ESPN F.C. – Vanderlei Luxemburgo disse ontem, no pós-jogo, que a vitória de virada sobre o Volta Redonda no Maracanã revelou ao grupo seu potencial de superação, de união na adversidade e, sobretudo, ao almejar conquistas maiores, o quanto vai precisar suar para vencer.
Quase isso. Bem quase. Porque ontem, no Maracanã, esse mesmo grupo fez um primeiro tempo sofrível. Pouca gente se salvou (Gabriel e Pará, para citar dois nomes). O adversário, por sua vez, já tinha criado resistência diante do Botafogo (empatou) e vencido o Fluminense. Saiu para o intervalo vencendo com um gol “meio de barriga, meio de braço, meio de peito” que, no final das contas, foi mesmo de mão.
É fato que Luxemburgo colaborou para este cenário da primeira etapa. Lucas Mugni, novamente titular, segue firme provando que não pode, dentro de qualquer cenário razoável, ter a importância que lhe conferem. Tudo bem, os outros dois jogadores da posição, Arthur Maia e Éverton, estão sob os cuidados do DM, e Mugni, com mais ou menos as mesmas características APARENTEMENTE (transição em velocidade, passes e chutes no entorno da grande área), deveria, por bom senso, ocupar a vaga. O problema é que ele não engrena, insiste no lance individual (ontem foram pelo menos três assim) e ainda sobrecarrega o restante do meio campo.
Por exemplo: Canteros. Fez um dos piores 45 minutos desde que chegou ao clube. Lento, burocrático, sem buscar a bendita triangulação no lado direito com Pará e Eduardo da Silva, sempre insistindo em dialogar com Mugni até o gol, o que seria como dialogar com uma criança de 2 anos sobre o território palestino.
Veio o segundo tempo e Luxemburgo se redimiu. Passou Marcelo Cirino, outro que também esteve apagado no Maracanã, para o lado direito de ataque, centralizou Alecsandro (na vaga de Eduardo da Silva) e colocou Paulinho do lado esquerdo, na vaga de Mugni. Mudou tudo.
Voltando a disputar uma partida oficial exatamente seis meses depois de uma cirurgia no joelho direito (o procedimento médico foi em 11/09/14), Paulinho se movimentou, buscou o jogo, fez o gol de empate e perdeu outros dois. Importantíssimo na Copa Do Brasil de 2013, colocou os dois pés na lista de 22 “titulares” do professor. Vai ajudar bastante.
A virada até que demorou, só foi aparecer aos 40 minutos do segundo tempo. Cruzamento de Luiz Antônio (Pará foi para a lateral esquerda com a saída de Anderson Pico), testada de Alecsandro, que até então tinha feito rigorosamente nada. Salva a pátria mais uma vez com a ajuda dos suplentes. Vanderlei estava certo: o grupo mostrou que pode almejar mais se suar.
Dito isso tudo, é preciso notar um detalhe que, embora pareça folclórico e dispensável, influencia e muito. A fabricante de material esportivo que atende ao Flamengo inventou, com a anuência do conselho deliberativo do clube, uma camisa comemorativa dos 450 anos da cidade do Rio de Janeiro. Ótima iniciativa, disseram muitos.
O modelo remete à primeira camisa utilizada pelo futebol do clube no Carioca de 1912 – quadrados pretos e vermelhos, estilo turfe. Assim era por duas razões: à época os demais clubes usavam camisa com listras verticais; diante da “polêmica” de inovar com um uniforme de listras horizontais, o que o diferenciaria dos outros times em campo, optou-se pelos benditos quadrados, tal e qual um tabuleiro de xadrez. A outra razão era que o futebol do clube, ainda jovem, deveria ter fardamento diferente do remo, esse o principal esporte do clube naquele tempo.
A Magnética, ainda na pré-história mas não menos Magnética, fez troça: a camisa parecia uma pipa (um papagaio) que se comprava por mixaria (um vintém). A Papagaio-vintém ou Papagaio DE vintém, não interessa, estreou com vitória, 16 x 2 contra o há muito extinto Mangueira, mas perdeu o primeiro Fla x Flu de que se tem notícia em 07 de julho do mesmo 1912. O Flamengo não foi campeão naquele ano, nem no seguinte. Foi vice em ambos.
