Eleições no Flamengo acontecem em dezembro
Por: Tulio Rodrigues e Leo José
Os bastidores políticos da eleição do Flamengo estão mais movimentados do que nunca. Os três candidatos trabalham para obter mais apoios na eleição deste ano. Com a proximidade do início oficial do processo eleitoral, marcado para o dia 31 de agosto, os grupos de sócios definem as preferências pelas candidaturas de Luiz Eduardo Baptista (Bap), Maurício Gomes de Mattos (MGM) ou Rodrigo Dunshee.
Buscando entender o ‘xadrez eleitoral’, a reportagem do Coluna do Fla procurou o posicionamento dos grupos políticos em relação aos candidatos que irão apoiar. Alguns ainda não se posicionaram oficialmente, muitos estão indefinidos e outros apenas demonstram tendências, dividindo-se entre alguns nomes.
No total, 24 grupos políticos movimentam os bastidores do Flamengo. Até agora, oito definiram candidatos. Quem leva vantagem no momento é Rodrigo Dunshee. O escolhido para ser sucessor de Rodolfo Landim herdou uma parte da base de apoio e já conta com cinco grupos definidos: Nosso Fla, Flamengo Raiz, União Rubro-Negra, Vanguarda Rubro-Negra e Fla Esportes. Em segundo lugar está Maurício Gomes de Mattos, que já conta com Frente Flamengo Maior e Garden, devido ao apoio declarado do ex-presidente Márcio Braga. Bap tem o apoio oficial do Raiz Original.
Seis grupos ainda estão totalmente indefinidos: Advocacia Rubro-Negra, Pró Fla, Sempre Flamengo, SóFla, Fla Tradição e Juventude e DNA Rubro-Negro. Maurício tem o maior número de grupos com tendência a apoiá-lo: Fla+ (dividido com Dunshee), FlaFut, GRAP e Vitória. Bap conta com três possíveis apoios futuros: FAM, FAT e Ideologia. Rodrigo pode contar ainda com mais três: Fla+ (dividido com MGM), Mais Rubro-Negrro e Sinergia Rubro-Negra. O Flamengo Sem Fronteiras, grupo que teve candidato na eleição de 2021, decidiu deixar os membros livres para votar, pois houve empate entre Maurício e Bap.
DUNSHEE PODE PERDER O APOIO DE GRUPOS DA BASE
Desde que venceu a eleição em 2018, Landim fez questão de manter os grupos próximos da gestão com encontros e reuniões para articular votos nos Conselhos. Portanto, a percepção era que, quando o mandatário decidisse o sucessor, este herdaria toda a base de apoio, mas a realidade vem sendo diferente. Mesmo com o cenário ainda aberto, a situação já perdeu membros do Flamengo Raiz. Isso porque, alguns integrantes divergiram ao escolher Dunshee, resultando em uma cisão com a formação de um novo grupo, o Raiz Original, que apoiará Bap.
Outros grupos, como FAT, Fla+, Ideologia e até o Sinergia, grupo de Diogo Lemos, membro do Conselho de Futebol e vice de Gabinete, seguem indefinidos e dividem possíveis apoios entre Maurício e Bap. Mesmo que alguns confirmem apoio ao candidato da situação, há uma ‘debandada’ de sócios.
SÓFLA
Antes o maior grupo da oposição e base política dos dois triênios de Eduardo Bandeira de Mello (2013-2018), o SóFla encolheu em todos os sentidos. Vários membros migraram para outros grupos, principalmente para o Frente Flamengo Maior, hoje o maior da oposição. Oficialmente, o Sócios Pelo Flamengo existe no momento. Lomba, candidato a presidente em 2018, que declarou apoio pessoal a Bap, afirma que ainda faz parte do SóFla. A tendência é que, assim como em 2021, o conjunto não se posicione oficialmente no processo eleitoral de 2024.
A IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS NO PROCESSO ELEITORAL
Os grupos políticos ganharam muita importância a partir da eleição de 2012. Isso porque, muitos conjuntos foram fundados tendo o SóFla como modelo. Desse modo, no processo eleitoral, ajudam com a mão de obra no dia a dia e toda a rotina estafante que envolve a eleição dentro da sede da Gávea. Geralmente, os membros ganham papéis importantes em uma campanha e são os responsáveis por conversar com os associados que não militam na política, buscando votos para seu candidato. Se Bandeira de Mello contou com o Sócios pelo Flamengo em suas gestões para articular politicamente e travar batalhas de narrativas nas redes sociais — incluindo os debates nos grupos de WhatsApp —, Rodolfo Landim contou com dezenas deles em suas gestões. Pessoas ouvidas pela reportagem garantem que apenas essa base de apoio não é suficiente para vencer uma eleição, especialmente a de 2024, que promete ser muito acirrada.
AS ARTICULAÇÕES COM GRUPOS POLÍTICOS
Para fechar com um grupo político, os pré-candidatos fazem promessas de implementação de projetos e também em troca da possibilidade de cargos remunerados e não remunerados, como vice-presidências, diretorias, ingressos de arquibancada e camarotes. Em dezembro de 2021, ficou famoso, através de uma matéria do site Ser Flamengo, o descontentamento do Flamengo Raiz. Tal qual havia indicado Guilherme Kroll em 2020 para a pasta de Esportes Olímpicos, mas exigia mais cargos e ameaçaram romper com Landim, que, na ocasião, contava com mais dez outros grupos como aliados.
Outra maneira de contar com apoios dos grupos durante o processo eleitoral é na formação da chapa, que conta com cadeiras do Corpo Transitório (os membros eleitos) no Conselho Deliberativo e no Conselho de Administração. No CoDe, a chapa primeira colocada elege 60 membros efetivos e 20 suplentes; a chapa segunda colocada elege 20, sendo 15 efetivos e cinco suplentes, se atingir 20% dos votos válidos na eleição. Já no CoAd, o vencedor coloca 48 membros efetivos e 24 suplentes. O segundo lugar tem 18 vagas, sendo 12 efetivos e seis suplentes.
O processo eleitoral do Flamengo começa oficialmente no dia 31 de agosto, quando é publicada a lista dos associados aptos a votar para presidente. A eleição ainda não tem data definida, mas, pelo estatuto, deve ocorrer entre os primeiros 10 dias de dezembro. Luiz Eduardo Baptista, Maurício Gomes de Mattos e Rodrigo Dunshee são os pré-candidatos até o momento.
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Nota: Esse levantamento reflete o cenário atual da eleição do Flamengo, especificamente até o dia 17 de julho de 2024, data em que essa matéria foi publicada.