Os dirigentes do Flamengo, que gostam de posar de arautos da modernidade, agiram como qualquer cartola comum. Na realidade, até pior. Primeiro se recusaram a reforçar substancialmente o time, alegando que os desconhecidos que foram buscar no interior paulista seriam suficientes, e mais, que os meninos da base ajudariam a dar conta do recado. Depois, jogaram a culpa da péssima campanha no Brasileiro sobre os ombros do técnico, providenciando a sua demissão.
Ora, qualquer sujeito que conhece um mínimo de Flamengo, e que enxerga futebol, sabia que os maus resultados continuariam acontecendo. Sim, pois se o time já era ruinzinho, teria tudo para ficar ainda pior, o que acabou ocorrendo, pelo inchaço do elenco, com a chegada de jogadores sem qualquer representatividade, e com as tentativas fracassadas de aproveitar os juniores, dado que nenhum deles conseguiu vingar efetivamente, apesar da insistência.
Na prática, Jorginho não deveria ter qualquer responsabilidade nesse processo, dada a fragilidade geral, mas o fato é que também teve a sua parcela de culpa, ao afirmar repetidamente que o elenco tem qualidade, e que as promessas da base logo logo teriam peso para o seu trabalho. O (ex) técnico deveria ter exigido reforços de verdade, e mais, feito uma análise realista da base, alertando os cartolas para a necessidade urgente de montar um time capaz de competir em nível no mínimo razoável.
Vale lembrar, pela enésima vez, que tem gente, como esse que vos escreve, que acompanha futebol há 50 anos, e que conhece notadamente o Flamengo de cabeça para baixo, e que jamais será facilmente enganado. Será que os novos dirigentes acreditaram de fato que o projeto Sócio-Torcedor poderia se transformar num sucesso absoluto com esse timinho? Ora, futebol é resultado. E o Flamengo é sobretudo futebol. Sem vitórias convincentes e sem briga por títulos não há rubro-negro que possa se entusiasmar.
De nada adiantará contratar o melhor treinador do mundo, o mais caro de todos – ou mesmo quem sabe uma divindade extraterrestre – se a equipe continuar a mesma. Aí sim, será jogar dinheiro no lixo. Não se iludam. Com esse timinho, o Flamengo poderá até entrar em 2014 com a casa arrumadinha, cheirosa e confortável, e no entanto, para receber os adversários que terá na segundona do Brasileiro.
Convidem dois ou três dos campeões mundiais de 1981, eternas referências e exemplos na história do clube, para comandar o futebol, e contratem para valer. Há um mês pela frente para mudar o quadro. Caso contrário, Série B no ano da Copa, lembrando sempre: Série B, pague barato para entrar, reze muito para sair. O desafio está lançado.
Fonte: Lancenet