Esse é o Flamengo?

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Há pouquíssimo tempo, ser Flamengo era quase como viver um dilema: Ao mesmo tempo em que nos acostumamos a somar vitórias e títulos nos gramados e quadras, o que nos trazia orgulho e uma certa soberba, nos envergonhávamos com questões alheias à esfera desportiva, mas muito presentes em nosso clube.
Não foram poucos os casos que trouxeram um gosto amargo para a boca de cada rubro-negro. Alguns atingiram a honra do torcedor. Tivemos inúmeras ações judiciais perdidas, inúmeros processos trabalhistas sofridos, atletas que achincalharam o clube, casos de jogadores bêbados, de jogadores envolvidos com o tráfico e até com assassinato.
A postura das diretorias passadas era de complacência (para não dizer conivência) com tudo que acontecia. Parecia que a felicidade gerada pelas vitórias e pelos títulos era capaz de apagar tudo de podre que ocorria nos bastidores. A torcida, em sua maioria, ficava apartada dos problemas e só tomava conhecimento do que explodia nas mídias esportivas. E a torcida organizada, que talvez tivesse maior força para cobrar melhoras, muitas vezes era “calada” por ingressos, viagens e financiamentos. Esse era o Flamengo.
Esse Flamengo era devedor, era distratado em negociações à prazo, era ignorado como força econômica e era um potencial desperdiçado. Essa era a foto do Flamengo: Um gigante errante, um time de glórias desportivas encalacrado com a fama de desorganizado e caloteiro. E o mais incrível de tudo: Todos nós, com pouquíssimas exceções, nos acostumamos a ser assim.
De repente, chega a mudança. Uma nova diretoria assume o comando e a principal promessa não era um craque caríssimo e sim um ordenamento financeiro e moral nunca antes testado. É claro que, além dos cofres combalidos e da dificuldade em qualquer tipo de negociação, a diretoria enfrentaria oposição e problemas diversos. A grande surpresa, pelo menos para mim, é a forma com que essa diretoria encara essas batalhas.
Essa semana foi recheada de fatos que nos fazem perceber uma mudança não apenas de estrutura e financeira, mas de cultura. Na justiça, vencemos pela quinta vez uma batalha judicial trabalhista. Alguém lembra qual foi, antes da ação do Luiz Antônio, a última vitória rubro-negra nos tribunais? Até o dinheiro do Rodrigo Mendes parece que nunca vai chegar. Mas tenho certeza que todos se lembram da facilidade de como o Ronaldinho saiu do Flamengo.
Outro fato relevante e ao mesmo tempo incrível é a questão dos valores dos ingressos no Carioca. Estão caros, sim, mas os borderôs comprovam como cada partida do campeonato é prejudicial ao já destruído cofre rubro-negro. As organizadas protestam desde o primeiro jogo, por preços mais baratos. E, na mesma semana que corintianos invadem CT em São Paulo, nosso presidente, após ser xingado em um jogo de basquete, vai até a torcida explicar calma e educadamente o motivo dos ingressos estarem mais caros.
Se somarmos a esses fatos o posicionamento frente ao Ministério Público no caso do rebaixamento do Brasileirão de 2013, encontramos um Flamengo novo e transparente. O nosso presidente se compromete publicamente a auxiliar o MP em qualquer necessidade, sem nenhum tipo de temor, enquanto outros dirigentes tentam afastar suspeitas que recaem em seus clubes através de acusações indiretas (bem diretas, diga-se de passagem) a terceiros, acusações estas no mínimo não confirmadas.
Confesso que não estou acostumado com esse novo Flamengo. Acreditava em uma melhora com a nova diretoria, mas tudo tem sido melhor do que eu esperava. Na verdade, essa nova diretriz, independente dos possíveis erros que podem e vão ser cometidos pelo caminho, é a que sempre sonhei para o meu clube de coração.
Espero que tudo isso não seja passageiro, que tenha chegado para ficar. Seremos fortes dentro e fora de campo. Seremos o Flamengo do orgulho e apagaremos de nossas bocas qualquer amargor de tempos passados.
Fonte: Falando de Flamengo
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