Fonte: Gilmar Ferreira
Apesar da má colocação do time no Brasileiro e da insatisfação com os conceitos táticos do técnico Cristóvão Borges, é indisfarçável a euforia rubro-negra.
A chegada da dupla de ataque que brilhou com a camisa do Corinthians mexe com a cabeça dos torcedores.
Emerson e Guerrero, mais Guerrero do que Emerson, transformaram o medo em esperança.
E não há maneira melhor para materializar algo intangível do que o controle de estoque das lojas licenciadas que vendem os produtos oficiais do clube.
Que o diga o empresário Marcelo Plaisant, diretor-executivo da MFPlai, empresa que faz a gestão de franquias Espaço Rubro-Negro e Nação Rubro-Negra.
Nos últimos 30 dias, seus pontos de venda registraram por três vezes o desaparecimento da letra “R” utilizada para personificar as camisas dos torcedores.
FEBRE
Também pudera.
De junho pra cá, a 9 de Guerrero virou febre e o fato de o nome do artilheiro levar três letras “R” pegou de surpresa o pessoal das franquias.
Ninguém atinou para a demanda extra e o consumo pulou de 2.666 unidades em maio para 6.665 em junho.
E este mês, corridos os primeiros quinze dias, já chega a 4.048 unidades de letras “R”, apontando para o crescimento contínuo.
É o poder do ídolo, que por vezes tem mais carisma do que talento _ mais eficiência do que plasticidade.
A contratação do peruano foi oficializada no início de junho e não tardou para desbancar a eterna busca pela 10 de Zico.
Saiu do terceiro para o primeiro lugar (ultrapassando até a 7 de Cirino) e hoje é três vezes mais procurada do que a 11 de Emerson, a segunda preferida.
Só nessa semana, das 1.800 vendidas nas 46 lojas do grupo, cerca de 500 levaram o nome do artilheiro.
O frenesi ainda não garante o sucesso da operação que vai consumir mais de R$ 30 milhões do orçamento do Flamengo nos próximos três anos.
O Flamengo recebe cerca de 7% de royalties por produto da Adidas e mais 5% da MFPlai, fora a taxa de franquia mensal de R% 5 mil cada uma das 46 lojas.
Mas como o resultado das vendas é proporcional ao bom desempenho em campo a expectativa é a melhor possível.
A receita do clube em produtos licenciados cresceu 18% em relação ao mesmo período do ano anterior _ com 25% entre julho de 2014 e julho de 2015.
Detalhe: os últimos dados do comércio apontam para uma queda de 20% nas vendas do setor.
MISSÃO
Aos 31 anos, com idolatria tardiamente despertada no Brasil, Guerrero sabe que não terá tarefa fácil jogando num time ainda em processo de formação.
Mas os dois gols e uma assistência nos dois jogos que fez com a camisa do Flamengo (ambos fora de casa) são encarados como muito bom indício.
Por isso, o confronto com o Grêmio, neste sábado, no Maracanã, atrai o interesse de rubro-negros e até de não simpatizantes.
Se o peruano de penteado esquisito foi capaz de fazer o que fez fora dos domínios da sua torcida, imagine o que poderá fazer inflado por seus adoradores…