No domingo o Novo Maracanã, o maior estádio sem estacionamento do mundo, abrirá seus portões para mais uma edição do Fla-Flu, o charmoso, tradicional e centenário embate entre a Flor e o Espinho. Desse vez revestido de ainda maior importância, pois será o primeiro Fla-Flor da era do assento retrátil.
Considerando a irregularidade que tem sido a marca das duas equipes até agora no Brasileiro o mais famoso clássico interdivisional do mundo tanto pode ser um jogão como pode ser uma pelada. Com bem maiores chances para a segunda opção. Porque tanto na Gávea quanto em Laranjópolis a pressão por resultados mais condizentes com o custo dos times tem sido constante. Quem perder vai ficar em posição esquisita na tabela e por isso é bem possível que tanto Mano quanto Luxa protejam seus salários e armem seus times fechadinhos.
Uma das inúmeras tradições do clássico diz que as maiores chances de vence-lo são da equipe que estiver em pior momento. Se essa escrita valer mesmo aumentam ainda mais as chances de um empate, já que nenhum dos dois anda bem na competição. Não será a primeira vez em que Flamengo e Flor se enfrentarão no Brasileiro na condição de vizinhos na parte baixa da tabela. Mas dessa vez existe uma pequena, mínima vantagem estatística à favor do Mengão, o mando do jogo.
Sim, o mando é do Flor, ou seja, é um jogo fora pro Mengão. E se nosso aproveitamento em casa é uma vergonha (6 pontos em 6 jogos), quando jogamos fora temos sido mais consistentes (8 pontos em 6 jogos). Mas também passou daí um abraço, o negócio tá bem equilibrado. Aproveitamento, gols marcados, gols sofridos, etc. Entre Fla e Flu está tudo muito nivelado. E nivelado por baixo.
O Flamengo, como só nós sabemos e os últimos resultados comprovam, é uma incógnita. Como estamos há tanto tempo morando na antessala da crise que fica na boca do vulcão nem percebemos o ponto da fervura da lava sob os nossos pés, de uma hora pra outra o bagulho dá uma sacudida e aí é aquele alvoroço. A torcida, que não chegou junto na compra antecipada de ingressos, está visivelmente desconfiada. Tá certa, um time que perde pontos como perdeu pra náuticos, pontes e portuguesas da vida não mesmo é digno de nenhuma confiança.
Mas a gente também sabe o quão sem vergonha é a playboyzada foragida da Série B. E sabe também como elas costumam se intimidar e apequenar diante da imponente presença física do Flamengo naquele gramado histórico. O Mengão tem que começar à toda velocidade, como fizemos com as galinhas semana passada. Pra aproveitar aquele tempo em que as flores ficam embasbacadas, boquiabertas com o Manto, e construir a sua vantagem. Ou seja, o Flamengo tem que entrar fumegando e pressionar até ouvir os gritinhos de pavor. Não é tão difícil.
Bacana mesmo é que o Fla-Flu volta ao Maracanã, seu grande palco, depois de quase 3 anos de ausência. Como o jogo é no Dia dos Pais às 4 da tarde não se deve esperar uma grande público. Nem o movimento prévio das bilheterias, quem tem sido morno, permite essa esperança. Arrisco um prognóstico de 30 mil pagantes, mais os 12 mil abas de praxe, claro. O que ainda não será suficiente para encher a casa e repetir os incandescentes Fla-Flus de antigamente, mas já vai ser bem melhor do que os ultimamente disputados no muito sem graça Vazião do Engenho de Dentro.
Como os mais perspicazes devem ter percebido, estou passando por uma violenta crise de sobriedade. Me desculpem a má forma, por sorte é sexta-feira à noite. Com o tratamento intensivo que vou começar agora mesmo espero estar recuperado até domingo. Loucura, aqui vou eu.
Fonte: Urublog