O atual estado de Crise do Flamengo tem deixado todos os rubro-negros com as barbas de molho. É verdade, o time não rende e tem atuações abaixo da crítica, resultando em muita pressão!
Esse quadro tem fomentado ações raivosas e inconsequentes; conclusão fácil, observando-se as redes sociais e também a própria imprensa.
Os “baluartes” das redes sociais reverberam o quadro de crise sem poupar ninguém. Nas timelines tudo repercute demasiadamente rápido, com poucos critérios e exigências de veracidade.
No entanto, observa-se que esse modelo de informação tem sido também replicado nos veículos de comunicação, digamos, “formais”. O que é, neste caso, inaceitável. Conta-se apenas com o número de visualizações da matéria, pouco interessa o resultado prático em relação aos envolvidos.
Isso não é uma exclusividade do futebol. É como, invariavelmente, são tratados todos os atores da vida pública. A informação, ao invés de dar conhecimento do fato ao público, é formatada para acrescentar combustível ao que garante mais visibilidade. Compreende-se as exigências do mercado, no entanto, lamenta-se a perda de certos valores mais nobres.
No caso do Flamengo isso tem-se agravado muito. Talvez seja reflexo da grande dificuldade do Clube em se comunicar com os torcedores e com a própria imprensa, característica que tem marcado fortemente a atual gestão.
O resultado é parecido com aquele dos manifestantes que queimam o ônibus sem se preocupar com quem está dentro. O objetivo final é apenas observar a grande fogueira e sua repercussão midiática. Não importa o trabalhador que vai para casa, o estudante que se dirige à escola, ou o fato de que haverá um ônibus a menos no dia seguinte servindo a população.
Um exemplo marcante disso, foram as críticas desproporcionais direcionadas ao Presidente Eduardo Bandeira de Mello por conta de sua viagem à França, para tratar de assuntos familiares postergados por conta do próprio Clube, que ocorreu exatamente quando o time passou pelo vexame contra o Cruzeiro. Foram inúmeras e pesadas as críticas que massacraram Bandeira de Mello. Não pouparam o Presidente e nem mesmo o homem por trás da figura pública, como tem sido praxe.
O que leva um cidadão que já enfrenta as dificuldades que a vida lhe impôs a abraçar a causa de um Clube?
Certamente muita coragem, um coração imenso e uma paixão desmedida.
Eduardo Bandeira, um dia, decidiu repartir a atenção reservada à sua família e vida profissional com o Clube do coração.
Optou por ter sobre os ombros mais essa responsabilidade.
Para tomar essa decisão é preciso coragem e também discernimento para distinguir as prioridades da vida. Saber ponderar e perceber onde e quando, a sua presença é efetivamente indispensável. Descobrir que nessa escolha alguém sempre achará que a resposta estava na outra possibilidade.
Nessas encruzilhadas da vida é que se observa o caráter e a coragem dos indivíduos. Penso que no geral, agrada saber que um homem não abandona completamente a sua família quando convicto de que isso não implica em prejudicar seus compromissos. Até porque a família, de certa forma, também partilha dessa responsabilidade.
Contudo, cada vez mais, a paixão ou a necessidade de garantir metas profissionais impedem pessoas sérias de separar as coisas. Falta o entendimento de que por trás da figura pública, há uma pessoa como outra qualquer, com defeitos e virtudes, com problemas a tratar e sujeitas às consequências do que se coloca sobre seus ombros, por opção ou por imposição.
A reflexão e a crítica não pode ser completamente destituída dessa compreensão, afinal como diria A.S. Exupérye (e não é preciso ter “O Pequeno Príncipe” como livro de cabeceira para saber): “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.
Espera-se que essa coragem de se doar ao Flamengo, não apenas do Presidente Bandeira, mas de todos os envolvidos com algum altruísmo no projeto de levar o Clube a vôos mais altos, se mantenha e que haja força sempre para caminhar em paralelo com as lutas da vida, superando obstáculos e momentos difíceis com caráter e coragem como se tem acompanhado até aqui.
Por André Pinto
Fonte: Falando de Flamengo