Desentendimento entre assessor e diretor está se tornando comum no futebol Carioca.

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Postado em: 23 de fev de 2013.

Eles estão ao lado dos jogadores de futebol em reuniões importantes, na concentração dos clubes e até em festas particulares. Mais que a imagem, uma parcela auxilia também na carreira dos atletas. Mas o limite sobre até onde vai o trabalho de um assessor de imprensa, tem agitado os clubes cariocas neste ano. Discussões com dirigentes, proibição de entrada em treinos e troca de acusações ‘esquentaram’ uma relação que costuma ser de parceria.
No Flamengo, desde o final de 2010 os assessores de imprensa não têm autorização para ingressar no CT do Ninho do Urubu. A decisão partiu inicialmente do técnico Vanderlei Luxemburgo, que havia acabado de assumir o comando técnico do clube. Depois, foi mantida pelo departamento de futebol, mesmo com a troca de treinadores. Nem mesmo a mudança na presidência do Flamengo alterou a decisão.
E o episódio mais recente ocorreu no último final de semana, justamente na concentração do time da Gávea. O diretor de futebol Paulo Pelaipe chamou para uma conversa um assessor que cuida da imagem do atacante Hernane, entre outros jogadores. Acusando-o de estar incentivando seu cliente a ‘forçar’ uma renovação de contrato – que aconteceu na última segunda – pela imprensa, o dirigente se exaltou e ofendeu com palavras de baixo calão o profissional, pedindo que seguranças o retirassem do hotel Windsor, na Barra da Tijuca.
Jogadores e funcionários do Flamengo assistiram à cena, intercederam e impediram que o assessor, amigo da maior parte do elenco, fosse colocado para fora do local, causando uma saia justa. O dirigente rubro-negro confirmou a confusão, mas não quis comentar o incidente.
O principal motivo de entrevero entre clubes e os responsáveis pela imagem de atletas passa pelo ‘vazamento’ de informações para a imprensa. Como estão em contato diário e criam vínculos com os jogadores, e também com os jornalistas, muitos têm acesso em primeira mão a fatos que acabam virando notícia.
Quando chegou ao Vasco, no final do ano passado, o diretor executivo René Simões se reuniu com alguns profissionais do setor para evitar o vazamento de informações. Em encontros a portas fechadas em sua sala, adotou um tom enérgico, ameaçando inclusive só permitir a entrada dos atletas nos treinamentos, como acontece no rival, caso detalhes de negociações não parassem de ser revelados. O dirigente, porém, diz que o problema acontece com a menor parcela dos assessores.
“Antigamente, colocávamos um jogador no banco para ele refletir, e hoje em dia isso não funciona assim. Quando o treinador faz isso, alguns assessores colocam nota na imprensa dizendo que ele está sendo pretendido por outro clube. Para o jogador não se preocupar porque outro clube pagará mais. As coisas mudaram e a gente tem que evoluir junto. Convivemos com isso, mas deveríamos pensar um pouco mais no que temos feito.  Mas é claro que temos excelentes assessores de imprensa, agentes”, disse Rene Simões.
Tranquilidade em Flu e Botafogo
Se o Flamengo impede a entrada dos assessores e o Vasco adota linha dura, no Botafogo e no Fluminense, a relação é de tranquilidade. A presença de assessores nos dois clubes é liberada nos treinamentos e eventos dos clubes, apesar da limitação de algumas áreas nas quais os profissionais não têm acesso. As matérias especiais também precisam ser aprovadas pelas assessorias dos clubes, o que também ocorre em Flamengo e Vasco.
Coordenador da SMG, uma das maiores empresas de assessoria do país, Márcio Ribeiro entende que muitos conflitos acontecem pelo setor ser relativamente novo no Brasil. Ele também acredita que algumas ferramentas, como a graduação na área, são necessárias para que o setor tenha profissionais qualificados.
“Aqui, o mercado ainda é relativamente novo, então muitas pessoas enxergam um filão comercial e entram no setor, mas sem se preparar adequadamente. É a mesma coisa que um jornalista querer escrever uma petição judicial, não tem a mesma base técnica de um advogado. Acredito que é a formação em jornalismo dá uma visão de mundo e estratégia, mas isso é só um dos elementos importantes”, disse Márcio Ribeiro, que completou.
“É preciso entender a importância e o peso que uma informação tem. Divulgar algo que não é pertinente ao cliente só vai atrapalhar. Por exemplo, se eu ‘vazo’ a informação da venda de um jogador e a Justiça toma conhecimento da negociação pela imprensa, penhorando aquela verba, funcionários daquele mesmo clube podem ter seus salários atrasados. É preciso respeitar o fluxo de informações”.
De motorista a empresário
Traçar um plano de comunicação, agendar entrevistas e cuidar de situações de crise não são as únicas funções de alguns assessores de imprensa de jogadores de futebol. Muitos, inclusive, deixam o principal em segundo plano para realizar outras tarefas e ‘mimar’ seus clientes. Vale fazer o papel de motorista particular, pagar contas e até organizar eventos. Alguns, pelo longo envolvimento com o meio do futebol, migram para outras áreas, tornam-se empresários de atletas ou até mesmo dirigentes de clubes.
Fonte: UOL

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