Eduardo, agora com o Flamengo colocando a casa em ordem, desalavancando o balanço do clube, passando a ter um balanço decente, se o Flamengo fosse uma ação estaria na hora de comprar né? Mas você acha que os clubes brasileiros vão, eventualmente, se tornar empresas e, por exemplo, empresas listadas em bolsa? Ou isso simplesmente não está na cultura?
Flamengo sonha com fundo de investimentos e descarta virar uma Empresa.
Ainda não está na cultura e também isso não passa pelo nosso planejamento. O Flamengo não pretende ser uma sociedade anônima, não pretende ser uma sociedade empresária. O que a gente pretende é que o Flamengo seja administrado com os padrões de governança, de eficiência, de credibilidade de uma excelente sociedade anônima. Mas o Flamengo não vai ser uma sociedade anônima. Tem muita gente que, até pelo fato de o nosso grupo ser formado por pessoas várias que vieram do mercado financeiro, que tem uma experiência na vida empresarial muito grande, muitas pessoas acham erradamente que “esse pessoal veio aí para vender e retalhar o Flamengo”. Nada. Nós somos torcedores. Nós queremos ser campeões do mundo. O que a gente vai fazer é administrar o Flamengo como se ele fosse uma excelente empresa. Agora, não tenho nada contra que outros clubes se organizem sob a forma de sociedade. Na Europa vários clubes, a grande maioria dos clubes hoje se estrutura sob a forma de sociedade anônima. Não são todos. Na Espanha você tem o Barcelona, o Real Madrid, que são clubes tradicionais e o Flamengo pretende ser isso mesmo. Pretende continuar sendo um clube social, esportivo, só que administrado como se fosse uma sociedade anônima.
Já houve tentativas de fundos de private equity de investir em clubes no Brasil, nos anos 90, mas isso não foi muito adiante. (Apesar de não pretender se tornar uma sociedade anônima, é possível para um clube como o Flamengo receber investimento de um fundo de private equity e remunerar esse investimento de alguma forma outra que não, por exemplo, depois abrindo capital?)
Olha, abrir o capital nem pensar porque nós não seríamos sociedade anônima. O que existe é um movimento, por exemplo, de se formar fundos para investir em direitos econômicos de jogadores, por exemplo, de atletas. Não necessariamente seriam fundos. Pode-se começar uma SPE e amanhã, quem sabe, você consegue mobilizar a população de uma maneira tal e consegue ter regras de transparência, de proteção, que você possa até ter um fundo registrado na CVM para esse tipo de finalidade. No momento, o investimento de private equity em clubes de futebol eu não diria que é o melhor momento.
E operações, por exemplo, securitizar fluxos de patrocínio…
Você pode ter um fundo de crédito, por exemplo… pode ter securitização de recebíveis. Isso daí é absolutamente normal e é desejável.
Mas até agora não foi feito, né?
Existe alguma tentativa já nessa área. Nós estamos até trabalhando com algumas ideias nesse sentido e securitização de recebíveis de clube de futebol, de contratos de televisamento, isso já existe, mas eu acho que esse mercado pode se sofisticar um pouco mais e a gente, inclusive, com isso conseguir reduzir o custo da nossa dívida.
Fonte: Info Money
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