De volta ao Flamengo em janeiro deste ano, depois de uma conturbada passagem em 2011, Alex Silva imaginou reescrever sua história no clube. Mas o Rubro-Negro e o zagueiro continuam sem escrever juntos um capítulo feliz. Na última sexta-feira, Pirulito chegou a um acordo para sair, e a rescisão será assinada até a próxima quarta. Com salário de R$ 300 mil mensais e vínculo até junho de 2014, ele teria a receber R$ 3,3 milhões. O jogador abriu mão de metade do valor e aceitou receber o restante, R$ 1,6 milhão, em dez parcelas. Além disso, ouviu a promessa da diretoria de que receberá dois salários que estavam atrasados.
Afastado do grupo desde abril, Alex diz que a solução do caso será boa para ele e para o Flamengo. A saída, segundo o defensor, era a única alternativa.
– Confesso que foi um alívio. Foram seis meses de sofrimento, uma coisa nova na minha carreira, nunca tinha acontecido. Apesar dos 28 anos, são 11 de carreira profissional. Várias vezes cheguei em casa triste, foram seis meses sem acompanhar futebol, sem ler jornal, apesar de entender as críticas. Muitas vezes chorei no meu quarto. É complicado. Voltei ao Flamengo depois de uma cirurgia grave no Cruzeiro, a expectativa era grande, mas não aconteceu. A torcida não teve um pouco de paciência comigo, não pude dar sequência ao meu futebol como ocorreu em 2011, com o Vanderlei (Luxemburgo). Naquele ano, ajudei o time a ir para a pré-Libertadores, mas errei quando decidi não viajar para a Bolívia (no início de 2012). Fiz aquilo porque a antiga diretoria não cumpria com o combinado. Esse acordo de rescisão foi uma coisa boa não só para mim, mas para o Flamengo também.
Na época em que o jogador foi afastado, a diretoria informou que a decisão fora tomada por opção técnica de Jorginho. A justificativa não agradou, e o zagueiro ficou chateado com o ex-treinador. Segundo ele, Jorginho disse que o alto salário (R$ 300 mil) seria o principal entrave para a permanência. A diretoria, por sua vez, empurrou a responsabilidade para o comandante.
– Não tenho o que reclamar da diretoria, acho que o problema maior realmente foi a mudança no comando técnico. O Dorival (Júnior) tinha uma opinião e com o Jorginho era outra. Acabou acontecendo o afastamento, não posso deixar de lembrar que a tocida não estava satisfeta com minha volta, respeito a opinião dela. O Flamengo é o que é pela torcida que tem.
Antes de ser colocado para treinar longe dos companheiros, Alex Silva pediu um tempo a Jorginho e ao diretor de futebol Paulo Pelaipe após a derrota por 2 a 1 para o Audax, na quarta rodada da Taça Rio, no dia 31 de março. O jogador foi muito criticado pelos torcedores depois daquela partida e chegou a rebater as críticas. Deste então, não foi mais relacionado, apesar de treinar normalmente.
– Sobre o episódio da torcida, eu sabia o que ia enfrentar quando voltei. Não fujo da minha responsabilidade. Se os resultados não viessem, a cobrança viria. Não sei o que a antiga diretoria colocou na cabeça do torcedor. Naquele episódio diante do Audax, quando a torcida pegou no meu pé mais forte do que nos jogos anteriores, ali eu pensei no grupo, na diretoria, na comissão técnica, quando tomei a decisão de não viajar para Belém (para jogar contra o Remo, pelo Copa do Brasil). O problema era eu, e poderia criar problemas ao grupo. Quando pedi para não viajar, as atenções ficaram voltadas para mim. Isso deu tranquilidade ao grupo.
Jogador admite defender clubes de menor expressão
Agora, o zagueiro e seu empresário, Orlando Almeida, vão conversar com outros clubes para ouvir propostas. Alex tem pressa e diz que pode jogar num clube de menor expressão.
– Sem saber a decisão, não poderia abrir negociação com clube nenhum. Poderia acontecer de ser reintegrado com a chegada do Mano (Menezes). Meu empresário sentou com o Pelaipe, resolveram da melhor maneira. Agora as coisas se tornam mais fáceis. Foi um ano de carreira perdido. Minha cabeça mudou. Sempre fui explosivo, não respeitava hierarquias. Muita coisa prejudicou a minha carreira. Deixei de lado os momentos polêmicos nesse retorno ao Flamengo, não tive problemas em seis meses. Hoje, só quero recuperar meu futebol. Seja em clube grande ou de menor expressão. Tenho 28 anos, posso jogar em alto nível ainda. As três cirurgias (de joelho) não impedem isso, desde que você seja mais profisisonal. O Paulo André, do Corinthians, tem sete cirurgias e joga em alto nível. Foi campeão mundial.
Alex deixa o Flamengo com a mesma ideia de quando chegou em 2011: reerguer-se.
– Infelizmente, não aconteceu nesse grande clube, mas tenho que agradecer ao Flamengo e aos torcedores também. A torcida já gritou meu nome em 2011. Vivi coisas boas aqui, sou querido pelo grupo. Estou com vontade grande de dar a volta por cima e recuperar meu futebol. Espero que isso possa acontecer no próximo clube. Meu objetivo maior é estar bem fisicamente. O segundo é ter chance de jogar. O terceiro é jogar em alto nível. O quarto é pensar em títulos e seleção brasileira. Preciso recuperar minha imagem e meu futebol.
Fonte: GE