O campeonato estadual do Rio de Janeiro de 2014 está deixando seu maior legado para os fãs do esporte mais popular do Brasil: a evidência de um formato falido, monótono e irritante de competição entre clubes de futebol.
Ontem, num Maracanã lotado de cadeiras vazias, aconteceu o primeiro de dois jogos de uma final que, observando-se o interesse do público, não deve ser lembrada como sempre foi o outrora tradicional e emocionante Clássico dos Milhões.
A fórmula da disputa foi alterada por causa da Copa do Mundo e chamou a atenção menos para os campos e mais para a incompetência dos que loteiam há décadas a Federação Carioca de Futebol. Regulamento confuso, campos em péssimo estado de conservação, horários de jogos absurdos e nível técnico dos piores já vistos.
No quadrangular final, o Flamengo, que chegou a jogar com seu terceiro time, entrou com vantagem devida à sua acachapante superioridade após a disputa por pontos corridos. Campeão com duas rodadas de antecedência, num jogo assistido por menos de cinco mil pessoas e sem volta olímpica, ganhou a companhia de três outros times: um da série D e dois da série B nacional, apesar de um deles sempre encontrar um jeito de permanecer na elite.
O primeiro jogo decisivo contra o freguês de longa data não podia ser pior. Se faltou técnica, sobraram puxões, dedos em riste, ofensas, cartões e no final, o resultado mais justo para uma disputa do nível que foi. De um lado, o vice eterno se despedindo de um semestre onde ainda pode se sentir como time de primeira, lutando pela quarta vitória nos últimos vinte e um jogos contra o Flamengo. Do outro, o rubro-negro com a cabeça, a alma e os pés no futuro, mais especificamente na quarta-feira quando fará o jogo do ano contra o mexicano León. A torcida não se atreveu a comparecer, talvez usando a lógica para entender que entre um espetáculo monótono e repetitivo, cujo final já conhece e outro muito mais atraente e emocionante, é preferível esperar e pagar pelo segundo.
O que fica óbvio, pelo menos para mim, é que algo precisa mudar. É importante que o futebol se livre das múmias que enriquecem há anos às custas de uma paixão nacional. Que acompanhe a tendência sem volta que vem levando os clubes a modernizarem suas gestões para participar do extremamente lucrativo negócio que este esporte maravilhoso é capaz de proporcionar.
Aproximamo-nos do segundo semestre, quando, enfim, teremos a oportunidade de assistir a grandes jogos de futebol. Quando as competições nacionais e as finais da Libertadores fazem valer a atenção oferecida pelos torcedores. Espero, com a fé e a esperança que sempre me acompanharam, não precisar, no início de 2015, dedicar duas horas de cada final de semana para ver o meu Flamengo tropeçando nos buracos do gramado queimado de Bangu ou Madureira. Pelo fim do campeonato estadual e o retorno do Torneio Rio-São Paulo.
Alguém discorda?
Saudações Rubro-Negras.
FLAVIEW