Em meados de 2013, Flamengo e Fluminense divergiram nos contratos que assinaram com a Odebrecht, àquela altura empossada administradora do Maracanã. Interessados em ganhos maiores em curto prazo, os flamenguistas fizeram um acordo no qual rachavam as despesas das partidas, mas ficavam com um percentual maior sobre a receita líquida conforme colocavam mais público no estádio. O acordo durava só até o fim do ano e seria renovado anualmente toda vez. Já os tricolores preferiram um negócio mais seguro: assinaram um contrato de 35 anos, no qual tinham quase nenhuma despesa para arcar, mas estavam restritos às receitas de uma parte só das arquibancadas. Só faturavam aquele setor que lhes pertencia. Essa divergência hoje faz toda diferença – mas pelo motivo errado.
Conforme o negócio da Odebrecht desmoronou no Maracanã, a construtora quis abandoná-lo. Teria rompido o contrato de concessão com o governo do estado do Rio de Janeiro, que lhe dá a administração do estádio, se não tivesse sido compelida pela Justiça a continuar nele até que se encontre uma solução. Mas a solução não vem. O governo não se decide sobre o que fazer com o Maracanã, entre opções como entregá-lo a um outro administrador privado ou ceder a gestão dele aos clubes de futebol. Enquanto isso não acontece, a Odebrecht cruza os braços e se recusa a tocar a concessão como deveria. A empreiteira não faz as manutenções necessárias no equipamento público, e as direções dos times assumem essa responsabilidade pontualmente quando precisam jogar nele. Como na Libertadores. Como em clássicos.
Nesse cenário, o Fluminense se dá bem no curto prazo porque tem aquele contrato de três décadas debaixo do braço. Coloquemos números para deixar a comparação clara. No Fla-Flu do primeiro turno do Campeonato Brasileiro, no qual os tricolores eram mandantes, o Fluminense pagou R$ 100 mil de aluguel e R$ 422 mil por manutenções que na concessão original eram responsabilidade da Odebrecht. A construtora bem que gostaria de cobrar um aluguel muito maior, mas o aditivo do contrato dela com o clube, que aliás ainda é motivo de disputa na Justiça, impõe o teto de R$ 100 mil. O resultado financeiro da partida foi dividido entre os dois rivais após comum acordo, de modo que o Fluminense foi para casa com R$ 267 mil e o Flamengo com outros R$ 227 mil. São cifras muito menores do que um clássico tradicional como o Fla-Flu, ainda mais num estádio como o Maracanã, deveria gerar aos clubes. Mas não é de todo ruim quando se compara aos números do Flamengo.
No Fla-Flu do segundo turno da competição nacional, o Flamengo teve de negociar com a construtora pontualmente para que fizesse uso do estádio. Como não tem um contrato que lhe dê vantagem sobre a construtora, como o adversário tem, não tinha nenhuma barganha e saiu da negociação com valores muito piores. A partida custou R$ 250 mil em aluguel, além de R$ 594 mil em custos que pertenceriam à Odebrecht se a concessão fosse respeitada. Ambos os valores são superiores aos que o Fluminense pagou, dadas as diferentes condições com que cada um entra na negociação com a empreiteira. Um clube só não sobe nas costas do outro diante dessa situação porque as duas diretorias, antes do primeiro clássico, concordaram que os resultados deveriam ser divididos por igual. Sendo assim, o Flamengo teve uma receita líquida de R$ 11 mil e o Fluminense de R$ 13 mil no clássico do returno. Se não houvesse esse acordo pela divisão dos lucros, os tricolores levariam vantagem sobre os rubro-negros por causa das escolhas feitas em meados de 2013.
Os dois clássicos previstos entre Flamengo e Fluminense na Sul-Americana, nas quartas de final da competição latina, não terão o mesmo cavalheirismo. Não haverá divisão de renda. Os Fla-Flus de ida e volta precisarão ser jogados no Maracanã porque não há outro estádio no Rio de Janeiro, além do Nilton Santos, pertencente ao Botafogo, desafeto flamenguista, que comporte clássicos com torcidas mistas. A Ilha do Urubu, que está alugada ao Flamengo, não comporta com segurança um jogo no qual as arquibancadas se dividem igualmente entre rubro-negros e tricolores. Assim, a perspectiva é de desigualdade. O Fluminense, respaldado por um contrato de longo prazo que coloca um teto no aluguel cobrado pela Odebrecht, provavelmente terá resultado financeiro muito melhor do que o rival, que assumiu uma posição mais arriscada ao negociar contratos de curto prazo, uma decisão da gestão Eduardo Bandeira de Mello tomada lá em 2013, e agora não tem nenhuma carta na manga ao negociar aluguel e custos do Maracanã com a empreiteira.
Reprodução: Rodrigo Capelo/ ÉPOCA
De novo????
Essa notícia é de outra Época. Na Ilha, todos os jogos até 20 mil podem ser feitos sem stresses.
Só mesmo a Semi-final e a Final precisarão ser feitas em outro lugar, mas as quartas podem perfeitamente serem feitas lá
O Fla precisa ter seu estádio para 70 mil pessoas!
55 mil tá bom d+
O mais importante é ter um. Depois se decide se faz expansão. O que precisamos é que comecem a colocar os tijolos, mas conhecemos a burocracia das licenças municipais/estaduais.
SRN
70 mil não, 50 já tá bom
Não lota nem a ilha com 20mil
Não lota nem a ilha com 20mil…
Esses canalhas estão ganhando tempo e empurrando com a barriga a questão do Maracanã, depois da última partida que o Flamengo ficou com apenas 12 mil reais da renda de mais de 1 milhão, eu apoio a diretoria em tirar todos os jogos de lá.
SRN #EnfiaNoCú