Se a bola do time de Mano Menezes está longe de ser redonda, a contabilidade de uma contratação feita em janeiro rola também sem precisão. O Jogo Extra apurou que, na transferência de Gabriel, o Bahia recebeu menos do que o valor pago pelo Flamengo. Uma diferença de R$ 485.451,81.
O Ministério Público Federal (MPF) já havia instaurado um inquérito para investigar junto ao Bahia a venda do apoiador. E, em busca de indícios de crimes contra o sistema financeiro, está inclinado a incluir também o Flamengo na sua investigação. Por contrato, o clube carioca pagaria 2,2 milhões de euros por 50% dos direitos econômicos de Gabriel.
O Flamengo pagou a primeira parcela no dia 11 de janeiro, no valor de 500 mil euros (R$ 1.370.000,00 pelo câmbio da época). E teria de pagar o saldo restante em quatro prestações, a última delas no dia 30 de abril do ano que vem.
Mas o Bahia fez uma antecipação do valor que teria a receber, numa espécie de empréstimo junto à Polo Capital Consultoria Empresarial Ltda, no dia 6 de fevereiro, quando recebeu R$ 3.765.300,00, pagando mais de R$ 800 mil em juros. O Jogo Extra descobriu que, numa coincidência que intriga o Ministério Público, no mesmo dia o Flamengo decidiu antecipar também o pagamento de todo o saldo devedor e destinou à Polo R$ 4.250.751,81.
Causa estranheza ao MP a coincidência de datas porque o Bahia recorreu a um intermediário, pagando juros, quando poderia ter recebido diretamente do Flamengo.
Presidente do Bahia àquela época, Marcelo Guimarães, destituído por irregularidades na eleição, garantiu não saber que o Flamengo havia feito o pagamento no dia 6 de fevereiro:
— Estou sabendo disso por você. Tem que esclarecer com o Flamengo. Então, era melhor que o pagamento fosse feito diretamente ao Bahia, que estava precisando mais do que a Polo, não?
O Flamengo tratou o caso como uma coincidência:
— A Polo Capital comprou o crédito do Bahia e revendeu-o ao Flamengo. Bahia e Flamengo não se comunicaram. Tratou-se de uma operação bancária — explicou a assessoria de imprensa do Flamengo, por e-mail.
Pontos a serem esclarecidos
Coincidência
Bahia e Flamengo recorreram à Polo Capital no mesmo dia (6 de fevereiro). O Bahia, para receber antecipado o valor devido pelo clube carioca. E, o Flamengo, para zerar toda a sua dívida. Usando o intermediário na operação, o Bahia pagou R$ 806.850,00 em juros.
Bom pagador
O Flamengo fez questão de pagar em 6 de fevereiro uma dívida que por contrato seria diluída até 30 de abril de 2014.
Abatimento
O Bahia recebeu R$ 5.135.300,00 na transação. O Flamengo gastou R$ 5.620.751,81. O Flamengo teve direito a algum abatimento por ter feito o pagamento em duas parcelas, quando o combinado era pagar em cinco? A assessoria de imprensa do Flamengo não conseguiu junto aos departamentos jurídico e financeiro uma resposta para tal pergunta.
Fonte: Extra Globo