Dos R$ 2.266.070 arrecadados no 1 a 0 sobre o Cruzeiro, o Flamengo teve direito a R$ 734.623,15. Com a penhora de R$ 110.193,47, foram para os cofres do clube R$ 624.429,68. O boletim financeiro da partida mostra o mesmo valor destinado aos rubro-negros entre os descontos. Exatos R$ 734.623,15 aparecem no borderô como “aluguel do estádio”. Esta é a fatia do consórcio que ficou com o “New Maracanã”. Há ainda R$ 380 mil de “custo operacional”, com o total de despesas alcançando R$ 1.504.802,49.
Isso significa que os novos donos do “Maraca” ficaram com o mesmo percentual destinado ao Flamengo, 32,4% do valor bruto. A parte dos rubro-negros caiu para 27,55% devido às penhoras. Sabe-se que o clube tem despesas para montar e manter seu elenco e, claro, foi o responsável pela presença de 53.538 pessoas. E quanto ao consórcio, que custos teve até aqui? Quem pagou a reconstrução do Maracanã foi o contribuinte, afinal. Qual a explicação lógica para que R$ 734.623,15 fiquem com quem não comprou um tijolo na reforma e não consegue atrair um torcedor sequer?
Embora a química entre time e torcida tenha sido intensa na quarta-feira, bastam rápidas contas para se entender o motivo pelo qual o clube deverá atuar mais vezes em Brasília. Uma pequena comparação: quando empatou com o Coritiba o Flamengo teve a ele destinados R$ 1.370.282,55, fora as penhoras de hábito. Isso representou 50,65% dos R$ 2.705.050 deixados nas bilheterias por 55.110 torcedores. Resumindo: quando joga No Distrito Federal, o Flamengo fica com aproximadamente R$ 50 de cada R$ 100 arrecadados. No “New Maracanã” são R$ 32 a cada centena de reais.
Tudo isso gera uma enorme insatisfação, e entre os dirigentes rubro-negros a idéia geral é de que o consórcio não quer negociar, não aceita reduzir custo operacional, não abre mão dos 50% da receita, não permite que o Flamengo faça como em Brasília. No Mané Garrincha, o clube pode estabelecer o preço dos ingressos, colocar à venda, controlar a bilheteria. Isso representa cerca de 8% do faturamento de um jogo, calculam os flamenguistas, que se estruturaram para isso e até já prestaram tal serviço de bilhetagem outros clubes por meio da Fla Tickets.
No Maracanã, o jogo contra o Botafogo atraiu 52.361 pessoas e diante do Cruzeiro foram 53.538. Apesar da diferença pequena, gente que esteve nos dois jogos teve a sensação de que a casa estava bem mais cheia no duelo contra o time mineiro. Será? O Flamengo não tem poder algum quanto à entrada de pessoas no estádio. Se houver, digamos, alguma falha que proporcione o ingresso de mais torcedores sem pagar, como se tivessem direito à gratuidade, por exemplo, o clube nada poderá fazer porque esse controle não lhe cabe.
Da renda de R$ 2,2 milhões no jogo contra o Cruzeiro, no final o Flamengo dividiu cerca de R$ 1,4 milhão com o consórcio. Em Brasília clube embolsaria R$ 1,1 milhão sozinho. Uma diferença próxima a R$ 370 mil. Por tudo isso o rubro-negro que vive no Rio de Janeiro poderá ser privado de ver o Flamengo em ação mais vezes. As condições para atuar no “New Maracanan” são absurdas. O clube tem um sócio que não é capaz de produzir conteúdo, de atrair um torcedor sequer, mas leva metade do bolo. Sempre. A queda de braço foi estabelecida. Quem vencerá?
Maracanã x Mané Garrincha
Quanto o Fla ganha mais no DF (em R$):
A cada 100 mais 18
A cada 1.000 mais 180
A cada 10 mil mais 1.800
A cada 100 mil mais 18 mil
A cada 1 milhão mais 180 mil
Fonte: ESPN