Sem autorização da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a partida que seria disputada entre Flamengo e Pinheiros na noite desta terça-feira no ginásio do Tijuca acabou cancelada. Nesse caso, de acordo com o regulamento da competição (veja o artigo na íntegra abaixo), cabe ao Rubro-Negro, como mandante, arcar com os gastos da equipe visitante, dos membros da arbitragem e o representante da Liga Nacional de Basquete. Contudo, o time carioca pretende se reunir com a LNB para discutir o fato, já que, no entendimento do vice de esportes olímpicos, Alexandre Póvoa, a equipe carioca havia oferecido sua quadra na Gávea para a realização do duelo, mas ela foi recusada pela entidade.
Na verdade, também está no regulamento que um ginásio precisa ter capacidade mínima de mil lugares para receber um confronto do NBB, e a Gávea não cumpre esse requisito, tendo sido usada em outras ocasiões em caráter de exceção apenas.
– Isso de arcar com os custos é algo que vamos discutir com a Liga. Nos propusemos a jogar na Gávea, e a Liga não quis, então eles assumiram a responsabilidade juntamente conosco e precisaremos conversar. Durante a semana passada, tentamos isso, mas, infelizmente, uma votação dentro não aceitou. Já teve jogo na Gávea, mas em caráter de exceção, e eles preferiram não abrir essa – disse o dirigente por telefone.
O trecho que coloca o Flamengo como responsável pelos custos está no subitem j, do item 5.2 (“Dos equipamentos e materiais”), do parágrafo V (“Das responsabilidades das equipes participantes”), publicado no site da LNB, que afirma: “Quando a não realização do jogo for motivada por falta de segurança, quadra impraticável por causa de chuva ou outro problema, funcionamento defeituoso dos equipamentos eletrônicos, instalações danificadas, tabela quebrada, piso escorregadio, iluminação inadequada etc, o clube com mando de jogo será responsável pelas despesas provocadas por sua transferência, como hospedagem, alimentação e transporte interno para a equipe visitante, equipe de arbitragem e representante da LNB”.
O problema em relação ao uso do ginásio do Tijuca Tênis Clube, que fica na Zona Norte do Rio de Janeiro, começou no dia 12 de novembro, quando o Flamengo teve de jogar de portões fechados porque faltavam ao ginásio laudos liberatórios do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) e da Vigilância Sanitária relativos à segurança do público. O Rio de Janeiro também atuou sem torcida contra o São José pela Superliga Feminina de vôlei no dia 14. De acordo com o vice de esportes olímpicos do Rubro-Negro, Alexandre Póvoa, para o duelo contra o Pinheiros, a documentação foi reunida, e o clube tentou a cassação, mas houve um problema.
– Semana passada foi complicado, mas conseguimos os dois, o do CREA na quarta-feira, e o da Vigilância Sanitária, na sexta. Não pudemos requerer no mesmo dia porque era feriado judiciário. Ontem fomos requerer a cassação da liminar. Mas, quando o requerente é o Ministério Público, é de praxe que o juiz, mesmo com os laudos na mão, retorne ao MP para eles se pronunciarem. Sozinho, ele não pode revogar. Pedimos uma audiência de manhã com o MP. Eles nos receberam e falaram que iam tentar correr. À tarde, levaríamos ao juiz para acabar com o problema. Por volta das 16h, o promotor com quem falamos não tinha dado parecer e tinha ido embora. Não é que ele tenha dado parecer negativo, ele só não deu. Voltamos ao juiz e dissemos o que aconteceu, mas ele falou que precisava ouvir o MP e, como eles não se pronunciaram, preferia não correr o risco de realizar o jogo – lamentou.
Póvoa completou que o ocorrido desta terça-feira foi comunicado à LNB, que deverá marcar uma data “mais a frente” para a realização do confronto contra o Pinheiros. O próximo compromisso do atual campeão do NBB é contra o Palmeiras, marcado para o mesmo local. A expectativa é de que, até lá, o Ministério Público casse a liminar.
Além da quadra do Tijuca, o Flamengo poderia mandar a partida no ginásio do Maracanãzinho ou na Arena da Barra, como já fez em outros jogos de maior público. Entretanto, o dirigente afirmou que os custos para realização de confrontos nesses locais são muito altos. Usando os estados de São Paulo e Minas Gerais como exemplo, ele criticou a falta de opções na cidade do Rio de Janeiro, que receberá os Jogos Olímpicos daqui a dois anos.
Recentemente, o clube da Gávea anunciou o projeto de uma arena multiuso com capacidade para quatro mil espectadores e disse que faltava a liberação do prefeito Eduardo Paes. O político, todavia, se defendeu dizendo, em uma reunião da comissão do Comitê Olímpico Internacional para os Jogos de 2016, no dia 1 de outubro, que o entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas é tombado e que a aprovação depende de órgãos como o Iphan, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
– Faltando menos de dois anos para as Olimpíadas, as opções são o Tijuca, a Arena da Barra, um ginásio grande e caro, ou seja, não é viável jogar lá, e o Maracanãzinho, que está sem estrutura. Não tem banco, não tem placar, tem que levar piso, tem que levar tudo. Estamos tentando construir nossa arena e temos barreiras. São dois times campeões na cidade, no vôlei e no basquete, mas não há lugar para jogar. Fazemos um pedido de socorro às autoridades, que parecem não estar entendendo a gravidade. É ruim para o Rio, vira motivo de chacota até fora daqui. Em São Paulo, se um lugar for interditado, há vários outros. O Bauru, por exemplo, tem um ginásio antigo chamado de Panela de Pressão, mas a prefeitura está construindo outro para cinco mil pessoas. É incrível como é lenta, frustrante e complicada essa situação para nós aqui. Em Minas, tem Uberlândia, Ginástico, Minas Tênis… No Rio, tentamos evoluir e crescer e, de novo, batemos nisso – concluiu.
Atualmente, o Flamengo está na sétima colocação do NBB, com 60% de aproveitamento, sendo três vitórias e duas derrotas, ou seja, oito pontos em cinco jogos.
Fonte: GE