Quando um time é inferior, menos organizado, menos técnico, mais fraco, lhe restam algumas alternativas para superar o adversário superior. Pode contar com o apoio da torcida, com uma vontade maior de ganhar, com o imponderável. O Flamengo botou todos esses elementos em campo para poder bater o Cruzeiro na Copa do Brasil, e avançar às quartas-de-final.
Havia ainda mais um ponto em favor do time rubro-negro no campo: Elias. Quase fora da partida, escalado de última hora, foi também a poucos minutos do final que marcou o gol derradeiro que deu a classificação ao Flamengo.
Elias representa o grito de mais de 50 mil torcedores que foram ao Maracanã para cantar pelo time. Foram eles que transformaram o jogo, no início, em uma partida favorável ao time carioca desde o início.
Mais ofensivo, o Flamengo tentava atacar embora lhe faltasse alternativas para ameaçar de fato o Cruzeiro nos primeiro minutos. Havia, sim, a bola rondando sempre a área do time mineiro. Fábio, no entanto, não se viu em perigo.
A equipe azul já ensaiava a postura que lhe seria característica durante a maior parte da partida: optou por se defender. Fora um pequeno período no primeiro tempo, a equipe, inexplicavelmente para uma formação superior, se encolheu à espera do empate que lhe daria a vaga. Só chegou perto do gol, neste tempo, em dois lances, um deles com boa defesa de Felipe.
O problema, para os cruzeirenses, é que o Flamengo encontrou uma forma de pressionar o adversário no segundo tempo. Empurrado o tempo inteiro por sua torcida, que não se impacientou nem com os limites do time, passou a alternar diversas bolas pelos lados do campo, trocas de passes mais rápidas, e vontade, muita vontade.
Martelou enquanto teve pernas, com exceção do sempre dorminhoco Carlos Eduardo. Os outros ocupavam mais posições do que seria necessário, corriam como se não houvesse amanhã, meio anestesiados pelo clima que contagiou o estádio.
O Cruzeiro, diga-se a verdade, acovardou-se. Fora um lance de Vinícius na cara do gol, nada fez de ofensivo no segundo tempo. Por isso, foi punido. Foi punido quando o cruzamento rasteiro de Paulinho parou no pé de Elias para que ele batesse colocado. Elias, o profeta, cumpria o destino que lhe selou o grito de 50 mil pessoas.
Fonte: Blog do Rodrigo Mattos