Pela primeira vez na história do basquete brasileiro, uma equipe nacional irá enfrentar uma franquia da NBA em terras tupiniquins. Atual campeão do NBB, o Flamengo recebe o Orlando Magic neste sábado, às 18h (de Brasília), em duelo válido pelo NBA Global Games 2015 – série de amistosos preparatórios que os times da maior liga de basquete do mundo realizam mundo afora. Embora o evento seja inédito em solo brasileiro, o Rubro-Negro perdeu para o Magic na Flórida, em 2014. Desta vez, os comandados de José Neto esperam contar com o apoio da torcida na HSBC Arena para buscar a revanche.
Campeão da Copa Intercontinental de Clubes em 2014, os cariocas foram convidados a disputar três jogos amigáveis nos Estados Unidos na última pré-temporada, a exemplo do Bauru, que duelou com New York Knicks e Washington Wizards na semana passada. Além do Magic, o Flamengo enfrentou Phoenix Suns e Memphis Grizzlies. Não venceu nenhuma partida, mas ganhou experiência internacional e teve força para se sagrar tetracampeão do NBB.
Para o confronto, o Flamengo terá de se adaptar às regras da NBA, que diferem das regras da Federação Internacional de Basquete (Fiba). A distância da linha de três pontos em relação ao aro é maior, a extensão da quadra é maior, e os quartos são de 12 minutos ao invés de dez, o que totaliza oito minutos a mais de partida. Por isso, a parte física, tida como grande vantagem dos atletas da NBA, pode pesar, mas o técnico José Neto não vê motivo para preocupação.
“A gente se propôs a viver essa realidade. Nos adaptamos às regras, tempo de jogo, modo de jogar, rotina de treinamentos. É nossa oportunidade de vivenciar a maneira que eles pensam o basquete, tanto em quadra, como nas questões de ações sociais, marketing, relacionamento com a imprensa. É um momento importantíssimo para o basquete brasileiro e para o Flamengo”, afirmou o flamenguista.
O elenco rubro-negro sofreu algumas baixas em relação ao confronto no Amway Center, há um ano. Os argentinos Nico Laprovittola e Walter Herrmann se transferiram para times estrangeiros, assim como o ala-armador Vitor Benite, atualmente no espanhol Múrcia, e o pivô Cristiano Felício, contratado pelos Bulls.
Em compensação, a diretoria assinou com o armador Rafa Luz, o pivô JP Batista e o ala-pivô Rafael Mineiro, que defenderam a Seleção Brasileira na campanha do título dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, e o ala-armador Jason Robinson. Luz nunca atuou contra um time da NBA, mas acumula quase dez anos de experiência no basquete espanhol e está confiante.
Para fazer história mais uma vez, e quem sabe conquistar uma vitória inédita sobre o Orlando Magic, Neto aposta em muito treinamento, estudo do adversário e motivação para “fazer jus à grandiosidade do Flamengo”.
“Eu carrego um pouco daquele estilo europeu, baseado na defesa forte, e vou tentar trazer isso para o Flamengo. É um jogo só e tudo é possível no basquete, temos que jogar bem e fazer direitinho o que treinamos nos últimos dias para podermos sair com a vitória”, disse o atleta.
Sem poder contar com o lesionado Olivinha, o Flamengo chamou o pivô Tiagão, do Solar Cearense, para ser reforço pontual. O experiente Olivinha é um dos únicos remanescentes ao lado dos alas Marcelinho Machado e Marquinhos, do armador Gegê e do pivô norte-americano Meyinsse. Os cinco atletas participaram, juntos, da conquista de dois títulos do NBB, da Liga das Américas e do Mundial de Clubes.
Marcelinho aposta em um jogo “muito inteligente” para surpreender os adversários. “Nós os surpreendemos no ano passado com essa estrutura de jogo que temos, trabalhando mais a bola e criando situação de jogo de um lado da quadra e desenvolvendo a jogada de outro lugar. Sabemos do volume de jogo deles física, técnica e taticamente. Um triunfo marcaria nosso nome na história do basquete”, projetou o ala, ressaltando a importância do triunfo para a pré-temporada dos clubes.
“É difícil dar um prognóstico para essa partida, os dois times ainda não tem muito consolidada a maneira de jogar. Espero que possamos fazer um grande jogo e que sirva de aprendizado para a temporada. Mas é claro que prefiro aprender com vitória”, brincou.
Encerrando um período de reconstrução, o Orlando Magic também passou por mudanças significativas, a começar por seu comando. Jacque Vaughn não resistiu à campanha fraca da equipe na NBA 2014/15 – foram apenas 25 vitórias em 82 jogos disputados – e foi demitido. Seu sucessor, James Borrego, caiu no fim da temporada e deu lugar a Scott Skiles. A base, contudo, continua a mesma, e o quinteto titular será formado por Elfrid Payton, Victor Oladipo, Tobias Harris, Aaron Gordon e Nikola Vucevic.
“A experiência (de atuar contra o Magic em Orlando) foi super válida. Eles estavam jogando com uma equipe recém-montada, e muitos deles ainda estão aqui, mas mudaram de técnico, então a maneira de jogar mudou também. Foi importante observar o ritmo em que eles jogam .Algumas características individuais não mudam tanto, então conhecemos um pouco e acredito que estaremos mais preparados do que na primeira vez”, acrescentou o treinador flamenguista.
Será a terceira edição do NBA Global Games no Brasil. Na primeira, em 2013, o Rio de Janeiro foi palco do confronto entre Chicago Bulls e os Washington Wizards de Nenê Hilário. No ano passado, os brasileiros puderam testemunhar o reencontro de LeBron James, recém-transferido para o Cleveland Cavaliers, com o Miami Heat. Anderson Varejão, dos Cavs, era o único anfitrião em quadra.
Fonte: Gazeta Esportiva