fonte: Globo Esporte
“Tenho muitos amigos que pagaram passagem para mim, que apostaram no meu sonho, acreditaram no meu talento. Mas acreditaram além do talento. Eu sei que tenho talento e às vezes é até difícil as pessoas entenderem isso.” Araújo, Massa
Uma coisa é se preparar pra 5 jogos decisivos, entrando com a faca nos dentes e enfrentando adversários que também tinham que atacar porque precisavam do resultado. Outra coisa é uma temporada inteira com improvisos e sem um jogador que pense o jogo no meio, faça a bola girar, saiba acelerar e desacelerar a partida. Principalmente quando pegarmos equipes fechadas. Na final contra o Fluminense deu pra perceber o Guerrero bem desgastado pelo esforço que vinha fazendo nos últimos jogos, se desdobrando entre meio e ataque. Não tenho dúvida que a volta do Diego e a recuperação do Ederson tornam o time mais competitivo e equilibrado. Se vier o Everton Ribeiro, mais ainda. Um quarteto com Diego, os dois Evertons e Guerrero teria qualidade, velocidade e muita movimentação, ficaria um time bem dinâmico e difícil de encarar, em qualquer circunstância. As variações que foram treinadas nesse mês são bônus, situações que podem ser úteis em alguns jogos, algo que era muito cobrado para que o time não se tornasse previsível.
Está esquecendo o Conca que já está pronto pra jogar !!!
Não esqueci, deixei de fora mesmo. Vai voltar depois de quase um ano parado, deve levar um tempo até recuperar a melhor forma. Entre ele o Everton, hoje, prefiro o Everton, pensando no equilíbrio do time. Com o Conca nesse quarteto a equipe fica mais lenta e perde poder de marcação.
Provavelmente ele jogará no lado direito, o Zé já irá testar essa forma pensando na vinda do Everton Ribeiro !!