Fonte: República Paz & Amor
Desisto.
Tento, de todas as maneiras, adotar uma postura de primeiro mundo, europeia, civilizada, e acreditar que os treinadores precisam de tempo para solidificar seu trabalho e que nenhum time evolui mudando o comandante a cada três meses.
A paciência acabou.
Custei a engrossar o caldo dos que pediam a demissão de Vanderlei Luxemburgo, e acho que durante um bom tempo fiz papel de bobo. Hoje, ponho na conta do emérito professor muitos dos problemas rubro-negros, sendo que o principal deles foi ter atirado no lixo a pré-temporada e o campeonato estadual, sempre sob o discurso no qual eu caí feito patinho: nosso futebol precisa deixar de ser imediatista, o Campeonato Brasileiro exige planejamento, etc. Conversa mole para enganar blogueiro ingênuo.
Critiquei Cristóvão diversas vezes em posts anteriores, mas sempre me posicionei contra sua demissão. Cansei. E, por favor, que ninguém venha me dizer que o gol da Ponte Preta foi por acaso. Eu sei. Que ninguém venha reclamar do azar que demos nas bolas que bateram na trave. Verdade. Mas eu só consigo atribuir mais essa derrota, em um jogo que sequer estava difícil de ganhar, à decisão de trocar Alan Patrick por Luiz Antonio.
Para não ser injusto – semana passada Alan Patrick tinha pedido para sair, o que não absolve o técnico quanto à escolha do substituto –, fui à caça de razões para o absurdo e encontrei a explicação no site do jornal O Dia. Indagado sobre o porquê da troca, Cristóvão respondeu o seguinte (parágrafo, aspas e estupefação):
“Era justamente para o que aconteceu no segundo tempo, quando a gente conseguiu marcar melhor a Ponte. Aí tomamos o controle do jogo e criamos mais oportunidades, que foram mais claras. Jogamos melhor no segundo tempo. A Ponte chegou muito menos. A substituição era para isso e o objetivo foi alcançado. Pena a gente não ter aproveitado bem as oportunidades que criou.”
Definitivamente, vejo futebol de um jeito e Cristóvão vê de outro. Como não ganho um centavo para escrever no RP&A e ele belisca algo em torno de 150 mil por mês no Flamengo, a lógica me leva a admitir que quem está certo é ele. O difícil é convencer disso a maior torcida do mundo, que já está de saco devidamente inflado.
Pelo que tenho lido e escutado, a minoria que ainda sustenta posição contrária à demissão o faz por dois motivos. Primeiro: não há bons nomes disponíveis. Segundo: o time tem evoluído. Ambos procedem. Mas de que adianta evoluir, se o próprio treinador faz questão de destruir uma das principais causas da evolução? E quando a teimosia atinge níveis como os que temos observado em todos os nossos jogos, nada pode ser pior que o pirracento. Hélio dos Anjos, Murtosa, Jair Pereira, qualquer aberração capaz de distribuir as camisas – com exceção de Ney Franco, claro – é melhor do que um cidadão que se recusa a aceitar o óbvio e parece empenhado em colar na própria testa o adesivo de turrão.
Uma das primeiras coisas sobre futebol que aprendi com meu pai foi uma frase que ele repetia feito dogma: técnico bom é o que não atrapalha. Cristóvão tem atrapalhado.
Ao contrário da declaração entre aspas acima destacada e dos enganos a que podemos ser levados pelo tal número de chances, fomos muito mais organizados e jogamos bem melhor no primeiro tempo do que no segundo.
A desculpa de Cristóvão é ridiculamente esfarrapada. Como dominamos os primeiros 45 minutos e a Ponte pouco ameaçou, não tinha por que alterar o time para marcar melhor. Ao tirar Alan Patrick – que, cabe registrar, está longe de ser essa Coca-Cola toda –, perdemos precisão no toque de bola e arrumação em campo.
Do mesmo modo que acontecera na partida contra o Santos, e embora com menos volume, no primeiro tempo fomos um time de futebol e isso tem muito a ver com a presença de Alan Patrick. Não deu dribles magníficos, não fez lançamentos primorosos, não concluiu com perigo a gol, mas com ele o time é outro. O Flamengo corre, briga, desarma, mas só quando a bola chega aos pés de Alan Patrick é que mostramos o mínimo de clarividência. Pode não parecer, mas ao longo do jogo isso faz diferença.
Outro ditado que eu costumava ouvir quando criança, e esse irrefutável, nos ensina que errar é humano, mas insistir no erro é burrice.
Com enorme decepção, sou obrigado a reconhecer que o trabalho de Cristóvão à frente do Flamengo tem revelado, sob a pele de cordeiro, um treinador teimoso e prepotente. Porque, vamos combinar, será que todo mundo está errado e só ele conhece o caminho do bem?
PS: Essa semana saio para doze dias de descanso. Como a grana anda curta – ah, os 150 do Cristóvão! –, estarei escondido mas por perto. Não sei se vai dar, mas tentarei ver os jogos contra Atlético Paranaense, Palmeiras e Vasco, e quero ver se consigo publicar alguma coisa. De antemão, aviso que será impossível responder os comentários como gosto de fazer. Mas não deixem a peteca cair. Se houver post, entrem, comentem, debatam. Vou ali e volto já.
Parabéns pelo texto. Com ele não vamos sair disto. 14o ao 10o lugar no brasileirão e
eliminados da Copa do Brasil se bobear pelo Vasco. Além de burro é
covarde. Põe Luiz Antônio e tira Allan Patrick p garantir o empate com 3
volantes. Não satisfeito em fazer burradas ainda me tira o Márcio
Araújo q neste jogo estava indo bem e me põe o inútil do Gabriel. Não
tem culhão para arriscar. Técnico q não arrisca ganhar não ganha
campeonato. E bem lembrado, p que levou o Baggio tirando da decisão se
não vai usar? Qdo é q este M@rd@ de técnico vai dar chances ao Jajá e ao
Baggio nem q seja 5 min em campo???
Perfeita a colocação … A verdade é que a insistência do Eduardo Bandeira em manter esse técnico (?), vai acabar comprometendo qualquer aspiração do mesmo para o seu segundo mandato â frente do CRF.