República Paz e Amor – Talvez o que eu vá dizer agora possa surpreender a alguns de vocês, mas eu gosto do Flamengo. Mais até do que seria recomendável. Gosto do Flamengo pela torcida, pelo apelo irresistível da combinação do vermelho com o preto, pela sua vocação vibrante para o épico. Mas uma das coisas que mais me fazem gostar do Flamengo é o seu pioneirismo. O Flamengo, desde sempre, é uma poderosa força criativa, sempre inovando, sempre forçando o limite do envelope operacional e, talvez justamente por isso, sempre chegando na frente.
Vocês sabem que foi o Flamengo, lá em 1936, que liderou a luta pela implantação do profissionalismo no futebol brasileiro. Foi o Flamengo o primeiro time a ter um segundo uniforme, criado pelo húngaro Dori Kruschner para os nossos jogos noturnos. Foi em torno do Flamengo que nasceu a Charanga do Jayme de Almeida, a primeira torcida organizada do Brasil. E, ainda que não seja algo muito importante, foi também o Flamengo o primeiro campeão da Taça Rio, em 1978, com a vasquinha de vice, lógico.
Ontem, descobri que o Flamengo inventou mais uma: a doutrinação sob protesto. Funciona mais ou menos assim: você esculhamba a organização do campeonato, avisa pra geral que vai perder um dinheirão no rural, bate de frente com a vanguarda do atraso esportivo nacional e ameaça não disputar mais a porcaria do carioqueta. Mas é só pra fazer teste, o Flamengo não pode correr, jamais. Então vai pro jogo sob protesto. E como o Mengão está exercendo seu direito constitucional de protestar, não existe qualquer impedimento para que passe o rodo em todo mundo e eleve o nível técnico do charmoso certame praiano até um parâmetro impossível de ser acompanhado pelos coirmãos (tudo frouxo).
E desse jeitinho dócil e inofensivo, sem querer abafar ninguém, o Mengão vai empilhando corpos por onde passa. Ontem, a Cabofriense toda voltou pra casa de pé no ônibus, depois do jogo ninguém aguentava sentar. O Flamengo chacoalhou muito forte os cabofriers. Depois de um primeiro tempo lamentável sob todos os aspectos, com direito a golaço de Sassá e bateção de cabeça generalizada em campo, tudo indica que Luxemburgo sentou o dedo na rapaziada e mandou esporro. Porque no segundo tempo o time foi outro.
Primeira diferença percebida, a correria desenfreada. O time voltou do vestiário cheio de disposição e exibindo sem qualquer inibição a sua maior qualidade: a escama do contra-ataque em altíssima velocidade. Uma correria organizada que deixa ao adversário apenas duas opções: enfiar a porrada e receber cartões ou ficar olhando de trás mais um gol do Mengão. Uma arma que, tenho certeza, quando estiver calibrada, vai fazer a diferença e semear o terror nas defesas da Arcoírislândia.
3 caras são fundamentais nesse contra-ataque rapidão: Marcelo Cirino, segundo as sábias e sotaqueadas palavras de Dejan Petković, o melhor atacante do Brasil na atualidade, Artur Maia, dono de bom passe e muita precisão nas bolas longas, e o menino Gabriel, que mesmo voltando de parado conseguiu fazer ainda melhor o serviço de correria que Nixon já vinha fazendo bem. Suspeito que com esses 3 malandros em campo as coisas tendem a melhorar ainda mais pro Flamengo.
Tudo bem que a Cabofriense não chega a ser um parâmetro, é um time limitado, que correu tudo que tinha no primeiro tempo e depois ficou de língua de fora, rezando pras bolas não entrarem, até o apito final. O espetáculo não chegou a encher os olhos, mas a realidade do futebol carioca hoje é essa: muito time, pouco fôlego e pouquíssimo torcedor no estádio. Pelo menos a Cabofriense não apelou pra porradaria e levou cinco gols com elegância e dignidade. Palmas pro Luxa, que parece ter incutido na mente da rapaziada a importância de se trabalhar com um saldo de gols folgado. Time que mete 5 não merece críticas, só afagos e elogios.Se continuar assim esse carioqueta 2015 será o menos surpreendente do mundo.
Aliás, se me permitem uma breve digressão, todos os jogos deviam terminar 5 x 1. Não falo só dos jogos do Flamengo, falo de todos os jogos do mundo. Estudos recentes revelam que assistir a 6 gols por jogo traz benefícios à saúde e previne moléstias da alma. Meia dezena de gols produzem aquele sorriso maroto e uma sensação gostosa de dever cumprido que todos os torcedores do mundo deveriam poder desfrutar de vez em quando. Todos os jogos deviam terminar 5 x 1, desde que fique combinado que vai ser sempre 5 x 1 pro Flamengo, é lógico. Pera, exagerei! Sempre também não, nada de radicalismos. Nada impede que às vezes, só pra variar, o Flamengo ganhe de 6, 7 ou 8. No Carioca, vocês sabem até melhor do que eu, tudo é possível.
Enfim, chegou o Carnaval, o povo vibra de alegria. O Mengão tá bem na tabelinha e agora só nos falta um ou dois fregueses das antigas pra gente chacoalhar. Por enquanto ficamos por aqui até que nossos heróis voltem de seus retiros espirituais. Pra quem fica, dois conselhos: Curtam a festa da carne e do sexo depravado com responsabilidade. E lembrem-se, se dirigirem não bebam. Mas se forem beber me chamem. Abraço.
Mengão Sempre
Arthur Muhlenberg
E esso ai Arthurzão… Se tu não postasse eu nunca nem ia desconfiar que tu era rubro-negro. Ha ha ha ha ha Tu é tarado igual nóis
Kkkk, quando comecei a ler o texto pensei como parecia o Muhlenberg escrevendo. No final a surpresa, era ele mesmo! Manaus ama o ser FLAMENGO!!
Ótimo texto, só esqueceu o Everton “the Flash”… Mas é por aí mesmo, temos o melhor contra-ataque do Brasil. SRN
Que maravilha!!!
Poxa Arthur tu é tarado pelo mengão em vei. Já aqui postando algo pelo mengão. Valeu!! Saudades de seus posts.
Há teu substituto lá na globo.com não deixa a desejar, viu. Muito bom seus post. Ta ensinando bem direitinho!!
Feliz Carnaval à todos!!
Que sorte eu tenho. SOU FLAMENGUISTA !!!!!!
Se correr o MENGO pega, se ficar o MENGO GOLEIA !!;