Os novos contratos de TV assinados pelos clubes brasileiros em 2011 e a consequente concentração de renda entre Corinthians e Flamengo, donos dos maiores contratos com a Rede Globo, ainda não refletem nos resultados de campo e não devem ter este efeito em um bom tempo.
O consultor de marketing e gestão esportiva, Amir Somoggi, lançou estudo em que toma por base o que acontece na Espanha com a disparidade entre Barcelona e Real Madrid para os outros 18 times da primeira divisão para rechaçar a possibilidade de haver uma “espanholização” do futebol brasileiro. Os números são de 2012, já que os dados de 2013 ainda são insuficientes
A participação do faturamento conjunto de Barcelona e Real Madrid na Liga Espanhola era de 37% em 2003. Agora, com números consolidados de 2012, o total gerado pela dupla em comparação aos 20 clubes é de 56%. Na Alemanha, Bayern e Dortmund somam 30%. Na Inglaterra, Milan e Juventus têm 27% da fatia e na Inglaterra, Manchester United e Chelsea ficam com 25%. No Brasil, Corinthians e Flamengo representam 20%.
O caso do Brasil é único por ter muitos clubes com venda de jogadores como a principal fonte de receita. “Há clubes muito fortes na base como o São Paulo e o Internacional. Se ele formam muitos jogadores e vendem por valores altos, não tem como eles ficarem atrás de clubes com mais receitas de patrocínio, como o Corinthians, mas que vendem menos atletas”, pondera Somoggi.
A realidade é bem diferente das receitas dos clubes espanhóis que mais recebem da TV e de patrocinadores como o Valência, Atlético de Madri, Athletic Bilbao, Villarreal e Sevilla em comparação com Real Madrid e Barcelona e seu impacto na diferença nos gastos salariais. “O Inter, só com sócios, fatura R$ 46 milhões por ano. O Sevilla nunca vai conseguir isso”, avalia Somoggi.
Para que Corinthians e Flamengo apresentem o mesmo índice de concentração de Real Madrid e Barcelona em 2012, cada um teria que gerar mais de R$ 800 milhões em receitas. Hoje, a soma dos dois brasileiros é de R$ 571 milhões.
Os números de 2013 só poderão ser conhecidos no final de abril (dependendo da divulgação dos clubes). Para Somoggi, a consolidação desses cálculos dos contratos de TV dos principais clubes vai permitir projetar quais deles vão se destacar nos próximos anos. “Acho que 2013 será o ano da verdade. O ano de 2012 foi fortemente impactado pelas receitas das luvas do contrato da TV. Em 2013 os valores não terão as luvas e será possível verificar a diferença entre os clubes brasileiros e ter a exata noção dessa distribução para efetivamente apontar cinco grandes forças financeiras”, avalia.
Dessa forma, a liga brasileira estaria mais parecida, do ponto de equilíbrio entre os clubes, à Premier League. Manchester United, Chelsea, Arsenal e Liverpool controlaram as primeiras posições nas últimas décadas. Agora ganham a companhia do Manchester City e do Tottenham.
Fonte: IG