Anderson Varejão é tido como um dos mais carismáticos e respeitados jogadores do basquete até mesmo no cenário internacional. Na Europa, pelo Barcelona, foi campeão da Euroliga. Na NBA, teve longa carreira pelo Cleveland Cavaliers, onde se tornou parceiro de LeBron James e ganhou até o “dia das perucas”, quando todos os torcedores no ginásio e até mesmo seguranças, apresentadores de TV e funcionários vestiam perucas que imitavam seu cabelo.
No Golden State Warriors, não jogou toda a temporada, mas foi homenageado com um anel de campeão da liga americana. Nesta quinta-feira, 16 anos depois de fazer sua última partida pelo Franca em 2002, estreia com a camisa do Flamengo na Arena Carioca 1, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca, às 20h30 (de Brasília). Mas você conhece mesmo Varejão? Em homenagem à camisa 17, que ele vai usar no Rubro-Negro, o GloboEsporte.com conversou com o jogador e listou 17 coisas que você precisa saber sobre o pivô.
– Espero que minha estreia seja boa. O pessoal do Flamengo sabe da minha situação. Estou desde fevereiro do ano passado sem jogar. Joguei só duas vezes com a seleção há pouco tempo. Vai faltar ritmo, normal. Mas o time vem em um momento bom, jogando bem. Venho para somar. Ganhamos os últimos oito jogos. Minha ideia é de chegar com um ritmo legal nos playoffs. O campeonato está igualado. Não tem vida fácil. Campo Mourão não está com uma campanha legal, mas temos que respeitar e jogar de igual para igual dentro de quadra. Espero que a gente consiga lotar a Arena Carioca 1 e que a festa seja do Mengão – comentou, lembrando que o Fla lidera com 86,7%, sendo 13 vitórias e duas derrotas.
Confira os 17 fatos que você precisa saber sobre Varejão:
1) Amizade com LeBron James
– Peguei duas fases. Quando moleque, brigava por o espaço, mas já tinha muita moral. Todo mundo já falava do potencial. O primeiro LeBron era um cara de muito talento, inteligente e fisicamente um animal. Mas o grande diferencial dele foi sempre ter tido muita inteligência dentro de quadra e também toda a preparação que faz. É o que costumamos dizer: “Quanto mais a gente treina mais sorte a gente tem”. Ele treina muito, se cuida, é um dos caras mais profissionais que eu já conheci. Já tinha essa mentalidade desde moleque. Quando ele voltou de Miami, era mais maduro, com dois títulos na conta. Sabia mais os atalhos dentro de quadra e com uma leitura de jogo impressionante e foi melhorando detalhes no jogo dele e no corpo que o tornaram quem é hoje.
2) Golden State e o anel de campeão da NBA*
– Às vezes a gente pensa que não foi tanto tempo, mas o que importa não é a quantidade de tempo, sim a qualidade. No GSW, foi muito legal desde o início, nada forçado. A forma que eles me receberam foi bem legal. Contou bastante eu ser mais velho. A maioria deles certamente assistia ao Cleveland do LeBron, que eu fazia parte. Acompanharam inha trajetória e existia um respeito mútuo. Foram quase dois anos de muita coisa acontecendo, de recordes e título. Foi tudo muito intenso. A gente criou um vínculo grande. Quando eu saí do time, mantive contato. Foram dois anos lá muito bons, de muita qualidade para receber o anel que eles fizeram questão de me dar.
– Futebol, né? 90% dos moleques do Brasil vão bater uma peladinha qualquer dia. É muito fácil, dois chinelos de cada lado e está tudo pronto. Eu gosto muito de futebol e tento acompanhar. Sou flamenguista.
4) Momento mais marcante como torcedor do Fla
– Assisto mais aos clássicos, porque todo mundo fala mais e fica mais em evidência. Como torcedor do Flamengo, lembro muito da época do Júnior, do Zico um pouco menos, mas o gol do Petkovic não tem como não lembrar. Foi um momento marcante.
5) Ídolos
– Sempre tive meu irmão como espelho. 11 anos mais velho, então sempre o acompanhei jogando. Ele foi sempre minha grande referência, sempre quis alcançar o que ele alcançou, de jogar na seleção e também no universitário americano. Também admiro muito o Michael Jordan.
6) Comida e bebida preferidas
– A que mais gosto é churrasco. Desde moleque. Também arroz e feijão, tomate cortado, uma carninha, um bife… Lembro quando era moleque, antes dos 11 anos mesmo, porque lá em casa era regrado. Você só comia o bife se botasse arroz e feijão. Minha mãe olhava tudo. Pegava o bife rapidinho e botava logo arroz e feijão por cima, para ninguém ver que eu tinha pegado. Aí colocava a saladinha, as outras coisas e depois pegava o maior bife como se tivesse pegado um bife só (risos). Lá em casa nunca faltou nada, mas meus pais tinham essa coisa de que se você quisesse mais alguma proteína, tinha que ter arroz e feijão. (De bebida), gosto de água de coco, água com gás. Tenho evitado refrigerante. Também curto um suco de laranja ou limão.
