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Um meio de campo muito técnico, com posse de bola, que envolva adversários até entrar na área. No mundo ideal, este é o Flamengo que Carpegiani quer ver e levar para a disputa da Libertadores. Em nove dias o time enfrenta o River Plate, no Nilton Santos vazio, no grande desafio deste início de temporada.
A conquista da Taça Guanabara foi mais um passo na consolidação do modelo de jogo desejado por Carpegiani, mas deu mostras das dificuldades que o time pode ter quando não encontrar espaços para tocar bola e infiltrar. Parece faltar alternativas antes de recorrer a bolas altas para a área, como na origem do primeiro gol. No sistema 4-1-4-1 de Carpegiani, a movimentação intensa dos cincos homens de frente (os quatro meias, mais Henrique Dourado) força o freio no avanço dos laterais.
Contra o Boavista, diferentemente do Botafogo, o que se viu foi um time com dificuldade de articular jogadas pelo chão. Foram 25 bolas levantadas na área – numa deles, Réver tocou para trás e Kadu Fernandes abriu o placar. O Boavista se defendeu com 10 homens atrás da linha da bola e cercou o Flamengo.
O Flamengo poderia ter nos laterais – e até em infiltrações de Cuéllar, o que tem sido raro dadas preocupações defensivas com um meio de campo mais leve – elementos surpresas para a ultrapassagem e triangulações na área. No segundo tempo, quis mais agressividade e, para isso, colocou Rodinei, que atacou mais.
Mas participação ofensiva de Pará e Renê – cada um com três cruzamentos na final da Guanabara – foi pequena. Por que? Carpegiani explica que quer segurança no time. De fato, até são oito jogos na temporada sem perder e apenas um gol sofrido. Na coletiva de imprensa, falou em engrenagem e citou zagueiros, que podem ficar expostos se Cuéllar e os dois laterais, por exemplo, não guardarem lugar no sistema defensivo.
– Gosto de laterais que apoiam? Sim. Poderemos ter dificuldade em termos de zagueiro, de ter maior segurança? Poderemos ter. Então tudo isso faz parte de um contexto, de uma engrenagem da equipe que você tem que estar consciente para a equipe ter firmeza atrás, saída e fluidez pelos lados e que o meio consiga ser bastante competitivo quando não está com a bola. Mas isso leva um pouco de tempo. Talvez estamos em cima do tempo? Talvez. Mas estamos forçando. Com essa qualidade que nós temos estamos tentando tornar essa equipe cada dia mais competitiva – disse Carpegiani.
Olho no River Plate
O técnico trabalha para diminuir as distâncias entre e a defesa, o meio e o ataque. Em alguns momentos no primeiro tempo, o Boavista conseguiu triangular e incomodar pelos lados do campo e na intermediária, entre Cuéllar e os zagueiros. O risco do 4-1-4-1 do Flamengo é de isolar um bloco de defesa, com dois zagueiros, dois laterais e o primeiro volante, dos cinco homens de frente (Evertons, Diego, Paquetá e Dourado).
Sem fazer mistério sobre seus pensamentos e avaliações, o treinador quer tempo para avaliar a produtividade da equipe desta maneira. Lembrou que tem estudado o River Plate, um adversário “competitivo” e de “muita tradição”, como definiu, sem levar em conta a má fase do time no Campeonato Argentino. Mas ainda quer analisar com calma as virtudes e os defeitos de sua equipe. Não descartou mudanças.
– Poderia colocar mais um volante, mas teria que sacar alguém. Temos que evoluir mais. Os adversários, fatalmente, serão muito mais exigentes na Libertadores. Mas os jogadores demonstram vontade muito grande, uma qualidade quando estão com a posse de bola excelente. Temos que definir melhor, ter marcação mais apertada, ser mais competitivos sim. Se não sentir essa evolução logicamente terei que fazer modificações. E as farei conforme for necessário – afirmou Carpegiani.
Reprodução: Globo Esporte