Em 1914, e esperava-se para sempre, o clube extinguiu a primeira camisa e adotou as listras horizontais pretas e vermelhas, separadas por uma listra fina branca. Ato contínuo, caiu no gosto da Magnética como sendo a “cobra-coral”, e venceu os Cariocas de 14 e 15 (neste, invicto). Foi aposentada em 16 por guardar semelhança com a então bandeira do Império Alemão, evitando maiores problemas diante do primeiro conflito armado mundial.
Que importância história tem o modelo papagaio vintém? Nenhum. Zero. Nada. Nula histórica e esteticamente (a semelhança com roupa de jóquei adensa essa observação), fica como um mico institucional – mais um da fabricante ao ignorar as origens do clube.
A Papagaio Vintém versão 2015 é, para usarmos um termo bastante claro, zicada, não importa o que queiram fazer crer o departamento de marketing do clube do fabricante e seus mui dedicados funcionários. No chamado clássico de aniversário da cidade do Rio, usando a camisa, o Flamengo perdeu para o Botafogo. Ontem, utilizando a camisa no primeiro tempo, saiu perdendo e mostrando um futebol que remeteu o torcedor aos idos de 2014 e do início daquele sofrimento todo, da “confusão”. Na volta para o segundo tempo, a dita cuja ficou no vestiário e o placar virou.
Cheia de boas intenções, tal e qual o inferno, a câmara dos deputados e família de ex-mulher, a Papagaio Vintém merece voltar pra gaveta e fazer companhia às outras tentativas de homenagem (a papagaio vintém do centenário, a azul e amarela de 2010, a Flamengueira etc.) e de lá não sair nunca mais. À Adidas, cabe um dever de casa extra para se inteirar das origens do Mais Querido. Fica a dica.
Filipe Quintans
Tá, entao vc está dizendo que o Flamengo jogou um mal primeiro tempo por causa da camisa?Então coloca a de 81 e seremos campeões de tudo.Tanta coisa pra dizer sobre o time e o cara vem me falar de camisa.Santa ignorância!
Ele falou do futebol apresentado no começo do texto, caso não tenha lido.
Essa conversa de camisa que é zicada é só pra render papo em buteco.. no final das contas isso não vale de nada.
Eu comprei, achei linda e nem por isso vou deixar de usar.
pooow mas logo o uniforme 3 que eh tã bonito hahahaha, não acredito em maldição acredito em falta de futebol mesmo, porque criamos chances, mas faltava o ultimo passe essa adaptaçao do mugni ta demorando demais, mas ainda tenho esperança no muleque a grata surpresa foi o Paulinho que antes da cnotusão tava meio “perdido” e nesse ano ja mostrou o cartao de visitas… ainda tem muito a evoluir mas ja da bons sinais, no primeiro teste de verdade perdemos num azar do PV, mas vamos ver os proximos classicos
acho que camisa nao deve ser desculpa para um mal futebol. o flamengo deve seguir usando
Ao ser entrevistado pelo repórter no final do jogo, Paulinho respondeu: – se não vai na técnica tem que ir na raça. Confesso que gostei da “raça”…
Camisa não ganha jogo, esse negócio de superstição é pura bobagem. O time é limitado e ainda falta muita coisa pra ser ajustada.
Muito bom texto Filipe!
É gostoso ver textos de futebol inteligentes
O Flamengo esta acostumado com as camisas 1 e 2, por isso no psicplogico sente a diferença na 3 e joga desconfortavel. Isso e coisa de nao ser acostumado. A camisa 3 so deve ser jogado em amistosos e olhe la.
tenho dois comentarios, a camisa é ridicula, nossa quanta falta de criatividade da adidas, e o gabriel, nossa sabe nem chutar a gol, parece peladeiro. caramba o flamengo passou mau pro volta redonda, to vendo que esse ano vamos sofrer de novo.
A verdade é que geralmente a 3ª camisa é usada nos jogos fora e por isso o time perde mais com ela do que ganha. E ontem, o fiasco do 1º tempo foi principalmente porque o Mugni versão 2014 que era ruim, na versão 2015 ficou pior. O que ajudou na virada foram as mudanças que o Vanderlei fez. Mas, acho legal essa fama que a camisa tem de dar azar!