7) Churrascarias salvaram nos EUA
– Lá é muito purê de batata e coisas assim, então a gente acaba achando as churrascarias. Na minha primeira semana de Cleveland, tinham acabado de abrir uma churrascaria, eu vivia lá. Literalmente até, porque no meu segundo ano lá eu morei no mesmo prédio da churrascaria, só que em cima. Então só era descer o elevador que eu estava lá. O bom de hoje em dia é que tem tudo lá fora. Então você acha qualquer tipo de comida de qualquer lugar do mundo, aí não precisava ficar só no arroz e feijão.
8) Pessoa crucial para a carreira
– Um dos caras mais importantes para eu ter virado jogador foi o Alarico Duarte, lá em Vitória. Comecei a jogar basquete no Saldanha da Gama, e o Sandro (irmão) também havia jogado lá. Existiam poucos times que disputavam o Capixaba, e o Alarico foi o cara que conseguiu patrocínio para gente jogar o Mineiro também. Não esqueço os finais de semana em que a gente ia treinar no Saldanha na quadra coberta e depois passava o dia todo na piscina. Era aquela molecada toda na brincadeira. Ele conseguiu proporcionar para a gente algo a mais além do basquete. Conseguiu segurar a gente com algo a mais, tipo uma família. Anulou as chances de alguém desistir do basquete por esse tipo de dificuldades. O Alarico foi fundamental.
9) Dia das Perucas na NBA*
– Era muito bacana. O reconhecimento do fã é o que faz a gente continuar, mesmo com todos os obstáculos. Quando eu cheguei lá, não imaginava que isso poderia acontecer. Eu só sabia que ia me dedicar e ia dar o meu melhor e acabou sendo algo muito maior. Modéstia à parte, é fruto do meu trabalho e fico muito feliz com isso. Levarei esses momentos para o resto da minha vida. Seria bacana se rolasse aqui no Flamengo. Imagina lotar a Arena Carioca 1 de perucas. Tem tudo para dar certo. Eu topo (risos).
*na NBA, pivô foi homenageado pelos fãs com um dia onde todos usavam peruca no ginásio.
10) Cabelo marcante e cuidados
– O negócio do cabelo foi o seguinte: no início eu comecei a deixar crescer, colocava trança direto na época de Franca. Quando cheguei nos Estados Unidos era legal porque era diferente. Eu lavo (risos), mas não faço nada muito diferente. Algum produto ou outro para cabelo cacheado, mas não fico muito em salão não.
11) Estilos de música preferidos
– Eu gosto de pagode, sertanejo, rock, mas não pode ser rock muito pesado. Na minha playlist não tem nada de muito especial. Depende do momento. Na academia eu escuto alguma coisa, em casa outra.
12) Música que usa como inspiração
– Eu curto muito Cidade Negra, que é aquele “Você não sabe o quanto eu caminhei, pra chegar até aqui”, porque me lembra muito da minha vida. As vezes as pessoas não ficam sabendo dos problemas que você passa, das lesões. As pessoas só sabem que o cara machucou e que um dia ele voltou a jogar. Então aquele período todo de recuperação, o sofrimento, fisioterapia e a rotina chata ninguém vê. Por isso essa música é bacana para dizer isso aí.
13) Paixão por Barcelona e Cleveland*
– Eu me identifiquei muito com Barcelona. Lá tem tudo. Eu sou suspeito para falar, a qualidade de vida é impressionante… Eu sei que muita gente acha frio e diz que não tem nada para fazer, mas eu gosto de Cleveland. A verdade é que não é o lugar, mas sim com quem você está.
*Varejão jogou no Barcelona de 2002 a 2004, e em Cleveland, de 2004 a 2016
14) Superstição ou mania
– Eu não tenho muitas superstições. Mas tenho uma coisa… Por exemplo, se um dia o jogo foi bom, eu joguei bem e o time ganhou, eu repito minha preparação toda para o próximo jogo. Mas pode ser que seja um desastre, então essa superstição eu já desisto (risos).
15) Se não fosse jogador de basquete…
– Chegou um momento na vida em que eu tive que escolher entre fazer uma faculdade e jogar. Isso aconteceu quando eu já estava tendo oportunidades no time adulto e acabei me mantendo no basquete. Se não desse certo faria uma faculdade. Eu gosto muito de animais, pensei em ser veterinário ou algo do tipo.
16) Melhor amigo na carreira
– Zydrunas Ilgauskas foi meu melhor amigo lá. Eu joguei com o melhor amigo dele no Barcelona antes então já sabia que ele era um cara sensacional. Ele foi um mentor para mim. Me ajudou muito com tudo, inclusive com o inglês.
*Zydrunas Ilgauskas é da Lituânia e tem 42. Jogou como pivô no Kaunas, em seu país, no Cleveland Cavaliers e, em seguida, no Miami Heat
17) A escolha pelo 17
– O 17 aconteceu por acaso na verdade. No Franca, naquela época usava-se do 4 ao 15, então a molecada usava o 15, 16 e tal. Aí sobrou o 17. Deu certo e eu nunca mais troquei. No Barcelona me deram a 16 no primeiro ano, mas no segundo consegui trocar para a 17.
Novo ídolo do orgulho da Nação