República Paz e Amor – Demorou só seis rodadas pras coisas entrarem nos eixos e o Flamengo voltar a ocupar a sua posição natural na tabela do nosso campeonato rural. A liderança rubro-negra, que de tão previsível não chega nem a ser uma notícia, significa muito pouco. Não porque o Flamengo não esteja à muitas léguas de distância dos seus adversários e pressionado pela obrigação de passar o rodo em geral, porque está mesmo. Mas porque o carioqueta é, definitivamente, muito do sem vergonha.
Ontem a Justiça determinou que a chamada Lei da Mordaça, norma esdruxula do regulamento do Carioca que proibia que os envolvidos profissionalmente com o certame externassem opiniões negativas sobre o mesmo sob pena de multa de 50 mil reais, era imoral, ilegal e continha glúten e acabou com essa palhaçada rançosa. Melhor assim, agora ninguém pode mais dizer que o calendário da FERJ emperrou em 1964.
Agora tá todo mundo liberado pra esculhambar com a patusca competição praieira sem precisar pagar nada por esse prazer. Mas não pensem que a arcoirizada safada e mal vestida estava esperando a intervenção do Ministério Público pra abrir o peito cheio de mágoas e começar a falar mal do campeonato. O que eles realmente esperavam pra abrir o berreiro é que o Flamengo fosse o líder. Agora é se preparar pra aguentar o chororô de quem quase nunca consegue vencer o simpático torneio municipal.
Falarei pouco do jogo de ontem porque foi muito do sem graça. O primeiro tempo, soporífero e só na etapa complementar é que o Mengão deu o ar da sua graça e colocou a sua grande arma em ação: a correria louca do contra ataque boladão. Bastou que Marcelo Cirino, que é praticamente um fundista etíope quando está em disparada e Everton Bolt, o azougue da camisa 22, forçarem um pouco e pronto, dois gols no saco e liderança absoluta da bagulha. Liderança muito merecida, diga-se de passagem. Os coirmãos e irmãs estão numa fase de dar dó. O que é muito do bem feito.
Curioso notar que o jogo de ontem foi recordista de público do campeonato, 25 mil e blau no estádio, o que seria motivo de gáudio em qualquer lugar do mundo. Menos no Maracanã, ex-Maior do Mundo, onde o público atrapalha e cria problemas. Nêgo arrendou o Maraca por 50 anos e não consegue atender 25 mil torcedores bem vestidos em uma quinta-feira às 7 e meia da noite? Imagina a tragédia que vai ser quando rolar um clássico? Se é que ainda existe isso de clássico no âmbito do carioqueta.
O Carnaval acabou, está todo mundo meio eufórico e tal, mas não temos muito o que comemorar no empobrecido futebol carioca. Mas enquanto o esperado tsunami não chega pra varrer com toda a injustiça e iniquidade que floresce à beira mar, a gente vai levando e, humildemente, celebrando a vida. Que é, afinal, uma das razões da existência do Flamengo.
Mengão Sempre
Arthur Muhlenberg
5 rodadas, por favor!!!
Comecei a ler a primeira linha e já sabia quem era o autor do texto. Saudades dos textos do Arthuzao, como sempre mandou bem.
Arthur Muhlemberg e seu jeito inconfundível de falar de Flamengo. Sempre passando o rodo na arcoirizada. SRN.