Não sou fã de pontos corridos. Assim como em 2003, o campeonato acabou cedo demais e com o mesmo campeão. O Cruzeiro disparou, e todas as outras disputas agora parecem diminuir em importância.
Até os quatro ou cinco que ainda lutam por Libertadores são mais ou menos os mesmos há rodadas. Claro que pode haver uma alternância ou uma arrancada final, mas faltando apenas 11 partidas, o quadro está muito claro do que os times podem ou não fazer.
Excluindo os seis primeiros e os dois últimos (os de cima, já na Libertadores ou na briga por ela) e Náutico e Ponte (virtualmente já na Série B), vejo doze times brigando contra duas vagas na série B.
Do Criciúma (atual 18º) até o sexto colocado, a diferença é de apenas sete pontos. Entre esses mesmos times, a grande maioria conta com 9 vitórias, ante alguns outros com 8. Ou seja: é melhor ganhar uma e perder duas do que empatar três.
Qualquer time pode cair, entre Criciúma e Vitória. Qualquer. Entre eles, São Paulo, Santos, Vasco, Corinthians, Portuguesa.
A tônica deste campeonato foi de times medianos: o excesso de clubes que praticamente têm as mesmas 9 vitórias, 9 empates e 9 derrotas nessas 27 rodadas é enorme. Alguns 8-10-9, 9-10-8. Mas é isso aí.
Isso não é equilíbrio em excesso. É um péssimo planejamento em excesso. Já escrevi sobre Fla e Santos que optaram por reduzir custos com técnicos sem grandes opções no mercado. Creio que a tônica para um futuro próximo será perceber que um jogador promissor não pode ser descartado em seis meses em um time grande. Amadurecer leva tempo. Um bom garoto de 21 anos continua sendo apenas um bom garoto. Ele será um ótimo jogador de 24 anos depois de três anos. Ninguém sai da imaturidade para o auge em seis meses.
E aí estão hoje Gilberto (Portuguesa, ex-Inter), William (Ponte, ex-Santos), Robinho (Coritiba, ex-Santos) e tantos outros poderiam ser úteis a outros times. Mas não o são, foram preteridos por jogadores mais badalados, mais caros. Até hoje não entendo o que Luis Fabiano faz no São Paulo em seu retorno, tampouco o que Montillo faz envergando “aquela” camisa 10.
O campeonato brasileiro está chato. Muito chato. E, ironicamente, pode ter uma disputa das mais legais dos últimos anos. Pena que do lado errado da tabela.
Rafael Gonçalves
Fonte: Terceiro Tempo