Processo criminal remete a episódio acontecido no primeiro Fla-Flu da final do Cariocão 2022
Por: Leo José e Vitor Beloti
Diretor de relações externas do Flamengo, Cacau Cotta se tornou o primeiro dirigente de futebol da história a responder processo criminal por um ato desportivo, que aconteceu na final do Cariocão 2022. Após mais de um ano com a ação em aberto, o diretor compareceu à nova audiência sobre o caso às 15h (horário de Brasília) desta quarta-feira (10). Em exclusiva ao Coluna do Fla, Cacau foi incisivo ao dizer que o Rubro-Negro sofre “perseguição”.
— É o Flamengo contra tudo e contra todos, inclusive na Justiça comum. Flamengo sendo perseguido, e agora na minha pessoa. Vai mais na do clube. É porque estou no Flamengo. Se eu fosse do Bangu, do Volta Redonda, do Fluminense, do São Paulo, do Palmeiras, eu não estaria nessa condição. Você já viu dirigente aí chutar jogador dentro de campo, quebrar o VAR […] Já tem mais de um ano que estou sendo perseguido […] Flamengo tem o primeiro dirigente respondendo processo criminal por um ato totalmente desportivo, por unanimidade — diz Cacau.
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O episódio aconteceu em 30 de março de 2022, no primeiro Flamengo x Fluminense da final do Campeonato Carioca — vitória tricolor por 2 a 0. Na ocasião, o árbitro Wagner do Nascimento Magalhães aplicou cinco cartões amarelos para jogadores do Fla no primeiro tempo (Marinho, Vitinho, João Gomes, Everton Ribeiro e David Luiz). Revoltado com a conduta do apitador, Cacau abordou a arbitragem no intervalo e reclamou, segundo a súmula do jogo, com as frases: “Tivemos 60% de posse de bola e você deu cinco cartões amarelos para minha equipe. Você está de sacanagem. Pode anotar meu nome aí”.
— Sou o único dirigente que responde por um ato desportivo. Eu tinha crachá para estar ali. Está na súmula do jogo. Estou sendo perseguido. Quando eu falei para o árbitro apenas o seguinte, está na súmula: ‘Professor, o senhor destes seis cartões amarelos para o meu time no primeiro tempo. Você está de sacanagem?’. E aí me colocaram no processo no juizado do torcedor, como se eu tivesse criando tumulto, incitando a violência — conclui Cacau Cotta.
O diretor de relação externa do Flamengo participa da audiência nesta quarta-feira (10), mas o caso ainda não se deu como encerrado. Mesmo após ser absolvido na Justiça Desportiva por unanimidade (três votos a zero) e ter liminar a favor sobre a suspensão de três meses sem poder ir a estádios no começo de 2022, Cacau Cotta segue respondendo a processo criminal na Justiça Comum e espera pelo desenrolar da ação.
Vale destacar, também, que o Ministério Público do estado do Rio de Janeiro pediu o trancamento da ação penal. O documento foi expedido em 22 de setembro de 2022, alegando que Cacau Cotta não praticou ou incitou a violência no episódio.
VEJA TRECHO DO MP-RJ:
“Nesse contexto, a conduta do paciente não se amolda ao narrado no tipo penal em nenhuma de suas formas: a) “Promover tumulto” – não ficou delineado na descrição da Súmula nada em relação a isso; b) “praticar ou incitar a violência” – também a conduta do paciente não culminou em violência de qualquer espécie; c) “invadir local restrito aos competidores em eventos esportivos” – como acima comentado não houve invasão ao campo de jogo (que é o local restrito aos competidores). Diante do exposto, opina esta Procuradoria de Justiça pela concessão da ordem pretendida, determinando-se o trancamento da ação penal originária.”