Globo Esporte – Do Médio Paraíba, passando pelas Regiões Metropolitana e Serrana até a Região dos Lagos, os torcedores do Rio de Janeiro terão três meses para percorrer o estado na expectativa de ver seu time se tornar o campeão carioca de 2015. Entre os 16 estádios aprovados pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) para esta edição – entre restrições e alguns compassos de espera –, modernidade, tradição e estruturas modestas contrastam e dão um ar único ao campeonato que é tido como o mais charmoso do Brasil.
Alguns palcos ainda correm contra o tempo com os últimos detalhes para estarem aptos para estrear no estadual. O principal “reforço” deste ano é a volta do Engenhão, que ficou quase dois anos fechado por conta de problemas na cobertura. Mas o maior protagonista entre as casas cariocas segue sendo o Maracanã. O estádio, no entanto, virou alvo de disputa entre a Federação, o Flamengo e o Fluminense, que divergem sobre os preços promocionais definidos pela entidade para a competição e, no caso do Tricolor, sobre o lado em que a torcida irá se posicionar quando enfrentar o Vasco. Diante dos imbróglios, o antigo maior do mundo pode acabar ficando fora de alguns jogos.
E indefinições não faltam no Campeonato Carioca de 2015. Dois estádios foram incluídos na lista de disponíveis da Federação somente na semana do início do estadual. Assim, pela falta de tempo hábil, o Giulite Coutinho, estádio do América (que disputa a Série B do Rio), e o Laranjão, do Nova Iguaçu, acabaram não entrando nas visitas feitas pela reportagem do GloboEsporte.com. O Leão do Sul, casa do estreante Barra Mansa, está liberado, mas, a princípio, não será utilizado, uma vez que o clube decidiu mandar seus jogos no Raulino de Oliveira.
No entanto, como alguns laudos técnicos – que incluem Bombeiros, Polícia Militar, Vigilância Sanitária et cetera – são provisórios, os clubes podem solicitar a mudança do local da partida entre os estádios liberados, desde que haja tempo para a troca.
Além do Maracanã e do Engenhão, os quatro grandes irão jogar também em outros quatro estádios: Raulino de Oliveira, Moacyzão, Moça Bonita e Los Larios, todos liberados para receber jogos de maior porte. Na rodada de abertura, nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro, há partidas marcadas para São Januário, Giulite Coutinho, dois para Los Larios, dois no Moacyrzão e mais dois no Raulino de Oliveira.
Nesta sexta-feira, dia 30, a Ferj divulgou a Resolução da Diretoria nº 004/15, a qual informa que sete estádios “estarão temporariamente impossibilitados de receber jogos com a presença de público em razão da venda de ingressos, até a entrega dos Laudos Técnicos estabelecidos pela legislação vigente e o cumprimento de eventuais pendências verificadas pela Comissão de Vistoria de Estádios da Ferj.” São eles: Alair Corrêa (Cabofriense), Moça Bonita (Bangu), Leão do Sul (Barra Mansa), Leônidas da Silva (Bonsucesso), Engenhão (Botafogo), Jânio de Moraes (Nova Iguaçu) e Trabalhador (Resende).
Conheça cada um dos estádios que serão usados neste Campeonato Carioca:
CONSELHEIRO GALVÃO
Tradicional estádio do Madureira, Conselheiro Galvão passa por reformas para a estreia no Campeonato Carioca, que deve ocorrer apenas no dia 8 de fevereiro, contra o Boavista, pela terceira rodada. O gramado e os vestiários, tanto de mandante quanto de visitante, configuram a trinca que mais necessita de reparos. Das 15 rodadas da Taça Guanabara, cinco serão disputadas na casa do Tricolor Suburbano (Boavista, Resende, Nova Iguaçu, Bonsucesso e Macaé). Não haverá confronto com os quatro grandes.
