“É impossível entrar no mesmo rio duas vezes.” As águas já são outras e nós já não somos os mesmos. É assim que me sinto cada vez que vou ao Maracanã torcer, gritar, me emocionar, sofrer, festejar, viver pelo Flamengo. As partidas já são outras e eu já não sou a mesma. Nem eu, nem a TORCIDA. Nosso povo voltou. Motivados pelo espírito do 12º jogador, as arquibancadas foram de novo invadidas por gente de todos os tipos. Diante e dentro da massa não somos pretos, nem brancos. Pobres ou ricos. Não somos Zona Norte ou Zona Sul. Não somos iphone ou tablet. No meio da torcida do Flamengo, SOMOS UMA NAÇÃO. A cada partida, tudo que existe está em permanente mudança ou transformação, inclusive o time. O velho Heráclito estava certo, desde 540 a.C., o mundo, a vida, é um incessante devir rubro-negro. E quando o treinador entende que errou na escalação, volta pro básico, fecha os espaços, o time muda. E a torcida se fortalece. Não aquela que passa 90 minutos fazendo selfie nas arquibancadas. Não aqueles que a diretoria, por toda a sua gestão, estabeleceu o simples propósito de tratar APENAS como “consumidores” e não mais, ou primordialmente, como torcedores. E essa multiplicidade contraditória que é a torcida (e o time) do Flamengo, tem uma verdade absoluta: somos povo, somos massa, somos o retrato do Brasil. E nada, nem ninguém vai nos tirar isso. Na raça, na marra, na lata: O valor do Ticket Médio NÃO ganha Jogo. A torcida do Flamengo sim.
E aí, quis o devir rubro-negro que um Da SILVA fosse o heroi dos últimos jogos. Por essa, nem a diretoria – que acertadamente apostou nele – esperava. Eduardo não é só mais um Silva. É uma resposta direta aqueles que defendem ingressos caros para pagar dívidas (sic), ingressos caros para comprar e manter jogador (sic), ingressos caros para gerar receita (sic). E esquecem da razão da existência do Flamengo, desde quando jogava na Rua do Russel: Ingressos para vencer jogos. Ingressos para ganhar títulos. Ingressos para evitar que o time medíocre montado seja rebaixado. Eu, você e a torcida do Flamengo sabemos – e apoiamos – a “Política do Honrar Compromissos Financeiros”, mas, acima de tudo priorizamos a “Política do Honrar o Manto Sagrado Em Campo.” E que Deus perdoe essas pessoas ruins que defendem até o rebaixamento, desde que os impostos estejam pagos em dia. Se não temos só a renda sonhada do estádio para pagá-los, que se busque o fortalecimento de outros mecanismos. Mas, pra isso precisa ter criatividade e competência. Eu vi famílias inteiras na arquibancada norte. Pai, Mãe, Filhos torcendo juntos nos últimos jogos. E me lembrei da torcida-selfie-rayban que a diretoria nos empurrou “bolso” abaixo nos últimos tempos. A torcida do “euuuuu sou brasileiro”, a “torcida do Copo Fifa”, do “selfie quando o time está perdendo”, a torcida “vaia com 5 minutos de jogo”, eles também são bem-vindos, podem consumir muito, gastar tudo, lá no cercadinho deles: o Maracanã Mais. O que a diretoria não entendeu ainda, mas eu posso desenhar, é que o Flamengo é das Arquibancadas. E vasco-versa. Tenho NOJO, não tem outra palavra, de lembrar de coisas que ouvi dos nossos dirigentes nos últimos tempos, tais como: “NÃO pode pagar, fica em casa.” Pois agora, esses que não podem pagar, vão tirar o time da merda que aqueles que podem nos colocaram.
O mundo (e eu) está celebrando o centenário de nascimento do escritor Julio Cortázar(1914-1984), dele me lembro de uma frase-filosofia-de-vida: Paris é a mulher da minha vida. Pois então, o Flamengo é o homem da minha. E nesse momento, como disse o surpreendente-chutão-pro-alto-zagueiro Marcelo: “não é hora de jogar bonito”. Mas, ao homem da minha vida, eu afirmo: Flamengo, não precisa jogar bonito. Basta jogar gostoso.
Vivi Mariano
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Fonte: Magia Rubro-Negra