Ao vencer as eleições no Flamengo no fim de 2012, o atual presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, tinha como objetivo sanear as finanças do clube. Cortou gastos, encerrou apoio profissional a algumas atividades e buscou reduzir a folha de pagamento no departamento de futebol.
Mas, como se estivesse enxugando gelo, o clube ainda se mantém como o maior devedor do futebol brasileiro, chegando, segundo a consultoria BDO, a R$ 759,4 milhões de dívidas em 2014. Bandeira de Mello, porém, busca reverter o quadro herdado em função de gastos excessivos em administrações anteriores. É o que afirma o influente conselheiro, Ronaldo Gomlevsky, que abriu mão de sua candidatura à presidência para se aliar à chapa do atual mandatário.
— (As causas das dívidas) foram muitas gestões seguidas, durante muitos anos, com incapacidade de gestão financeira, muitas atitudes mal pensadas em relação a demissões e rescisões de contratos com técnicos e atletas, realizadas sem que se prestasse atenção nas altas multas a serem pagas e o vício de não se privilegiar pagamentos de impostos.
Membro do conselho de gestão, Gomlevsky ainda cita alguns negócios que, na visão da cúpula do clube, foram mal conduzidos, como a questão do Consórcio Plaza, em que receitas do clube ficaram penhoradas pela Justiça. Ele também afirmou que a Lei Pelé pegou os dirigentes desprevenidos, o que motivou, segundo ele, um descaso em relação às categorias de base.
— Quem não investe nas divisões de base, não fabrica e, portanto, tem que comprar pronto, É como um país que não tem indústria. Vide a Itália. Economia em descida vertiginosa, exportações abaixo da crítica e importações estratosféricas.
Diante deste cenário, ele vê com alívio a chegada do técnico Vanderlei Luxemburgo, que com o suporte do vice de futebol, Alexandre Wrobel, comandou a recuperação do time no Campeonato Brasileiro, afastando a equipe da zona de rebaixamento para permanecer em uma colocação intermediária.
— Não há relação entre a melhoria do time na tabela e qualquer engenharia financeira da diretoria, em minha opinião.
Segundo o conselheiro, em função do acúmulo de dívidas, o clube ainda levanta empréstimos para fazer frente aos seus compromissos. A previsão da diretoria, porém, é começar a reverter este quadro com a entrada de importantes receitas, com o crescimento do programa sócio-torcedor, hoje o quarto maior do Brasil.
A intenção do presidente é chegar a pelo menos 2% dos torcedores do clube, alcançando o número de 880 mil inscritos no programa, o que para ele possibilitaria a manutenção com folga do departamento de futebol. Gomlevsky diz que a diretoria aposta na evolução do time dentro de campo para obter mais receitas com a iniciativa.
— O Flamengo hoje paga impostos em dia. Esse fato já é muito importante e vai pesar na solução dos problemas financeiros, a médio prazo. O programa de sócio-torcedor gerou receitas e continua gerando, mas necessita de respostas em campo que de certa forma, hoje, começam a aparecer, para ser incrementado.
Mas diante do cenário, ele não descarta a possibilidade de o clube voltar a atrasar salários, algo que ocorreu no meio do ano.
— Penso que os salários podem vir, sim, a atrasar de novo, se bem que identifico uma titânica luta da diretoria contra esta possibilidade.
Fonte: R7