CORREÃO
Com 30 anos de existência, o Estádio Alair Corrêa, mais conhecido como Correão, entra no estadual com necessidades de ajustes, apesar de estar bem arrumado. Os acessos são acanhados, e a lanchonete é pequena. O gramado, porém, é o maior vilão. O secretário de esportes de Cabo Frio, Alfredo Gonçalves, aponta a escassez de chuva e a falta de água na região como causas para as condições do campo, mas promete melhorias até o primeiro jogo no local, dia 8 de fevereiro, entre Cabofriense e Volta Redonda.
EDUARDO GUINLE
Único estádio na Região Serrana do Rio de Janeiro neste estadual, o Eduardo Guinle, casa do Friburguense, tem o clima menos quente que o da capital carioca e o verde ao seu redor como pontos favoráveis. O estádio passa pelos últimos ajustes. São 15 itens no total a serem feitos, sendo o principal a pintura de arquibancadas, cadeiras e paredes. Outros menores, como troca de lâmpadas e de chuveiros, completam a listagem que custará aproximadamente R$ 40 mil ao clube, apenas de reparos e exigências para o Campeonato Carioca. O gramado bem conservado é o ponto alto do local, que receberá, ao menos, sete partidas durante a Taça Guanabara.
ELCYR RESENDE MENDONÇA
Simpático estádio na Região dos Lagos, o Elcyr Resende de Mendonça é a casa do Boavista. Das 15 rodadas da primeira fase do estadual, o time mandará seis jogos em Bacaxá. A direção ainda comanda pequenos reparos: rachaduras na arquibancada (sem afetar a estrutura), gramado queimado e alambrado enferrujado são as principais. Nada que coloque sob risco a estreia no Carioca, em 5 de fevereiro, contra a Cabofriense.
ENGENHÃO
Após praticamente dois anos fechado por conta de problemas em sua cobertura, o Engenhão volta a abrigar partidas de futebol neste Campeonato Carioca. No entanto, o estádio permanece em obras, e as arquibancadas serão parcialmente abertas para o público. As alas Oeste Superior e Leste Superior estarão fechadas, ainda devido à reforma na cobertura, que pegou fogo recentemente. Problemas à parte, a estrutura interna do Engenhão está pronta para receber os torcedores. O gramado está em ótimas condições.
Estádio do Trabalhador
De posse do Sesi e sob administração da Prefeitura de Resende, o Estádio do Trabalhador é a casa do Resende, que treina e joga no local. Neste estadual, devido à limitação de público (tem apenas 960 lugares liberados pelo Corpo de Bombeiros) e à transmissão de televisão, o Resende não será mandante nas partidas contra Flamengo (terceira rodada) e Fluminense (rodada rodada). Com isso, jogará apenas cinco partidas na cidade (Bonsucesso, Tigres, Friburguense, Macaé e Boavista). A estreia será no dia 31 de janeiro, em casa, contra a equipe do Subúrbio carioca.
LEÃO DO SUL
Na lista dos estádios aptos para o Carioca, a casa do estreante Barra Mansa pode acabar ficando fora da competição. O clube escolheu o Raulino de Oliveira para mandar seus jogos na Taça Guanabara, mas ainda pode voltar atrás, dependendo das circunstâncias. De qualquer maneira, o Leão do Sul ainda precisa se adequar a três exigências: um banheiro feminino para arbitragem, separação de torcida nas arquibancadas e um acesso exclusivo para a torcida visitante. No entanto, desde o título da Segunda Divisão, em junho do ano passado, nenhuma reforma foi feita na estrutura do estádio. E as obras sequer haviam começado semanas antes do início do Carioca.
LEÔNIDAS DA SILVA
Casa do Bonsucesso, o Leônidas da Silva ainda passa por ajustes finais para estrear no Carioca. Reparos na arquibancada, pintura nas paredes, troca de piso no vestiário e limpeza de um modo geral estão no cronograma para atender às exigências do estatuto do torcedor. O gramado, assolado por uma praga, está em situação crítica. Assim, o primeiro jogo na Avenida Teixeira de Castro está marcado somente para a quinta rodada, quando o Bonsucesso receberá o Macaé.
