Técnico da Azzurra no Raia Rápida “esquece” amor pelo Roma e, vestido de Rubro-Negro, vira torcedor diante do Cruzeiro. Nadadores também vão à Favela da Rocinha
Apaixonado por futebol, Alessandro Mencarelli tinha um desejo especial ao vir para o Rio comandar o quarteto da Itália no desafio Raia Rápida de natação: conhecer o Maracanã. O jogo entre Flamengo e Cruzeiro foi o que encaixou no cronograma. E não decepcionou. De um lado, os cariocas na luta pela quinta vitória consecutiva no Brasileiro e um lugar no G4 após quase quatro anos (137 rodadas). Do outro, os mineiros em franca ascensão e sob as diretrizes do novo técnico Mano Menezes. Na arquibancada, mais de 43 mil vozes (43.017), muita emoção, luzes e cores.
Além de Alessandro, foram ao Maraca o quarteto americano, o italiano e o trio sul-africano (somente Gerhard Zandberg e a equipe do Brasil não foram ao estádio). Eles estarão nas provas no próximo domingo, na piscina do Botafogo, a partir das 10h (de Brasília), com a transmissão da TV Globo, dentro do Esporte Espetacular. Se o grupo não viu uma grande partida tecnicamente, pôde sentir a emoção da maioria presente ao “Maior do Mundo”: 2 a 0 Flamengo.
Único a estar vestido com a camisa do clube, o torcedor fanático da Roma não tinha intenção de ser mais uma voz de apoio aos flamenguistas. Antes de a bola rolar, chegou a dizer que “torcer, apenas pelo Roma”. Bastou menos de um tempo para a atitude mudar e relembrar uma célebre frase dita por Ronaldinho Gaúcho, hoje no Fluminense, quando foi apresentado no Flamengo.
– Para mim, a noite foi sensacional, pois os torcedores do Flamengo são incríveis, uma experiência muito boa. Antes de ir para o jogo, fiz questão de comprar uma camisa do Flamengo, pois sei o quanto é importante estar vestido de Flamengo no Maracanã. Durante o jogo, acabei torcendo para o Flamengo, aprendendo alguma coisa das letras, cantando e batendo palmas também. No gol, eu acabei explodindo. No Rio, agora eu sou Mengão, é assim que se fala, né? Eu não esperava isso, mas, quando voltar à Itália, vou dizer aos meus amigos que o futebol brasileiro é ótimo – declarou Alessandro.
Acostumado a ver as partidas do Campeonato Brasileiro em um canal de TV fechada da Itália, Alessandro pôde sentir ao vivo um clima semelhante ao que vive no Estádio Olímpico de Roma, especialmente num derby contra o maior rival Lazio. Entre as semelhanças, percebeu algumas diferenças no modo de torcer do brasileiro para o italiano.
– Fiquei impressionado com muita coisa que vi. A proximidade que estávamos do campo, já que na Itália existem muitos estádios olímpicos, com a pista de atletismo no meio, as pessoas à minha volta quase todas vestidas de vermelho e preto e a torcida do Cruzeiro toda de azul, na Itália nos vestimos de maneira mais casual, não vemos uma torcida toda de uma cor só. A emoção das pessoas torcendo pelos jogadores também é um pouco diferente. Aqui se vibra com cada chute, cada escanteio, cada desarme, na Itália é menos e tem mais vaias, mais falta de paciência com os erros. A paixão dos brasileiros e dos italianos é parecida, mas na Itália um pouco menos. Ontem, entendi o motivo de tanta paixão dos brasileiros pelos futebol.
Campeão olímpico dos 50m livre em Sydney 2000 e Mundial dos 50m e 100m livre em Fukuoka 2001, o americano Anthony Ervin, de 34 anos, foi a um estádio de futebol pela primeira vez em sua vida. E garante não ter se arrependido um minuto sequer de sua nova experiência.
– Foi incrível ver toda a multidão usando a mesma roupa, das mesmas cores. O futebol é bastante diferente de todos os esportes americanos, você realmente consegue sentir o momento sendo construído, como com uma torta, você vê o pessoas levantando e sentando a cada ataque. Isso não acontece nos esportes americanos. Todo mundo deveria ter uma experiência dessa também – afirmou Ervin, que se disse péssimo em esportes com bola.
TOUR NO RIO ENGLOBA VISITA À ROCINHA
Além de conhecerem o Estádio do Maracanã, a praia de Ipanema, os nadadores italianos do Raia Rápida estiveram na última quarta-feira na Rocinha, maior favela da América Latina, localizada em São Conrado, Zona Sul do Rio de Janeiro.
RAIA RÁPIDA
Cada país será representado por quatro atletas, que competirão em provas individuais e de revezamento, sempre nadando no seu melhor estilo (borboleta, costas, peito e livre). Os atletas disputam provas eliminatórias, sempre na distância de 50m. Os últimos colocados de cada prova são eliminados da série seguinte, até que restem apenas dois nadadores para a final de cada modalidade. Logo depois, os nadadores voltam à piscina para a segunda fase do desafio com um empolgante revezamento 4x50m medley. A equipe com maior pontuação nas duas fases será a campeã.
Times participantes
Brasil
Daniel Orzechowiski – costas
Felipe França – peito
Nicholas Santos – borboleta
Matheus Santana – livre
EUA
David Plummer – costas
Mike Alexandrov – peito
Giles Smith – borboleta
Antony Ervin – livre
África do Sul
Gerhard Zandberg – costas
Giulio Zorzi – peito
Roland Schoeman – borboleta
Brad Tandy – livre
Itália
Mirco Di Tora – costas
Fabio Scozzoli – peito
Luca Dotto – borboleta
Michele Santucci – livre