A alegria, a irreverência e a provocação sempre foram marcas do futebol brasileiro dentro e fora do campo. Os dribles de Garrincha, os cantos das torcidas (não os racistas ou os que incitam a violência), o agitar das bandeiras, as declarações bem-humoradas e irônicas de craques como Romário, Renato Gaúcho, Dadá Maravilha, Vampeta e Edilson, tudo isso fez história e faz parte da essência do nosso fut. São características que o futebol do Brasil não pode perder.
Nos últimos tempos, de várias situações, tem muita gente defendendo a chatice. Juízes punem comemorações de gol como se fosse pecado extravasar a alegria. Em São Paulo, as bandeiras continuam proibidas nos estádios como se mastros fossem armas de guerra. A intolerância impede que se saia às ruas com a camisa do clube do coração com medo de sofrer agressões de rivais. E o poder público não consegue cumprir o mais importante: expulsar os vândalos travestidos de torcedores do cenário do futebol. Isso sim, medida necessária.
Há poucos dias , mais uma vez, um drible moleque, magistral, entre outros de Neymar, virou motivo de polêmica. O atacante Nunes do Botafogo de Ribeirão Preto reclamou que foi humilhado, reagiu de forma despropositada: “Pensei 10 vezes. Eu ia quebrá-lo”. Absurdo total. Mas houve quem incriminasse a Joia, como se driblar fosse agredir, humilhar, não fosse simplesmente do jogo, não fizesse parte, como o gol, da magia que alimenta e dá brilho ao futebol.
Nos sempre defendemos a irreverência, a alegria nos campos e nos assuntos da bola. Sempre pautou dessa forma a sua linha editorial, brincando, provocando, desafiando os torcedores, alimentando paixões. Qualquer que seja o clube, nunca aqui se perdeu a oportunidade de fazer piada. Sempre respeitando a instituição. Foi esta a filosofia de manchetes como “Pior que o Tabajara”, debochando de uma derrota palmeirense, “Valeu, Ceni!” quando o goleiro entregou um jogo para o Fluminense com um frango, “Tetra-Vice” quando o Vasco perdeu uma sequência de títulos para o Flamengo e a recente “Chupa, Corinthians”, que tanta polêmica provocou em algumas comunidades corintianas. Algumas vezes podemos ter errado no tom, nos termos. O que não justifica tentativas de censura, tão inaceitáveis para nós quanto a chatice e a intolerância no esporte.
Nossa crença é que o nosso fut não pode perder a graça. O futebol um negócio que envolve milhões, que tem registrado avanços na sua gestão mas que ainda está distante da profissionalização que explore todo o seu potencial – é acima de tudo entretenimento. Um momento que une pais e filhos nos estádios ou em frente à TV, que faz multidões extravasarem suas paixões. Respeito, civilidade e segurança são fundamentais para garantir a festa. Mas a alegria não pode morrer.
Fonte: Lancenet
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