Mesmo sem um estádio para mandar seus jogos na cidade do Rio de Janeiro, o Flamengo mantém postura firme na negociação para atuar no Maracanã. O clube tenta condições melhores que as oferecidas pelo consórcio que administrará o estádio, liderado pela construtora Odebrecht. A intenção é que o acordo seja algo próximo ao feito com o Botafogo pelo Engenhão.
O impasse gira em torno do que o Rubro-negro pode arrecadar jogando no Maracanã além da bilheteria. O consórcio ofereceu a renda gerada pelos ingressos vendidos, mas o clube quer parte das receitas dos bares e estacionamento do estádio, além de camarotes. O formato é semelhante ao que o clube tinha no Engenhão, com o qual chegou a firmar acordo até o fim de 2013 antes da interdição por problemas em sua cobertura.
No estádio do Botafogo, o Flamengo pagava um aluguel entre R$ 20 mil e R$ 40 mil, de acordo com o público presente. Em contrapartida, o clube recebia o direito de explorar nove camarotes e o telão do estádio para vídeos institucionais e de seu patrocinador master, além de 50% das receitas provenientes de bares e do estacionamento.
Essas receitas tornariam a utilização do Maracanã mais interessante financeiramente para o Flamengo. A principal exigência do clube é a cessão de camarotes, considerada fonte importante de renda. Na negociação do contrato para a utilização do Engenhão, o ponto foi um dos poucos a gerar impasse. Na ocasião, o Botafogo ofereceu cinco cabines, enquanto o time da Gávea bateu o pé por dez e acabou aceitando os nove propostos posteriormente.
Pelo Maracanã, o Flamengo usa dois fatores importantes a seu favor: o potencial de arrecadação de sua torcida e o contrato assinado entre o consórcio e o Estado do Rio de Janeiro. No compromisso está previsto um prazo de 90 dias para que a Odebrecht consiga oficializar a assiduidade de dois grandes clubes cariocas pelo período total da concessão, de 35 anos. Atualmente, Flamengo e Fluminense são os únicos interessados em algo do tipo.
A longa duração do compromisso, porém, tem provocado cautela na diretoria do Rubro-negro. O clube teme fechar um acordo desvantajoso a longo prazo e onerar seus cofres até 2048. Por isso, tem exigido o máximo de regalias possíveis ao consórcio que administra o Maracanã.
A postura rubro-negra deixa a Odebrecht e suas parceiras na gestão do Maracanã (AEG e IMX) em situação delicada. A aliança já tem negociação avançada com o Fluminense, mas um fracasso das conversas com o Flamengo pode até inviabilizar a concessão conseguida em maio. De acordo com o contrato assinado junto ao Estado, caso o consórcio não cumpra a exigência de acertar com dois grandes clubes cariocas, o segundo lugar no processo de licitação – a união composta por OAS, Stadion Amsterdam e Lagardère Unlimited – deve assumir o estádio.
Fonte: UOL