Márcio Araújo não é daqueles jogadores expansivos, que dão entrevistas arrebatadoras e nem mesmo dos que se preocupa com críticas. Em resumo, é um cara centrado, contido, que não tem redes sociais e nem mesmo WhatsApp. Nascido em São Luís, capital do Maranhão, o camisa 8 do Flamengo passou a infância jogando futebol depois da escola, ainda de uniforme, e tendo apenas a formação de boleiro de rua.
Tendo como inspiração o irmão mais velho, que participava de competições contra times de outros bairros, Márcio Araújo diz acreditar que sua formação na rua (ele só foi jogar na base após os 17 anos) ajudou na caminhada.
– A minha vida toda foi envolvida por futebol. Quando chegávamos da escola a gente saía, às vezes nem trocava de roupa, e ia jogar na rua. Isso fez com que eu sonhasse, assistisse aos jogos na televisão e fosse para a rua para jogar futebol. Isso foi sendo gerado em mim por causa desses pequenos jogos de rua… campeonatos que o meu irmão Paulinho jogou também me deram inspiração de quando eu crescer disputar os mesmos campeonatos e ter a mesma alegria que ele tinha de, no fim de semana, reunir todos os amigos e colegas para juntos disputarem uma competição que trazia times de outros bairros. Tudo o que eu formei de base muscular mesmo foi sem trabalho de academia nem nada. Claro que a gente nem sonhava em chegar no ciclo profissional, mas aquilo me ajudou bastante.
Quando criança na capital maranhense, Márcio recebeu muita ajuda. Como não tinha dinheiro para fazer peneiras fora de seu estado e os pais não tinham condições financeiras de bancar a ida do filho para a base de um clube, ele foi precisando de favores. Grato pelas oportunidades, o volante reconhece que tem talento, mas o que fez com que as pessoas confiassem nele foi a força de vontade.
– A gente sabe de tudo que a gente passou, quantas pessoas nos ajudaram e eu não queria que o esforço deles fosse jogado fora… Tenho muitos amigos que pagaram passagem para mim, que apostaram no meu sonho, acreditaram no meu talento. Mas acreditaram além do talento. Eu sei que tenho talento e às vezes é até difícil as pessoas entenderem isso. Minha força de vontade era muito maior e as pessoas acreditaram nela. Eles viram que eu não ia desistir por qualquer coisa.
Seu primeiro clube – ainda nas divisões de base – foi o Corinthians-AL. Foi em Maceió onde o jogador ganhou seu primeiro salário e pôde ajudar a mãe que ainda morava em São Luís. Do clube alagoano, Márcio foi para o Atlético-MG e esteve no Palmeiras antes de chegar à Gávea. Desde a passagem por Alagoas, o camisa 8 do Flamengo tem conseguido retribuir aqueles que um dia apostaram no sonho do garoto maranhense.
– A minha vida era tão simples há 14 anos e o pouco que eu tinha já dava para me sustentar. Quando eu cheguei no Corinthians-AL, eles me davam um salário mínimo para eu me resolver financeiramente. A vida que eu tinha não era ligada a luxo. Nunca liguei para comprar as coisas para mim. Os meus primeiros salários eu lembro que praticamente mandava tudo para minha mãe e ficava muito feliz com o dinheiro que eu recebia. O que eu guardava era para necessidade pessoal mesmo. Mas quando eu cheguei no Corinthians-AL as coisas foram encaminhando. De lá para cá eu não precisei mais que as pessoas me ajudassem em relação a isso. Pelo contrário, tenho ajudado muita gente também e reconhecido o que eles fizeram por mim.
A VIDA NO FLAMENGO
No Rubro-Negro desde 2014 – ano em que fez o gol do título do Campeonato Carioca contra o Vasco –, Márcio Araújo já passou por momentos bons e ruins no Fla. No clube, o volante teve sete treinadores desde que chegou.
O camisa 8 viu de perto a ascensão de Zé Ricardo ao comando rubro-negro. Desde que virou técnico, o atual “professor” quase não teve dúvidas sobre quem escalar na posição de primeiro volante. Mesmo com as contratações de Cuéllar (em 2016) e Rômulo (em 2017), Márcio Araújo segue sendo utilizado por Zé. Para o treinador, o volante é um jogador “muito forte mentalmente” e o próprio Márcio reconhece isso, mas ressalta os valores do técnico.
– Ele me vê como um espelho em relação a isso, de vencer as críticas e as coisas que estão lá fora. Eu falei para ele que isso é normal. A gente vive em um grande clube. É o clube de maior torcida do Brasil. O Flamengo tem uma história muito grande e que a gente tem que respeitar. A camisa pesa muito. Muitos jogadores passaram por aqui, viveram muito menos do que eu vivi, não aguentaram a pressão e foram embora. São coisas que a gente vive, aprende e que serve de experiência para a nossa vida. Não que hoje eu possa ser espelho para ele, até porque daqui a pouco ele vai ser espelho para outros treinadores e jogadores. Ele tem uma referência muito grande em relação à base. As pessoas respeitam muito ele e ele está conquistando seu espaço no profissional mesmo tendo pouco tempo. Ele já tem o respeito de todos os atletas, mesmo aqueles de nome. Quando ele fala, todo mundo sabe respeitar, todo mundo ouve e sabe o conhecimento que ele tem e o que ele tem feito pela nossa equipe.
As percepções de Márcio Araújo sobre o clube que defende vão muito além do campo e bola. O jogador ressalta a qualidade na estrutura que está sendo montada pelo clube. Segundo ele, o Flamengo tem tudo para ser o favorito ao título em todas as competições que chegar.
– A estrutura que o Flamengo tem montado e tudo que o Flamengo tem preparado é para viver longos anos conquistando títulos. Não é algo de que conquistou o Carioca ou o Brasileiro e daqui a 15 anos pode voltar a acontecer. Não. O Flamengo está montando uma estrutura para que todo ano esteja em Libertadores e esteja na ponta do Brasileirão. Para que todas as competições que entre as pessoas o coloquem como favorito, coisa que a gente não imaginava nos últimos cinco anos. Hoje todo mundo fala que o Flamengo é uma das forças. Já é algo que torcedor tem que entender também.
Fonte: Globo Esporte
“Tenho muitos amigos que pagaram passagem para mim, que apostaram no meu sonho, acreditaram no meu talento. Mas acreditaram além do talento. Eu sei que tenho talento e às vezes é até difícil as pessoas entenderem isso”. Araújo, Massa
Bonita história de vida, mas não muda o fato que quando for embora será um grande alívio para boa parte da torcida, assim como foi nos outros dois grandes clubes que passou, e não me venham de mimimi o craque ficou quase dois meses sem contrato fora o fato de nos 6 últimos meses já poder assinar pré contrato com qualquer time e não houve se quer uma proposta, jogador esforçado que vive uma fase (5) jogos aceitável, mas que todos sabemos oq pode vir num momento crucial.
“jogador esforçado que vive uma fase” — Também falaram isso do Pará (no ano passado) e que não iria durar muito. Olha só o que deu? &;-D
Mas o para já jogou bola no Santos.
Ja xinguei muito esse cara, mas agora o cara ta numa fase espetacular, o cara é um carrapato,claro que ainda não é um Modric. do Real M. mas houve uma evolução no seu futebol.