LOS LARIOS
Fundado em 2009, Los Larios é um estádio recente e, portanto, bem conservado. Além do campo principal, a área, que é utilizada no projeto do Tigres para formar jogadores, tem 240 mil metros quadrados e sete campos de treinos. Afastado do centro, o estádio tem o intenso calor da Baixada Fluminense como característica. Com capacidade para oito mil pessoas, é um dos palcos aptos a receber os grandes neste Carioca.
MARACANÃ
Com estrutura de Copa do Mundo e sem problemas para receber público, jogadores, comissões técnicas, árbitros e profissionais de imprensa, o Maracanã deve abrigar menos jogos neste Campeonato Carioca. Os altos custos para a realização de partidas e os duelos de menor apelo no estadual fazem com que o estádio conviva com eventos deficitários. No entanto, a diminuição do número de jogos e a reabertura do Engenhão podem ter um impacto financeiro positivo para a concessionária e os grandes clubes do Rio.
MOACYRZÃO
Bastante utilizado pelos grandes do Rio nos últimos anos, o Estádio Cláudio Moacyr de Azevedo, mais conhecido como Moacyrzão, está bem estruturado. O palco, que é a casa do Macaé, ainda passa por melhorias para a estreia no Carioca e ganhou mais identificação com o clube e a cidade. A arquibancada, dividida em três setores, tem capacidade para 15 mil pessoas. Logo na primeira rodada, dois jogos envolvendo os grandes estão marcados para o estádio. No sábado, o Macaé recebe o Flamengo, às 19h30, e, no domingo, a Cabofriense encara o Vasco, às 17h.
MOÇA BONITA
A direção do Bangu não autorizou a visita do GloboEsporte.com, alegando que ainda trabalha para resolver problemas para que o estádio possa ser utilizado no Campeonato Carioca. Um dos poucos palcos disponíveis para receber jogos dos grandes no Carioca, Moça Bonita teve o duelo entre o dono da casa e o Madureira, marcado para este sábado, pela primeira rodada, transferido para Los Larios, em Xerém. O motivo é o estado do gramado, reprovado pela comissão de vistoria da Ferj.
Atualmente, Moça Bonita, que já teve capacidade para 15 mil pessoas, tem permissão para receber quatro mil torcedores, mas a diretoria do clube ainda espera um aval para aumentar esse número. A dimensão do gramado é de 110 x 75, e há seis jogos marcados para o local durante a Taça Guanabara – todos diurnos, já que o estádio não tem refletores que permitam jogos à noite. O Botafogo é o único grande que, a princípio, tem previsão de visitar o Bangu no local, em jogo pela quarta rodada.
RAULINO DE OLIVEIRA
O Raulino de Oliveira entra no Carioca de 2015 repaginado após passar por obras para receber a seleção da Itália no ano passado – para um amistoso antes do Mundial –, além de outros retoques no campo e na arquibancada realizados entre dezembro e janeiro. O palco, considerado um dos mais modernos do Rio de Janeiro e que já foi cenário de final estadual em 2013, pode manter a alta média de jogos das últimas temporadas na competição. Além do Volta Redonda, o estreante Barra Mansa também vai mandar seus jogos, que incluem duelos contra os grandes, no local. O desafio para este ano, porém, é atrair maior público.
SÃO JANUÁRIO
São Januário foi outro palco do Carioca ao qual a reportagem do GloboEsporte.com não teve acesso. De acordo com a assessoria do Vasco, o estádio ainda passa por algumas reformas para receber os jogos do estadual, e a as mudanças acontecem desde o gramado, incluindo o tamanho do campo, até estruturas mais básicas. Em tamanho reduzido desde que serviu para treinos de seleções na Copa das Confederações de 2013, o local volta ao tamanho original para a temporada 2015.
Durante os 20 dias que coincidiram com o período da pré-temporada do Vasco, o gramado passou por novo tratamento para ser “aumentado” para os 110m x 75m de antes. Além disso, segundo a assessoria, o clube foi pego de surpresa com o pedido para que o jogo entre Botafogo e Boavista fosse realizado no estádio – aconteceria no Engenhão, que não ficou pronto a tempo para receber partidas oficiais.