Em entrevista à gestora de recursos Rio Bravo, Bandeira de Mello fala sobre o choque de gestão no clube, os cortes de custo e os esforços para aumentar a receita. A ‘revolução capitalista’ é parte de uma tendência entre os clubes brasileiros, que historicamente sofrem de má gestão. Confira abaixo a entrevista com o executivo:
Essa nova diretoria já atraiu dois patrocinadores: a Adidas com R$350 milhões em 10 anos, e a Caixa com R$25 milhões para este ano. Como tem sido o processo de convencimento?
Além disso ainda tem a Peugeot, que anuncia nas costas da camisa e que é um contrato que não é tão grande como esses dois, mas que é expressivo. A gente sente que esse patrocínio está vindo muito… O Flamengo ficou 1 ano e meio, se eu não me engano, sem nenhum patrocínio master, nenhum patrocínio principal na frente da camisa. O que é absolutamente impensável para um clube que tenha a torcida que o Flamengo tem, mas era basicamente uma questão de credibilidade. Quando nós começamos a negociar, não só com patrocinadores, mas qualquer outro tipo de interlocutor, fornecedores, jogadores, a gente viu que a coisa mudou de nível dado que eles começaram a perceber que estavam tratando com pessoas sérias, com pessoas que traziam um background da vida empresarial que assegurava a eles que as coisas seriam tratadas de uma outra maneira.
Vocês têm espaço para mais patrocinadores?
Tem. Nós temos ainda a manga da camisa que está disponível. Temos algumas alternativas que estamos explorando. Temos a barra da camisa e podemos fazer patrocínios pontuais, claro, fora da camisa do Flamengo, mas podemos, por exemplo, agora que nós, depois de muitos anos, conseguimos a emissão de todas as certidões negativas de débito, nós podemos ter acesso a recursos de incentivo fiscal, que são recursos fundamentais para o desenvolvimento do esporte amador. Isso vai nos permitir zerar aquele déficit que eu falei, 17 milhões anuais de esporte amador, de esporte olímpico, e isso daí vai contribuir para que esses esportes possam ser autossustentáveis e parem de sangrar o futebol, que é o trem-pagador, a principal fonte que atrai os recursos para o clube.
Uma iniciativa para aumentar a receita foi o programa “sócio-torcedor”. Explica como funciona.
Esse programa realmente é fantástico, está sendo muito bem sucedido e é através do programa sócio-torcedor que a torcida vai ajudar o Flamengo a se recuperar. No passado a gente ouvia muito a própria imprensa estimulando, dizendo “compre que a torcida garante”, só que a torcida não garantia por falta de credibilidade também. Com o programa sócio-torcedor é a maneira de a torcida jogar. É a forma com que a torcida pode empregar seu recurso para reforçar o time de futebol e pode ter certeza de que esse recurso vai ser investido dentro das melhores práticas. Nós temos hoje já 25 mil sócio-torcedores cadastrados, pagantes, o que nos dá uma receita superior até ao patrocínio da Peugeot. Só com esses 25 mil sócio-torcedores a gente já tem alguma coisa em torno de 12 milhões/ano de receita garantida.
13. Quanto é a mensalidade?
São 6 faixas. A mais barata começa com R$ 39 e vai até R$ 199. O nosso ticket médio está em torno de R$ 50. Agora, se nós conseguirmos, por exemplo, 100 mil ou 200 mil sócio-torcedores o programa sócio-torcedor, que se chama programa Nação Rubro-Negra, vai ser a principal fonte de recurso do Flamengo. Vai ser maior do que a Caixa Econômica, maior do que a Adidas e vai ser a grande fonte de recursos, aquilo que vai efetivamente garantir a nossa recuperação econômico-financeira e o nosso poderio na área esportiva.
Fonte: Info Money