Márcio Araújo recua, Canteros infiltra, Eduardo da Silva e Alecsandro abrem espaços, Everton busca a diagonal e deixam os corredores para os laterais Leonardo Moura e João Paulo. Foi a movimentação ofensiva que, junto com os erros patéticos da defesa cruzeirense, derrubou o líder do Brasileiro nos 3 a 0 do domingo.
Não funcionou na volta contra o América-RN pela Copa do Brasil. Muito pela boa marcação do time potiguar. O técnico Roberto Fernandes compensou os vários desfalques apostando no encaixe da marcação: Lázaro recuando como zagueiro para cuidar de Eduardo da Silva e garantir a sobra dos zagueiros Cleber e Edson Rocha contra Alecsandro. Wálber pegava Everton de um lado, Thiago batia com Léo Moura do outro. Paulinho voltava acompanhando João Paulo. O volante Judson esperando Canteros e Andrezinho seguindo Márcio Araújo, deixando Jéferson com Cáceres e Isac contra Marcelo e Samir.
Flamengo com mobilidade na frente, mas sem criatividade e rapidez para vencer o encaixe bem
coordenado do América-RN.
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O time de Vanderlei Luxemburgo teve 63% de posse, mas travou no primeiro tempo pela concentração sem bola do adversário que desarmou corretamente 18 vezes, contra apenas oito do Fla. O ataque rubro-negro era móvel, porém lento. Sem deslocamentos em progressão, tabelas rápidas e envolventes, arrancadas procurando a linha de fundo. O técnico tentou inverter o lado de Everton para acelerar à direita. Sem sucesso.
Flagrante da movimentação do ataque rubro-negro no primeiro tempo, porém sem rapidez e contundência.
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Resultado: apenas quatro finalizações, mas nenhuma no alvo. Percebendo as dificuldades do favorito no Maracanã, o América avançou a marcação e arriscou mais que o esperado: três conclusões, mas também sem acerto.
No final da primeira etapa, Luxemburgo teve que trocar Marcio Araújo, lesionado, por Gabriel. Mudança tão ousada quanto a entrada de Nixon na vaga de Eduardo da Silva depois do intervalo. O Fla ficou espaçado, deixando brechas entre os setores. Roberto Fernandes arriscou Rodrigo Pimpão na frente. Saiu Jéferson. O jogo ficou perigoso.
Quando Alecsandro precisou deixar o campo com afundamento da testa após dura disputa pelo alto, o técnico foi mais cauteloso na troca: Muralha ao lado de Canteros, à frente de Cáceres. 4-3-3 com Nixon no centro do ataque. Gabriel pela direita, Everton à esquerda. Posições fixas, mas muita velocidade.
Na jogada de Everton, Nixon disputou com a defesa como típico centroavante e Gabriel decidiu. Com em Natal no jogo de ida e contra o Cruzeiro. Ainda provocou a expulsão de Lázaro depois de entrada duríssima. Sem chances de outro “Maracanazo”, mesmo com o vermelho para Marcelo que puxou Cáceres para a zaga nos últimos minutos. Números finais: 61% de posse, 15 a 10 em finalizações – cinco a três na direção da meta. Recuperação do Fla até nos desarmes, 17 contra 25. Vitória e classificação na Copa do Brasil com alguns sustos diante de um time que luta apenas para se manter na Série B.
Olho Tático
No 4-3-3, Flamengo resolveu o jogo e o confronto em contragolpe com Gabriel; Pimpão aumentou o poder ofensivo
do América-RN.
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Para o duelo saturado de rivalidade com o Atlético Mineiro na semifinal, é preciso reforçar o sistema defensivo para conter o impressionante volume de jogo do Galo, principalmente em seus domínios – Independência ou Mineirão. Mas também resgatar a melhor combinação de mobilidade e rapidez na frente para criar espaços ou matar nos contragolpes, conforme a necessidade. A infelicidade de Alecsandro abre espaço para Gabriel, talvez com Eduardo da Silva como referência. Duelo sem favoritos que promete.
Fonte: Olho Tático