Hernane parece ser condenado a conviver com a desconfiança.

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Hernane fartou-se de fazer gols em 2013. E mesmo assim, a contratação de um atacante foi obsessão do Flamengo enquanto o mercado esteve aberto. E foi prioridade neste 2014, quando chegou Alecsandro. Por que?
Porque a única certeza na vida de um centroavante, de qualquer centroavante, é a de que haverá os tais momentos em que “a bola não entra”. E nestas horas, quando a sorte ou a pontaria fugirem, haverá os atacantes que vão se sustentar na qualidade técnica, na contribuição fora da área, nas tais funções táticas, “jogando para o time”, como costumam dizer.
Mas Hernane não pertence a este grupo. O Flamengo se via diante de um atacante de 27 anos, com um currículo de clubes pouco expressivos e, até então, com o ótimo Campeonato Paulista de 2012 como única referência. Ou seja, era lógico prever, ou temer, que em algum momento, a bola parasse de entrar. E quando parasse, em que Hernane iria se sustentar?
Desde sempre, ficara claro que Hernane pertence à classe de centroavantes que nunca jogará bem ou mal. Fará gol ou não. Salvo empurrar a bola para a rede, o restante do repertório é limitado, o trato com a bola também. Se fizer gol, Hernane terá jogado bem. Se fizer muitos gols, terá jogado muitíssimo bem. Se não fizer, terá ido muito mal.
Pois a tarde deste domingo, em Volta Redonda, acalmou, ao menos momentaneamente, quem achava que tinha terminado um tal encanto em torno de Hernane, uma suposta magia que o fazia marcar gols a torto e a direito. Ao que tudo indica, não chegou a tal fase em que a bola “não quer entrar”. Hernane fez quatro gols. Ofereceu ao Flamengo o que tem. Posicionamento, frieza e uma finalização que vem, há alguns meses, acertando o alvo com uma frequência que supera a estatística de muito atacante de nome. Convenhamos, não é pouco. Não é nada desprezível, bem longe disso. Não tinha feito gol em 2014. Fez quatro de uma vez.
Mas por que Hernane, com seus quatro gols, acalma os questionamentos não mais do que momentaneamente? Porque parece ser destes jogadores condenados a conviver, eternamente, com a desconfiança. Pela trajetória, pela falta de refinamento, de classe. Mas, no Flamengo, os números são seus aliados. Tem sido mais fácil ver sua bola entrar do que “não querer entrar”.  Então, que o Flamengo celebre Hernane. Claro, ao menos por enquanto. Estabilidade não combina com vida de centroavante.
Fonte: Blog do Mansur
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